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Mais de 14 milhões os jogadores já pisaram o mundo alternativo de Valorant, um popular jogo de tiros online criado pela Riot Games em 2020. A acção passa-se num futuro próximo e os jogadores têm acesso a uma série de mapas, que conjugam elementos de diferentes culturas, pelos quais podem vaguear na pele de diversos personagens. O mais recente mapa chama-se Pearl e é claramente influenciado pela cidade de Lisboa, apesar de ser um mundo aquático em que os participantes são desafiados a “mergulhar de cabeça”, de acordo com o site oficial.
O mapa ficou disponível para os jogadores europeus a 23 de Junho e tem uma arquitectura inspirada na cultura portuguesa. Apontamentos em azulejo, sinalizações escritas em português, os eléctricos amarelos de Lisboa ou decorações típicas dos arraiais são alguns dos elementos que denunciam a nossa cultura, em particular a alfacinha, num mapa que também inclui áudios em português e um fado criado para Valorant, “Casa de Vidro”, interpretado por Beatriz Silva (e disponível no Spotify). Este novo mapa integra o novo episódio de Valorant, intitulado “Dimension” (porque se situa noutra dimensão), e é o primeiro da chamada Terra Ómega.
Um roteiro mais palpável
O lançamento global de Pearl, que é o oitavo mapa da história de Valorant, vem acompanhado de uma iniciativa local. Os artistas Marcelo Lamarca, LS, Jorge Charrua, Marita, Basílio, Kruella d’Enfer e Akacorleone são agora os autores de um roteiro de arte urbana inspirado no videojogo da Riot Games e que pode ser apreciado em várias artérias de Lisboa. Com um pormenor: os murais de Kruella d’Enfer e Akacorleone estão também disponíveis no mapa do jogo. Uma iniciativa que tem por objectivo valorizar o movimento da arte urbana, criando uma nova rota na cidade, ao mesmo tempo que promove o país, estabelecendo uma ponte entre a nossa cultura e o gaming.
Mas o mapa Pearl, apesar de fictício, foi também apresentado como destino turístico e tem um site oficial próprio. Numa parceria com a TRIBES – Tour Operator, uma agência turística portuguesa, a Riot Games lançou uma plataforma com as principais localizações do mapa Pearl, como o ponto C – Recompensa do Oceano, onde os jogadores podem tomar um pequeno-almoço numa padaria tipicamente portuguesa, ou o ponto B – A Costa, um café que vende pastéis de nata. E é esta plataforma online que pode utilizar para seguir o roteiro de arte urbana pintado ao vivo em Lisboa, onde encontra as localizações e pequenas descrições de cada obra. Por exemplo, o mural de Akacorleone está localizado na Rua Cidade de Liverpool, junto ao n.º 23, enquanto o de Kruella D'Enfer está localizado na Rua do Vale de Santo António, 75B, perto de Santa Apolónia.
“A ideia para esta obra era a de uma comunidade a construir um mural ao longo do tempo, colando cartazes uns por cima dos outros criando uma composição que está em constante evolução… como se o mural fosse um organismo vivo. Desta forma comecei por criar a versão digital deste mural de paste up [técnica de colagem de papel sobre a parede], sabendo que o objectivo seria recriar esta composição numa parede real”, explica Akacorleone à Time Out. Na versão física, procurou “ser o mais fiel possível à versão digital”, utilizando “grandes elementos em papel cortados, rasgados e finalmente colados à parede para criar um aspecto de desgaste, de temporalidade, necessário para a ideia de um mural que foi sendo criado ao longo do tempo por diferentes pessoas.”
Já Kruella d’Enfer viu aqui uma oportunidade. “Fiquei entusiasmada quando percebi que podia dar uma nova dimensão ao meu trabalho, que ia chegar a uma comunidade com que não tenho contacto”, diz, referindo-se aos gamers. Para este trabalho, onde o pano de fundo é uma cidade submersa afectada pelas alterações climáticas (um tema que já trabalhou anteriormente), desenhou um mural com animais marinhos, plantas aquáticas e elementos com ligação à cultura portuguesa, da guitarra à arquitectura. É a primeira vez que cria uma obra de arte para um videojogo (embora já tenha criado peças NFT) e acredita que é um novo mundo para explorar.
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