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★★★★☆
Indiana Jones e o Grande Círculo é a melhor aventura do arqueólogo concebido por George Lucas desde Indiana Jones e a Última Cruzada, realizado em 1989 por Steven Spielberg. Só que não vai ser possível ver a sua história desenrolar-se no grande ecrã: é um videojogo, disponível exclusivamente nos computadores e nas consolas Xbox Series X/S. Em 2025, chega à PlayStation 5. E não há planos para adaptar esta produção dos estúdios Bethesda em parceria com a Lucasfilm para outros meios, como o cinema. Se calhar devia.
O jogo começa no Peru, em 1936, e será imediatamente familiar para quem tiver visto os filmes. Afinal, é uma recriação fiel do prólogo de Indiana Jones e Os Salteadores da Arca Perdida, o primeiro título da série, realizado por Steven Spielberg em 1981, a partir de uma história escrita por George Lucas e Philip Kaufman. Só depois deste breve piscar de olho cinéfilo é que um novo mistério começa a ganhar forma, já em 1937, um ano antes dos acontecimentos relatados n’A Última Cruzada.
O protagonista, recentemente largado por Marion Ravenwood (Karen Allen, o seu interesse romântico no primeiro filme), acorda a meio da noite, com alguém a assaltar a universidade em que trabalha. Depara-se com um gigante, interpretado por Tony Todd, que o deixa inconsciente após um breve confronto e foge com uma peça em exposição no edifício. Segue-se uma sequência de investigação, em que se descobre que o ladrão está ligado ao Vaticano e Indiana Jones decide ir atrás dele.
A cidade-estado romana é o primeiro destino de uma viagem à volta do mundo, com paragens no Egipto, na China, na Tailândia, nos Himalaias e no Iraque. E, claro, com muitos nazis e outros fascistas para esmurrar – como nos filmes entre os quais se passa o enredo. Também como nos filmes, e nos videojogos inspirados por eles, os momentos de acção e infiltração são intercalados com quebra-cabeças para resolver. Contudo, ao invés de usar uma perspectiva cinematográfica na terceira pessoa, habitual em sucedâneos como Uncharted ou Tomb Raider, aqui jogamos na perspectiva do próprio Indiana Jones, com a câmara a afastar-se do jogador apenas quando se perde o controlo do personagem.
É uma escolha contestável e que limita o alcance desta aventura – muita gente evita jogar a partir desta perspectiva, incluindo este que vos escreve. É compreensível, contudo, uma vez que a equipa da MachineGames, que fez o jogo, é conhecida pelo seu trabalho na série de tiros na primeira pessoa Wolfenstein. Além disso, simuladores imersivos como Deus Ex são uma das principais referências deste novo projecto.
Também não se percebe porque não é permitido guardar o progresso em qualquer altura, e em vários ficheiros, mas apenas automaticamente. Não teria dado qualquer trabalho aos produtores e teria aumentado o potencial apelo de Indiana Jones e o Grande Círculo – tal como a opção de usar outra perspectiva. Estes lapsos, e o mau hábito de tirar o controlo ao jogador nos momentos-chave da narrativa, são o único que o afasta das cinco estrelas.
Disponível para PC e Xbox Series X/S. Brevemente na PlayStation 5