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Jogos Olímpicos: as melhores cerimónias de abertura de sempre

Se retirarmos da equação Paris 2024 (ainda estamos a processar), quais foram as cerimónias de abertura que entraram para a história dos Jogos? Fizemos um ranking.

Liv Kelly
Escrito por
Joel Meares
e
Liv Kelly
Martial artists perform during the 2008 Beijing Summer Olympics
Photograph: Shutterstock
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A primeira cerimónia de abertura a realizar-se fora de um estádio, 206 embarcações cheias de atletas em competição e uma festa pós-olímpica que durou toda a noite? Os Jogos Olímpicos de Paris 2024 arrancaram com um espectáculo fabuloso, completo e, por vezes, bastante estranho. Estávamos todos à espera de actuações deslumbrantes das cabeças de cartaz – Lady Gaga encantou-nos entre um conjunto de plumas cor-de-rosa, Aya Nakamura desfilou por um tapete dourado e, quando estava para ser acesa a Pira Olímpica, Celine Dion interpretou uma deslumbrante versão de “L’Hymne à l’Amour”. No entanto, talvez não estivéssemos à espera de cabeças guilhotinadas, de um desfile de moda espalhafatoso, de minions a lutar pela Mona Lisa, nem de uma controvérsia com a Última Ceia.

É um espectáculo que ficará certamente para a história – e há muitos mais de onde este veio. Os Jogos Olímpicos já começaram há algum tempo, tal como as espectaculares cerimónias de abertura. Por isso, em honra do lançamento oficial dos Jogos de Verão de 2024, eis um ranking que é também uma retrospectiva das melhores cerimónias de abertura que marcaram o início de competições anteriores – de Londres a Sydney e de Pequim a Barcelona.

As 10 melhores cerimónias de abertura dos Jogos Olímpicos

10. Los Angeles, 1984

A primeira cerimónia de abertura a ser realizada nos Estados Unidos teve muito que se lhe diga: Etta James a cantar “When the Saints Go Marching In”, a banda do exército americano a formar os anéis olímpicos, a pira a ser acendida pelo duplo medalhado do decatlo Rafer Johnson. Mas, na verdade, 1984 valeu pelo rocketeer Bill Suitor, que voou para o Los Angeles Memorial Coliseum com recurso a um jetpack. Pagaram-lhe 1000 dólares pela proeza – e não lhe deram bilhetes! – mas recebeu uma bebida de graça. “Depois do voo, lembro-me de que algumas das raparigas do coliseu nos deram umas cervejas geladas em copos de papel”, disse Suitor à GQ em 2012.

9. Seul, 1988

A última cerimónia de abertura a realizar-se durante o dia será sempre recordada pelo “Dovegate”: algumas pombas soltas pousaram na pira olímpica e, em vez de voarem imediatamente quando antigos atletas coreanos acenderam a chama, foram assadas em directo na televisão. Mas esse incidente – que provocou indignação suficiente para fazer com que a libertação de aves nas cerimónias de abertura deixasse de ser feita a partir de 1992 – ofusca o que foi um dia espectacular, com gigantescas demonstrações de taekwondo e uma trupe de paraquedistas a descer no estádio sob a forma dos anéis olímpicos.

8. Londres, 1948

Estes Jogos foram um acontecimento de peso. Tinham a tarefa de retomar de forma suave mas triunfante o ciclo olímpico após um hiato de 12 anos devido à guerra. A cerimónia foi uma abertura austera para os “Jogos Olímpicos da Austeridade”, mas a multidão de 85 mil pessoas presente no Estádio de Wembley adorou os desfiles dos militares e dos atletas e o local onde se encontrava o rei Jorge, dando oficialmente início aos trabalhos. A iluminação da pira foi feita com recurso a uma salva de 21 tiros de canhão; Donald Finlay, membro da RAF, leu o Juramento Olímpico. Pontos bónus: as reportagens dos jornais britânicos sobre o dia (que aparentemente foi muito quente). Do Guardian: “Nenhum homem – excepto os altos funcionários – vestiu o casaco e muitos ataram lenços à volta da cabeça”. Que loucura.

7. Atenas, 2004

Terão os Jogos Olímpicos contribuído para afundar a economia grega? Deixemos isso para os economistas, mas, por muitos euros que tenham sido gastos neste espetáculo, foram bem gastos para quem procurava bons momentos. Deuses antigos. Uma piscina gigante de alta tecnologia. Bjork! As 72 mil pessoas presentes e os milhares de milhões que assistiram em casa – nos EUA, assistiu-se pela primeira vez a uma cerimónia de abertura em HD – tiveram tudo. Até tiveram Tiesto, o primeiro DJ a tocar numa cerimónia de abertura, que forneceu a banda sonora de trance a dispensar conversas para o Desfile das Nações.

6. Tóquio, 1964

Os primeiros Jogos Olímpicos a serem transmitidos em directo internacionalmente, e os primeiros a serem transmitidos a cores, foram um momento rico em história – sim, foi o imperador Hirohito, em nome de quem foram levados a cabo os ataques a Pearl Harbor, que abriu os trabalhos e ficou a assistir a partir de um camarote especial no Estádio Nacional. O momento mais memorável foi o acendimento da chama por Yoshinori Sakai, nascido a 6 de Agosto de 1945 em Hiroshima, no mesmo dia em que a cidade foi bombardeada. Não chegou a competir nos Jogos, mas foi escolhido para simbolizar uma nova e pacífica direcção para a nação.

5. Barcelona, 1992

Apague da memória a execrável canção “Amigos Para Siempre”, de Andrew Lloyd Webber, e Barcelona será uma das cerimónias de abertura mais encantadoras da história recente. Mamutes fantoches deslumbraram os 67 mil espectadores que estavam no Estádio Olímpico Lluís Companys, o arqueiro paraolímpico Antonio Robello acendeu a pira olímpica ao disparar uma flecha flamejante e Freddy Mercury actuou – mais ou menos. O vocalista dos Queen tinha gravado um dueto, “Barcelona”, com Montserrat Caballé, como tema dos jogos no final da década de 1980. Devido à morte de Mercury em 1991, foi reproduzida uma gravação durante a cerimónia em vez da actuação ao vivo inicialmente prevista.

4. Londres, 2012

Se a primeira vez que Londres realizou uma cerimónia de abertura foi marcada pela rigidez e pela austeridade do pós-guerra, a segunda foi completamente diferente: 2012 foi um fartote. O tema poderia ter sido a irreverência (oficialmente era “Isles of wonder”), com o realizador Danny Boyle (Trainspotting, Slumdog Millionaire) a prestar homenagem à história e à cultura londrinas com uma frota de autocarros de dois andares, uma hilariante participação de Mr. Bean durante a actuação da Orquestra Sinfónica de Londres e uma Rainha Isabel a saltar de pára-quedas, que participou numa curta-metragem realizada por Boyle com o próprio Bond, Daniel Craig, mostrada antes de saltar de pára-quedas no estádio (na realidade, era a actriz Julia McKenzie no ar).

3. Atlanta, 1996

Parte comício (bandas, líderes de claque, camionetas), parte ode nostálgica ao velho sul (com uma interpretação deslumbrante de “Georgia on My Mind”, de Gladys Knight), a cerimónia de abertura do centenário dos Jogos Olímpicos modernos respondeu à sumptuosidade de Barcelona com uma celebração sem pudor da América. Apesar do espectáculo no Estádio Centenário, foi um dos momentos mais calmos daquela noite de Julho a ficar para a história: um Muhammad Ali tolhido pelo Parkinson mas determinado a carregar a tocha pela pista e acendendo a pira para dar início aos Jogos.

2. Sydney, 2000

Com a cerimónia a abrir com um “G’Day”, desenhado por Ken Done, a cobrir a superfície do Estádio da Austrália, os espectadores poderiam temer que Sydney atingisse níveis máximos de pieguice. Mas este espectáculo de Setembro será recordado durante muito tempo pelas imagens perfeitas para televisão que os directores artísticos criaram, entre as quais a versão cinética dos anéis olímpicos, formados por 120 cavalos a galope, e a transformação do chão do estádio na Grande Barreira de Coral. A corredora aborígene Cathy Freeman, que viria a ganhar o ouro, acendeu a pira, o que proporcionou um momento de suspense – o anel de chama que se ergueu à volta de Freeman e se dirigiu para o topo do estádio ficou preso durante quatro minutos. (P.S. – Se quiser saber o que aconteceu à menina cuja viagem constituiu a narrativa da cerimónia, pesquise no Google “Nikki Webster Strawberry Kisses” e agradeça-nos mais tarde.)

1. Pequim, 2008

São poucos os que viram o que se passou no Ninho de Pássaro (oficialmente Estádio Nacional de Pequim), a 8 de Agosto de 2008, que discordariam dos muitos que dizem que os chineses deram ao mundo a melhor cerimónia de abertura – até agora. Quer acrobatas a dar cambalhotas ao estilo do circo num planeta suspenso de 18 metros? Quer bailarinos vestidos de preto a pintar caracteres chineses em pergaminhos gigantes como se fossem canetas humanas mágicas? Quer fogo-de-artifício a desenhar caras sorridentes? A China disse a tudo que sim. Até nos proporcionou um fabuloso micro-escândalo do Partido Comunista quando foi revelado que Lin Miaoke, encarregada de cantar o “Hino à Pátria”, tinha, na verdade, cantado por cima de uma gravação de outra cantora, depois de um membro do Politburo ter decidido que a sua voz não estava à altura (e a outra cantora não era suficientemente fotogénica para o palco principal). Mas o “Made in China” nem sempre é barato. Quanto é que custou à China fazer-nos cair o queixo? Alegadamente, 100 milhões de dólares (cerca de 92 milhões de euros, ao câmbio actual).

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