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É uma fonte de informação, em texto e imagens, muito popular na nossa praça e que dá a conhecer uma cidade já quase desaparecida. Mas o autor de restosdecoleccao.blogspot.com não procura nem a fama, nem o lucro, e apesar do sucesso do blog é uma cara desconhecida da grande maioria dos lisboetas. Imaginamos um historiador, um intelectual habituado ao pó dos livros. Mas José Leite nem sequer gosta muito de ler. O que gosta mesmo é da investigação e da descoberta, revelou à Time Out. Fomos encontrá-lo em Campo de Ourique, onde trabalha num local improvável: a Soderli, loja de tapetes e alcatifas fundada em 1966. Mas isso é outra história.
Esta começou em 2007 no Brasil, onde José viveu durante quatro anos. Para matar saudades da sua terra, começou a recolher imagens antigas na internet, numa altura em que escasseavam fontes de informação online. “O panorama nacional era jurássico, não havia nada. Havia o Arquivo Municipal de Lisboa (AML), agora melhorado, e estava a começar o arquivo da Biblioteca de Arte da Fundação Gulbenkian”, lembra.
Regressado a Lisboa, ainda escreveu para outro blog, mas quando reparou que havia politiquices à mistura abandonou o projecto e seguiu o seu próprio rumo, arrancando com o blog em 2009. Não demorou muito até perceber que despertava o interesse de muitas pessoas que o visitavam e foi-se entusiasmando. O Restos de Colecção regista hoje cerca de 1500 visitas diárias e conta com 40 mil imagens publicadas ao longo de quase 2100 artigos.
Em casa, José tem guardadas entre 60 a 70 mil imagens, todas muito bem organizadinhas, e o mesmo se passa com o blog, onde existem valiosos índices e links que ajudam à navegação pela história da cidade – do recente artigo sobre os Armazéns do Conde Barão aos transportes da Lisboa de outrora, um dos trabalhos mais antigos do blog. As fontes de informação estão sempre bem identificadas: seja a AML, a Gulbenkian, a Biblioteca Nacional Digital, a Hemeroteca de Lisboa, o Diário de Lisboa ou teses de mestrado, algumas que o próprio ajudou a construir. José até já recebeu uma proposta de uma editora sobre a possibilidade de fazer um livro, a que o autor respondeu: “Mas isto está aqui tudo de borla!” E de borla encontra também no blog três e-books: Cinemas de Lisboa (1896-2011), Cinema Português (1896-1980) e Teatros de Lisboa (1591-1976).
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