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Junto ao Farol do Cabo Raso, no Guincho, um camião puxava uma atrelado apetrechado de câmaras de filmar e toda a parafernália necessária para filmar o interior de um carro, também puxado a reboque. Lá dentro, seguiam os actores Maria João Bastos, Ivo Canelas e Catarina Rebelo, numa das cenas filmadas em Portugal da série Cold Haven, um thriller policial de oito episódios que assim que estiver concluído irá estrear na RTP1. A produção é da portuguesa SPi e da islandesa Glassriver.
Em Cold Haven (que em português se traduz para Refúgio Frio), uma mulher portuguesa é assassinada numa pequena comunidade costeira da Islândia, onde vivem muitos portugueses, e Soffía, uma detective islandesa, começa a investigar o caso. A vítima é Maria, interpretada por Maria João Bastos, que deixa Portugal para fugir às agressões do marido Alex, papel que cabe a Ivo Canelas. Consigo, Maria leva a filha Bela (Catarina Rebelo) para a Islândia, onde contam com a ajuda de Glória (Cleia Almeida), irmã de Alex, para encontrar trabalho. Só que algumas pistas apontam para Hákon, o filho da investigadora e namorado de Bela, pondo em causa a sua imparcialidade na investigação. O enredo adensa-se com o facto de as comunidades portuguesa e islandesa terem um negócio relacionado com o tráfico de droga.
Antes de atravessar o mar rumo à Islândia, a ideia nasceu em Portugal, conta-nos Pedro Lopes, produtor executivo da SPi. “A história partiu de Portugal, foi desenvolvida inicialmente pela Joana Andrade e pela Filipa Poppe, ao qual se juntou depois o Sven [Sveinbjörn I. Baldvinsson], um autor islandês, e o Elías [Elías Helgi Kofoed-Hansen]”, recorda. E sim, a culpa também foi um bocadinho do bacalhau, o peixe que une historicamente os dois países. “Também na Islândia existe uma comunidade portuguesa com alguma dimensão nas Ilhas Westman, tudo por causa da indústria do bacalhau. E, portanto, a partir daí, começou a pensar-se numa série que fizesse sentido nesta comunidade, que mantém algumas características tipicamente portuguesas, embora num outro território, e numa morte que pudesse abalar, de alguma forma, a confiança entre estas diferentes comunidades e que, pela sua estrutura narrativa, conseguisse agarrar os espectadores desde o primeiro momento”, conta o produtor. A propósito, Pedro Lopes lembra a primeira imagem que registou quando saiu do ferry das Ilhas de Westmann: uma janela com uma bandeira de Portugal e uma bandeira do Benfica. “Para nós também é muito interessante podermos contar estas histórias da diáspora, que os portugueses que vivem na Islândia se consigam identificar e os portugueses que vivem em Portugal sintam que a ficção que se faz em Portugal também lhes diz alguma coisa”.
Mas há mais um outro dado que une Portugal à Islândia: os filmes e as séries são legendados. “Temos dois países que recorrem à legendagem e, portanto, isso permite-nos ter uma aproximação à realidade muito grande, ou seja, as personagens portuguesas falam português entre si, as personagens islandesas falam islandês entre si e, entre elas, falam inglês, que é a língua franca”, sublinha Pedro Lopes.
“Há um feitio nórdico que é diferente do nosso"
Após gravar a principal cena do dia, Maria João Bastos explicou o que estava a acontecer: "Hoje estamos aqui numa viagem de família. A Maria, nesta fase, já está decidida a resolver a situação, a dar um passo em frente, confronta o Alex nesse sentido, e ele, mais uma vez, é extremamente violento. Há um acto de violência que desta vez termina de uma forma extremamente trágica, com um violento acidente de carro, onde de facto a Bela correu risco de vida. Portanto, é um acidente muito aparatoso, não é fácil de filmar, mas acho que está a correr bem, vamos bem lançados". Sobre a série, a actriz promete "muita acção, muito suspense, muito mistério, mas por outro lado também um lado de relação entre as personagens muito forte e muito emocional".
Apesar de não gravar cenas em Portugal, Cleia Almeida deu um saltinho ao local de rodagem e à Time Out contou um pouco da experiência: “Tem sido muito interessante ver como é que uma equipa não latina trabalha, com uma calma, com serenidade, um tempo próprio dos nórdicos, que é muito interessante”. Ivo Canelas tem a mesma opinião: “Há um feitio nórdico que é diferente do nosso, somos mais latinos, portanto há uma organização que é diferente da nossa. Fora isso, acho muito semelhante”. Sobre o seu personagem não quis adiantar muito, mas confessou que o que mais lhe interessa neste trabalho passa pela “questão do trauma geracional e como deixamos, às vezes por amor, passar questões graves de geração para geração”.
Inicialmente a realização das cenas em Portugal estaria a cargo de Sérgio Graciano (Códex 632), mas o atraso no inicio da rodagem e conflito de agendas fez com que se mudasse a agulha para Tiago Alvarez Marques (Circo Paraíso). Na Islândia, o realizador é Arnór Pálmi Arnarson.
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