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O mesmo bairro, mas em morada diferente.Era assim que, desde Dezembro, se previa a mudança da livraria Leituria – antes na Rua Dona Estefânia – para o espaço de cowork Misturado, não muito longe da sua primeira casa. A livraria, que inaugura este domingo, quer manter a sua identidade independente e criar uma simbiose com o espaço onde está inserida.
Bem mais apertado que o antigo poiso, a nova Leituria serve-se de uma das entradas do Misturado – a outra estará aberta em breve e será uma cafetaria – para dispor as altas estantes recheadas de livros, que até do tecto pendem, ainda que seja como decoração. Vítor Rodrigues, o dono, quis manter o mesmo conceito de livraria de bairro que já tinha na Rua Dona Estefânia, com uma selecção vasta de autores “pouco comerciais” e “livros usados que não se encontram em muitos locais”, refere. “Não vendemos espaço de prateleira, vendemos livros”, alerta, referindo-se às grandes cadeias que caem “na teia da venda lucrativa e que desvalorizam autores só porque as vendas não correspondem às expectativas.”
Manter viva a tradição livreira é um dos objectivos de Vítor, que se recusa a concordar com a ideia de que as pessoas já não lêem. “Ler um livro é completamente diferente de ler um PDF na internet ou naqueles tablets. Nos livros as baterias não acabam, não precisamos de os ligar à ficha”, afirma.
Entre o fecho de um espaço e a inauguração da nova Leituria, Vítor Rodrigues não deixou o rodopio habitual da livraria estagnar. “Neste período, entre fecharmos um espaço e abrirmos outro tentei sempre dinamizar eventos que envolvessem a nossa curadoria, porque a Leituria vai além do espaço físico”, explica. A Traça, que acontece todos os terceiros fins-de-semana do mês, é o exemplo mais recente da hiperatividade literária da Leituria que faz de curadora da iniciativa que leva clubes de leitura e poesia ao Mundo Património, em Campo de Ourique – a próxima Traça acontece já de sexta a domingo
Rua José Estêvão, 45A. Seg-Sáb 14 .00-19.00, excepto às quartas (feira de livros usados).