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O percurso de Joana Trigueiros à frente da Maray está longe de ser um caso linear de empreendedorismo, a começar pelo facto de não ter sido ela a fundar a marca de calçado que acaba de celebrar sete anos de existência. De cliente a proprietária, o negócio deu-se há mais ou menos cinco anos. "Sou economista, trabalhei muitos anos em multinacionais. Durante três anos, tive a Maray um bocadinho como hobby. Entretanto, chegou uma altura em que tive de escolher e há dois anos que estou totalmente dedicada à marca, daí também ser possível tê-la a evoluir desta forma", explica Joana.
A evolução está à vista – uma nova loja, acabada de inaugurar, no coração de Alvalade, bem maior do que a primeira, que ainda assim se mantém de porta aberta. "Campo de Ourique é um óptimo bairro para se estar, mas sentimos que muita gente que vive neste tipo de bairros não se move muito dentro da cidade. Além disso, também queríamos um espaço onde pudéssemos ter o nosso escritório, uma equipa e toda a parte de armazém. E Alvalade é um bairro que iria receber bem a marca, além de que está a ganhar muitas pessoas de fora, muitos americanos, o que também nos interessa", continua.
O vermelho Maray – a cor RAL 3013 – dá vida ao espaço. Está nas montras, no balcão, no sofá circular e até no tecto. O mesmo tom é ainda aplicado aos acabamentos das peças, detalhe que salta à vista sobretudo na linha de acessórios. Carteiras, porta-cartões, cintos, bolsas para telemóveis e porta-chaves, tudo produzido no norte do país, tal como o calçado, e com os melhores materiais. "Continuamos a trabalhar estes materiais com texturas, que complementam o resto da colecção, sobretudo nesta altura do Natal, em que os sapatos nem sempre são uma coisa muito fácil de oferecer. E depois estamos a produzir na mesma fábrica da Jacquemus e da Sézane e isso sente-se quando se toca nas peças", acrescenta Joana, ela própria encarregue da direcção criativa da marca.
Joana pode não ter fundado a própria marca de calçado, mas nem por isso partiu do zero. Na verdade, herdou este gosto dos avós, proprietários da Trigueiros, sapataria no centro de Torres Vedras. Passou, por isso, a infância rodeada de sapatos. Anos depois, ao aproximar-se dos 40, voltou a querer ter estes acessórios por perto. E agora tem duas lojas cheias deles. Outrora conhecidos pelas solas finas, a diversificação do catálogo levada a cabo por esta economista deixou a montra da Maray um pouco mais diversa. Há botins, mules, sandálias no Verão e, mesmo que alguns modelos tenham já um dedinho a elevar o calcanhar, uma coisa é certa: esta marca portuguesa vai sempre calçar rasos. "Não quero vender só sapatos. Quero vender a ideia de que a mulher não precisa de saltos altos para ser elegante", resume.
Os planos para o futuro são ambiciosos, mas Joana também quer que o crescimento seja sustentado. Com uma produção diária de 30 pares, duas lojas próprias, alguns pontos de venda espalhados pelo país e o site a representar 30% da faturação, o próximo passo é mesmo galgar fronteiras e dar a conhecer a Maray em mercados como os Países Baixos, a Alemanha, a Suíça ou a Itália, terra dos melhores sapatos do mundo. "Não imagina a quantidade de gente que me diz que os nossos sapatos não ficam nada atrás dos italianos. E Itália tem muita oferta, mas muito direccionada para o mesmo estilo." Em Alvalade, em Itália ou até noutro continente, o vermelho de assinatura manter-se-á sempre o mesmo e esse é o grande objectivo desta gestora. "As pessoas não têm de ver a marca para saber que é Maray."
Rua José d'Esaguy, 2C (Alvalade). Seg-Sáb 10.30-19.00
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