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Há mudanças no recinto e nos acessos para o Rock in Rio Lisboa

Após um arranque com dificuldades várias, o Parque Tejo e a estratégia para a mobilidade sofreram reajustes para o segundo fim-de-semana do festival.

Hugo Torres
Escrito por
Hugo Torres
Director-adjunto, Time Out Portugal
Rock in Rio Lisboa 2024
Hugo Moreira/Rock in Rio Lisboa
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A mudança da Bela Vista para o Parque Tejo não foi suave. No primeiro dos dois fins-de-semana do Rock in Rio Lisboa, multiplicaram-se as reclamações: problemas com bilhetes, disposição do recinto, sobrelotação, filas (em particular para as casas de banho), falta de sombras, pó, má qualidade do som, alimentação. O Portal das Queixas registou um aumento de 97% face à edição anterior do festival, em 2022. Embora a organização tenha sublinhado que estas queixas representam uma ínfima parte das 160 mil entradas que esgotaram as datas de 15 e 16 Junho (0,08%), divulgando ainda um inquérito realizado pela Multidados cujo resultado apresenta cerca de 70% de opiniões positivas sobre a mudança, o facto é que não faltava quem suspirasse no local pela Bela Vista, nem quem chorasse o preço do bilhete enquanto se movia muito lentamente no meio da multidão.

80 mil pessoas por dia é muita gente. E pelo menos para domingo, 23, derradeiro dia do festival, em que actuam Doja Cat, Camila Cabello ou Ne-Yo, esperam-se outras tantas. Para sábado, 22, ainda há bilhetes para ver Jonas Brothers, James ou a incontornável Ivete Sangalo. Por outro lado, sábado é também o dia do concerto de estreia de Olivia Rodrigo em Lisboa. Onde? Na Meo Arena. Portanto, não vão faltar pessoas a acorrer ao Oriente.

O fluxo de pessoas foi tão grande no fim-de-semana passado que, a certa altura, a fila para shuttles de ligação entre a Gare do Oriente e o Parque Tejo era um novelo que dava duas voltas à estação. Já o trânsito, entre carros particulares, táxis e TVDE, movia-se tão lentamente que quem optava por seguir a pé avançava mais depressa. O regresso não seria mais célere, dificultado por condutores de TVDE e taxistas a trabalhar à margem da lei, solicitando clientes para viagens “sem aplicação” e “sem taxímetro”, respectivamente.

A mobilidade foi um problema. Por isso, a estratégia foi reajustada. O metro, por exemplo, vai voltar a funcionar até às 2.30. E esta hora e meia extra de circulação aplica-se a duas linhas, não só a uma: além da Vermelha, também a Verde ficará aberta até mais tarde. Há também a promessa de que o número de shuttles será reforçado, tal como se tentará assegurar que estes autocarros façam o seu percurso de forma mais célere. Desde logo com mais condicionamentos ao trânsito, para impedir o acesso à zona do Parque Tejo.

Alterações ao trânsito

A organização informa que serão implementadas “fortes restrições à circulação de entrada na zona Norte da freguesia do Parque das Nações, designadamente nas artérias adjacentes ao Parque Tejo”. Este condicionamento abarcará o IC2 no acesso à Rotunda da República da Colômbia; a Rotunda da Avenida Dom João II com a Avenida da Peregrinação; a Praça do Venturoso; a Rotunda dos Vice-Reis; as vias junto à Gare do Oriente, incluindo a rotunda da Avenida Aquilino Ribeiro Machado com Avenida do Índico e a rotunda da Avenida de Berlim com Avenida do Pacífico; e o Eixo Central da Avenida Dom João II entre a Gare do Oriente e a Rotunda da República da Colômbia, em ambos os sentidos.

“Mantêm-se as restrições anteriormente implementadas na Via do Oriente, Passeio dos Heróis do Mar e rotunda entre a Rua Domingos José de Morais com a Rua Roald Amundsen e Rua da Cotovia (sob o viaduto IC2)”, sublinha a organização em comunicado.

Para quem chegar de TVDE, passa a haver um “ponto preferencial para tomada e largada de passageiros”, “devidamente coordenado pela entidade policial presente no local”: no acesso à ponte ciclopedonal sobre o rio Trancão, já em Loures (município onde também haverá constrangimentos ao trânsito nas ligações da Estrada Nacional 10 com a Rua Domingos José Morais e a Rua Fábrica da Loiça de Sacavém). Os TVDE não podem aceder à zona envolvente ao recinto. Como, de resto, acontece com bicicletas e trotinetes de serviços partilhados. As estações GIRA mais próximas estarão desactivadas.

Recordando que a estação ferroviária de Sacavém é uma alternativa a sair na Gare do Oriente e a recorrer ao shuttle (cujo bilhete precisa de ser comprado antecipadamente na aplicação do festival), fazendo o resto do percurso a pé, a organização do Rock do Rio Lisboa recomenda que se evite a circulação nas imediações do Parque Tejo e chama a atenção para o estacionamento ilegal. “Para que o trânsito possa fluir da melhor forma, é essencial a colaboração de todos para que seja evitado o estacionamento irregular nas imediações do Parque Tejo, sob risco de multa e reboque”, lê-se em comunicado. “Caso necessite de utilizar veículo automóvel, privilegie os parques de estacionamento público”.

Melhorias no recinto

No final dos concertos do primeiro fim-de-semana, sair do Parque Tejo também foi uma questão. O modelo de gestão das filas à saída gerou alguma incompreensão. A organização explica: “Para evitar o acumular de pessoas na hora de maior fluxo de saída do recinto, foi posta em prática uma operação Stop & Go, que consiste em gerir o avanço das pessoas na fila com paragens regulares, para que o escoamento seja feito mais lentamente e maior segurança do público e também evitando assim um aglomerado de milhares de pessoas no trânsito ao mesmo tempo”. “Desta forma”, continua a organização, “conseguem salvaguardar-se questões prementes como a segurança – ao reduzir o risco de acidentes e permitir controlar o número de pessoas em áreas específicas –, a eficiência – por permitir que as pessoas possam movimentar-se com mais facilidade do que numa multidão sem controlo – e a satisfação do público – a operação Stop & Go é uma ferramenta essencial para a gestão eficiente e segura de eventos de grandes dimensões como o Rock in Rio”.

Rock in Rio Lisboa 2024
Luca Coelho/Rock in Rio Lisboa

A organização acredita que uma comunicação mais eficaz pode ajudar a debelar eventuais descontentamentos e queixas. Para isso, criou um canal no Whatsapp para partilhar informação em tempo real antes e durante o festival: “As pessoas vão ser avisadas sobre informações como filas, espaços de alimentação com menos fila, WCs disponíveis com menos afluência, avisos de concertos quase a começar, entre outros”.

Não é a única diferença do primeiro para o segundo fim-de-semana. O número de casas de banho disponíveis subiu 40%, de acordo com a organização, para um total de 490. No que toca a alimentação e bebidas, “haverá reforço de stock, de pessoal, e equipa de staff com megafones a orientar as pessoas para as zonas de alimentação com menos movimento”. Já para reduzir o pó no ar, foram instalados “cerca de 15.000m2 de relva sintética e 18.000m2 de piso compactado removível nas frentes de palco e em zonas específicas do terreno”.

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