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A Graça é um bairro singular. Cosmopolita e pejado de turistas, mas ainda com “uma matriz de bairrismo”, nas palavras de André Ferreira. Foi, em parte, por isso que ele e mais dois sócios, amigos há muitos anos e todos ligados ao bairro, decidiram abrir ali La Lisbonera. A ambição, diz, é “ser mais do que um bar, um ponto de encontro para diferentes pessoas”, portuguesas e estrangeiras, “conviverem na Graça”.
De portas abertas desde meados de Dezembro, é um sítio descontraído e acolhedor. A área interior é pequena, mas vibrante. Na parede azulona, destaca-se um néon rosa-choque onde se lê “La Lisbonera”, há bancos, assentos e outros apontamentos vermelhos, além de um par de mesas de mármore e uma barra, também marmoreada.
O interior não é o principal atributo do espaço, no entanto. Esse, considera André, é mesmo o espaço exterior, a localização – “e a equipa”, sublinha. A esplanada, na Travessa do Monte, mantém a estética e as cores lá de dentro. Nas paredes amareladas do bairro, por baixo dos azulejos onde se lê o nome da rua, está escrito mais uma vez “La Lisbonera” em letras vermelhas. Entre as duas portas do estabelecimento, lê-se “drinks & lifestyle”.
“É o nosso mote”, explica o proprietário. Idealmente, uma pessoa vai a La Lisbonera beber um copo ao fim do dia, come umas tapas, e deixa-se ficar por lá. Ou pelas imediações – é possível pegar num cocktail ou num bom vinho e ir bebê-lo para os miradouros vizinhos. André fala num “botellón sofisticado”, sem a conotação negativa que a expressão tem, mas mantendo o lado comunitário, de convívio e partilha.
Comes e bebes
A carta de bebidas é mais completa do que qualquer botellón. Há vários gins, runs, tequilas e uísques, além de diferentes rótulos de mezcal, licores, aguardentes e um bom medronho. Também não faltam cervejas, sidra e kombucha. E todos os cocktails clássicos – de uma simples margarita, um mojito, ou caipirinhas e caipiroskas, a um moscow mule, negroni, old fashioned ou expresso martini, entre outros.
Mas o melhor é mesmo a carta de vinhos, desenhada pelo consultor e sommelier Manuel Moreira, para replicar uma “uma viagem a Portugal”, nas palavras de André. Começa em Trás-os-Montes, terra do Quinta de Arcossó Bastardo, um tinto versátil (20€/garrafa), desce rumo ao Douro Vinhateiro e à Região Demarcada do Dão, passa pela Bairrada (há espumantes, claro, mas também tintos e brancos) e a região de Lisboa, multiplicam-se os tintos alentejanos e, ainda mais a sul, um Barranco Longo Private Selection, algarvio (24€/garrafa). Encontram-se ainda garrafas da Madeira e dos Açores e opções a copo.
Para ensopar tudo isto, providenciam uma série de tapas e petiscos. Por exemplo, um húmus de tremoço (7€), para acompanhar com pão e grissini; pimentos padron (7€); tábuas de queijos e enchidos (18€); ou conservas de peixe (8€-9€). Servem também uma sala de bacalhau com grão (14€), ceviche (14€) e tártaro de salmão ou novilho (14€). Tudo para partilhar.
Se bem que a principal aposta são as tibornas, essas bruschettas alentejanas – há diversas opções, incluindo uma vegan (10€). Ainda estão a afinar as receitas, e podem fazer pequenas alterações ao menu, mas não se devem afastar muito do caminho traçado. Só querem mesmo garantir “que qualquer pessoa consiga picar qualquer coisa”, diz André. “E que fica safisteita”.
Travessa do Monte, 66 (Graça). Qua e Dom 16.00-00. Qui-Sex 17.00-02.00. Sáb 16.00-02.00
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