[title]
Está marcada para dia 20 de Setembro a tão esperada reabertura do Centro de Arte Moderna (CAM) da Fundação Calouste Gulbenkian. Após quatro anos de profundas remodelações, segundo o comunicado enviado esta quinta-feira, o edifício surge agora transformado à luz do projecto do arquitecto japonês Kengo Kuma, emoldurado por um jardim aberto à cidade, redesenhado pelo paisagista Vladimir Djurovic.
Destinado a albergar a colecção da Gulbenkian de arte moderna e contemporânea portuguesa, além de obras de artistas internacionais (quase 12 mil obras de arte no total), o novo edifício surge inspirado na arquitectura tradicional japonesa, mais especificamente no conceito de engawa, "espaço de interacção entre interior e exterior."
Na extremidade sul do recinto da fundação – que cresceu dois hectares para dar lugar à mais recente empreitada –, encontra-se o novo edifício, reimaginado a partir do volume de betão, projectado por Leslie Martin e originalmente inaugurado em 1983. Existirá agora uma pala de 100 metros de comprimento, com uma cobertura de telhas de cerâmica brancas, idealizada por Kuma. Através de um átrio transparente, o arquitecto japonês ligou os dois jardins – o novo e o de sempre.
“Criámos uma fusão perfeita, onde a arquitectura e o jardim dialogam em harmonia. Inspirados pela essência do engawa, abrimos uma nova relação com o exterior, convidando os visitantes a abrandar e a fazer deste espaço o seu próprio espaço. A ideia de suavidade e transição estende-se ao interior do CAM, onde desenhámos novos espaços, replicando a ligação do edifício ao jardim e à luz exterior", refere Kengo Kuma no comunicado.
O Jardim Gulbenkian foi também ele uma inspiração para Djurovic na hora de conceber o novo Jardim Sul. O paisagista partiu do projecto de Gonçalo Ribeiro Telles e António Viana Barreto para reflorestar esta nova área, aberta à cidade, recorrendo a vegetação autóctone.
O novo Centro de Arte Moderna Gulbenkian terá entrada pela Rua Marquês da Fronteira. No interior, haverá uma nova galeria de mil metros quadrados, destinada a acolher exposições da colecção permanente. Ao lado, ficará a Sala de Desenho, espaço reservado à apresentação de obras sobre papel.
Programa de festas
Com reabertura a 20 de Setembro, antecipa-se também a programação que marcará a devolução deste equipamento cultural à cidade. A Galeria Principal será ocupada por Leonor Antunes, artista portuguesa radicada em Berlim. De acordo com o CAM, trata-se de uma instalação imersiva que responde à especificidade arquitectónica do edifício. A mesma exposição – "ambiciosa" – incluirá obras de artistas mulheres da colecção do CAM, escolhidas pela autora. No futuro, o centro pretende continuar a convidar artistas a fazerem a curadoria das obras do seu próprio acervo.
"Queremos ser um interface entre os projectos artísticos mais ousados e um público diversificado. Sendo os jardins da Fundação Calouste Gulbenkian um local muito procurado, concebemos o CAM como um lugar aonde as pessoas podem regressar vezes sem conta e incluir a experiência da arte na sua rotina, como fazem com um passeio no parque. Ofereceremos a todos a oportunidade de fazer uma visita curta ou desfrutar de uma experiência mais prolongada", afirmou Benjamin Weil, director do centro em comunicado.
A grande reabertura não ficará indiferente ao 25 de Abril de 1974. A exposição "Linha de Maré" vai apresentar mais de 90 obras de diferentes suportes artísticos. A maioria alude à Revolução. A terceira atracção será a obra de Fernando Lemos e a sua relação com o Japão durante a década de 60 do século passado, altura em que o artista luso-brasileiro recebeu uma bolsa da Fundação Gulbenkian para estudar caligrafia japonesa e técnicas de fotografia. Desenhos e fotografias serão expostos juntamente com peças de outros artistas da colecção residente e de gravuras japonesas do Museu Gulbenkian. As exposições de Go Watanabe e Yasuhiro Morinaga e as performances de Ryoko Sekiguchi e Samon Takahashi vão reforçar a presença do Japão no momento da abertura.
Em breve, a fundação irá anunciar o programa completo da inauguração do CAM. Entre as entidades que estarão associadas ao novo museu, num regime de mecenato, contam-se a Vanguard Properties, Brisa, PLMJ, KPMG, Fondation d’entreprise Hermès, Canon, Corticeira Amorim e El Corte Inglés.
+ Chá ou café? O Museu do Oriente serve a sua melhor porcelana
+ Mariana Pestana assume curadoria do Centro de Arquitectura do MAC/CCB