[title]
Durante décadas, o maestro húngaro Georg Solti foi o músico que mais Grammys venceu. O 31.º e último chegou postumamente, a 25 de Fevereiro de 1998, mas o recorde já lhe pertencia antes disso. Este domingo, no entanto, foi ultrapassado por Beyoncé Knowles, que juntou mais quatro grafonolas douradas às 28 que já tinha no currículo. Ganhou nas categorias de melhor álbum de música de dança/electrónica, melhor gravação de música de dança/electrónica, melhor canção r&b e melhor performance de r&b tradicional – há Grammys para tudo e mais alguma coisa, são demasiados, 91. Mesmo assim, a sua noite terá tido um sabor agridoce: ainda não foi desta que um álbum dela foi considerado o melhor do ano, ponto. Essa honra coube a Harry’s House, o último de Harry Styles.
O mais recente disco de estúdio do antigo membro de One Direction arrecadou também os prémios de melhor álbum pop vocal e melhor engenharia de som. Claro que, com tantas estatuetas para distribuir, Harry Styles não foi o único a sair com três debaixo do braço. Kendrick Lamar foi o rapper mais premiado, vencendo em três das quatro categorias que distinguem os melhores do género – melhor álbum rap, melhor canção rap e melhor performance rap; faltou-lhe apenas a melhor performance de rap melódico para fazer o pleno. Já Brandi Carlile ficou com os galardões de melhor canção rock, melhor performance rock e melhor álbum de americana; e a veterana Bonnie Raitt ganhou na categoria de melhor canção (pelos vistos chama-se “Just Like That”) e em mais duas; e Kirk Franklin recebeu três prémios de gospel pelo seu trabalho com os Maverick City Music (que partilharam com ele esses três e ainda tiveram direito a um quarto) em Kingdom Book One.
Entre as dezenas de artistas premiados nesta edição contam-se ainda Samara Joy (melhor nova artista e melhor álbum de jazz vocal); Lizzo (gravação do ano e melhor gravação remisturada não-clássica); Ozzy Osbourne (melhor álbum rock e melhor performance de metal); Wet Leg (melhor performance de música alternativa e melhor álbum de música alternativa); Bad Bunny (melhor álbum de música urbana); Tobias Jesso Jr. (compositor não-clássico do ano); Jack Antonoff (produtor não-clássico do ano); até Dave Chappelle (melhor álbum de comédia). E a actriz Viola Davis juntou-se ao restrito clube dos vencedores de um EGOT (ou seja, um Emmy, um Grammy, um Óscar e um Tony). Mas ela canta? Talvez no duche, todavia não foi o talento musical que lhe valeu um Grammy: ganhou na categoria de melhor audiolivro ou narração, pela leitura do seu livro de memórias, Finding Me.
Se quiser confirmar que nenhum amigo ou conhecido seu levou um Grammy para casa nesta noite de domingo, sente-se confortavelmente a ler a lista oficial de vencedores e vencidos no site da Academia Discográfica dos Estados Unidos. Mas antes garanta que tem uma hora livre. Pelo menos.
+ D’ALVA: “A música é pop, mas a atitude vai ser sempre punk”