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São 22 espectáculos para ver de 23 a Maio a 9 de Junho, numa edição que celebra os 25 anos de Danças na Cidade, associação que deu origem ao festival. É também a despedida do director artístico Thomas Walgrave.
2018 não é um ano qualquer para o Alkantara. É um ano de balanço, de emoção, de despedida, de espectáculo. É que há 25 anos, em 1993, nascia o Danças na Cidade, que é no fundo o nome da vida anterior do Alkantara. E esta edição – a decorrer de 23 de Maio a 9 de Junho em diversos locais da cidade como o São Luiz, o Maria Matos, o Teatro Nacional D. Maria II, a Culturgest, o próprio Espaço Alkantara – assinala também a despedida do actual programador do festival, o belga Thomas Walgrave, que depois de dez anos será substituído por Carla Nobre Sousa e David Cabecinha.
E se é isto tudo, se representa tanta coisa, 2018 só podia ser um festival e tanto. Provavelmente para uma das mais memoráveis edições do Alkantara, Walgrave a sair pela porta grande. Por falar em saída, ou neste caso encerramento, é precisamente nesse último espectáculo do programa, para ver de 7 a 9 de Junho no São Luiz, que está o futuro de Walgrave. É que Ítaca – Nossa Odisseia I, da Artista na Cidade 2018 Christiane Jatahy, tem colaboração artística, cenário e luz do belga, que passará a trabalhar regularmente com a brasileira.
Dito isto, voltemos ao início, a Corbeaux, criação da essencial coreógrafa marroquina Bouchra Ouizguen que já havia estado por cá em 2012 com Madame Plaza. Para ver de 23 a 25 de Maio no Castelo de São Jorge (o que só por si já é curioso), a peça centra-se num ritual nocturno marroquino, uma espécie de transe representada por uma trupe de mulheres vestidas de preto.
No São Luiz, a 25 e 26 vamos poder ver 7, estreia nacional da mais recente produção do também marroquino Radouan Mriziga, coreógrafo que regressa a um festival onde já apresentou 55 (2016) e onde continua a querer pensar a dançar como acto de construção, daí que traga as Sete Maravilhas do Mundo Antigo para cena.
Em relação aos artistas internacionais não podemos deixar de mencionar Toshiki Okada, japonês que volta a trabalhar Five Days in March, espectáculo que criou em 2003 inspirado numa geração amorfa, que viu estaticamente o Japão juntar-se a britânicos e americanos para deixar cair bombas no Iraque. A nova versão do espectáculo, com uma nova geração, é para ver no Maria Matos nos dias 29 e 30 de Maio. Já na Culturgest, a 4 e 5 de Junho, acontece um dos pontos altos deste festival: Inoah, do importantíssimo e reconhecido coreógrafo brasileiro Bruno Beltrão e da sua companhia Grupo de Rua. Este será assim um regresso ao Alkantara, onde foi apresentado à Europa, em 2002.
Na equipa nacional teremos igualmente muita e boa coisa para consumir: Vera Mantero leva à Culturgest, de 29 a 31 de Maio, a nova criação Práticas propiciatórias de acontecimentos futuros; João Fiadeiro dá-nos From afar it was an island no Teatro Nacional D. Maria II, de 6 a 8 de Junho; Aldara Bizarro e o seu Gráfico do Gesto para ver a 26 e 27 de Maio no São Luiz; Sofia Dias & Vítor Roriz explicam-nos O que não acontece no D. Maria II, de 31 de Maio a 2 de Junho; Cláudia Dias e Quarta-Feira: O tempo das cerejas, de 7 a 9 de Junho no Maria Matos. Se isto não são motivos mais do que suficientes para se apressar a comprar bilhete para o Alkantara então algo está mal.
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