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Há um novo clube de leitura queer na cidade

Escrito por
Clara Silva
Valsa
©Manuel MansoValsa
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A partir desta semana, a cidade ganha um clube de leitura queer. Os encontros são no Valsa e, para já, acontecem uma vez por mês. Falámos com a organizadora, do colectivo Queer As Fuck.

Raquel Smith-Cave, licenciada em Literatura Inglesa e com “demasiados livros em casa”, conta, pensou que estava na altura de criar o primeiro queer book club da cidade. Já estava à frente do colectivo Queer As Fuck – “que não era bem um colectivo, era praticamente só eu”, diz –, conhecido pelos seus quiz temáticos, por exemplo, à volta do universo L Word. Também fez parte da organização do Festival Feminista de Lisboa, já coordenou um ciclo de cinema queer e trouxe à cidade experiências tão novas como um workshop de drag king (o inverso de drag queen).

Agora, quer tornar as literaturas mais arco-íris com este clube de leitura queer que começa na quarta-feira no Valsa. “A cultura queer é extremamente rica mas muito pouco acessível para tantos de nós, pois crescemos e vivemos numa sociedade heteronormativa, patriacal, racista e classista”, diz. “Por isso, este primeiro evento será uma experiência para construirmos aquilo que achamos ser mais urgente e fazermos de um clube de leituras queer aquilo que nós queremos, moldando as regras para atenderem as nossas necessidades e disponibilidades.”

O objectivo do clube é analisar “livros, poemas, artigos, histórias, zines, revistas, BD e letras de músicas” com temática LGBT+ ou escritos por pessoas queer nacionais e internacionais.

“As pessoas perguntavam-me muito o que andava a ler e comecei a pensar em criar um clube de leitura queer. Sei que há alguns clubes feministas e de mulheres, mas um queer ainda não tinha visto e achei que seria importante”, explica. Um clube dinâmico que não se fique apenas pela leitura de um livro mensal. “Uma coisa mais teatral. Pensámos que seria bom declamar alguns textos e que as pessoas também trouxessem os seus textos para partilhar”, diz Raquel. “O primeiro encontro será uma experiência, para ver o que será melhor para todos.”

A ideia a longo prazo é também ter uma biblioteca para poder trocar livros entre os membros do clube, já que não há assim tanta literatura queer disponível por cá. “Gostamos de saber do que é que as pessoas acham mais urgente falar.”

Por enquanto não há livro do mês. “Há dois ou três textos que vou pôr no evento de Facebook para falarmos, por exemplo o da Zoe Leonard, de 1992, I Want A Dyke For President, um dos meus favoritos e um dos mais falados quando se trata de literatura queer”, conta. “Vamos ler também um excerto do manifesto do Queer Nation, um movimento a lutar contra o estigma da sida da década de 90.”

Encontrar livros e textos sobre a temática em português é sempre o mais difícil. “Vamos tentar pelo menos traduzi-los [durante o clube de leitura] para ser mais fácil para toda a gente perceber o que vamos ler.”

Por enquanto, o clube funcionará apenas de mês a mês, mas tudo depende da dinâmica. “O importante é juntarmo-nos e falar sobre estas coisas e partilhar ideias. Isso já vai ser um passo muito grande.”

Qua 19.30-22.30, no Valsa. Rua da Penha de França, 270 (Penha de França). Grátis.

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