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Lisboa fecha Baixa ao trânsito e cria 5.ª Circular

O acesso à Baixa ficará condicionado a partir de 26 de Abril. 5.ª Circular surge como alternativa de mobilidade na zona ribeirinha.

Raquel Dias da Silva
Jornalista, Time Out Lisboa
eletrico
Fotografia: Arlindo Camacho
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A Câmara Municipal de Lisboa (CML) apresentou esta terça-feira, 18 de Abril, os constrangimentos ao trânsito que vão ocorrer devido às obras na frente ribeirinha e na Baixa Pombalina. Entre as restrições previstas, destaca-se o acesso condicionado ao centro histórico, que ficará interdito ao chamado trânsito de atravessamento. Também os veículos com peso superior a 3,5 toneladas, que funcionem para cargas e descargas, só poderão circular entre as 20.00 e as 08.00. “Como é que eu consigo reduzir o trânsito na Baixa providenciando uma alternativa? Nós temos esta ideia de uma 5.ª Circular em Lisboa. Quem chegar à [Avenida] Infante Santo, apanha a Infante Santo até à Estrela, até ao Rato, até ao Conde Redondo, até à Praça do Chile, e depois até à Mouzinho de Albuquerque, evitando passar pela Baixa, o que vai diminuir o fluxo de trânsito nessa zona da cidade. Agora, as pessoas perguntam: então já ninguém pode ir à Baixa? Quem trabalha na Baixa, pode ir para a Baixa. Quem reside na Baixa, pode estar na Baixa”, declarou o presidente da autarquia, Carlos Moedas.

5.ª Circular de Lisboa
© Câmara Municipal de Lisboa5.ª Circular de Lisboa

Lisboa tem um conjunto de obras estruturais a decorrer, nomeadamente o Plano Geral de Drenagem na Avenida da Liberdade e em Santa Apolónia, a requalificação da Rua do Arsenal e do topo norte da Praça do Comércio, a alteração dos colectores da Rua da Prata e da Avenida Infante Henrique e a expansão da Linha Verde do Metropolitano. Estas obras – que a CML considera “fundamentais para preparar a cidade para os desafios do futuro” – vão condicionar o sistema de acessibilidades na cidade, em particular na Avenida 24 de Julho e na frente ribeirinha, originando não só pressão nos locais intervencionados, mas ainda mais pressão no estacionamento e vários constrangimentos na circulação rodoviária, ciclável e pedonal. É neste sentido que o executivo apresenta alternativas de circulação, “através das quais se pretende minorar os impactos desses constrangimentos”.

“Estamos num momento em que sabemos que vamos ter obras seguidas de obras. Aquilo que pedi ao vice-presidente e aos serviços foi que olhássemos para Lisboa para fazer algo que nunca tinha sido feito antes, que é perceber como é que podemos realmente ter um plano e um olhar conjuntos para a cidade em termos de mobilidade”, acrescentou Carlos Moedas. “E o que é que isto implica? Implica fazer as coisas da maneira gradual que sempre defendi. Ou seja, temos toda esta zona da Baixa, onde temos a Rua da Prata fechada, onde sabemos que temos obras e manutenção de colectores e onde vamos ter de reduzir aquele que é um trânsito que entra na Baixa. Agora, devemos fazer isso dizendo que a partir do dia tal ninguém entra na Baixa? Não é isso que queremos fazer. Gostaríamos, neste momento, de dizer às pessoas – e isso eu disse no dia das cheias e no dia em que fechámos a Rua da Prata – que aqueles que têm camiões com mais de 3.5 toneladas não podem entrar durante o dia na Baixa, que as cargas e descargas também não podem ser feitas na Baixa durante o dia e que aquelas pessoas que podem evitar a Baixa também deveriam evitar ir lá.”

O acesso condicionado à Baixa Pombalina é, por agora, temporário, mas a autarquia admite reavaliar a medida ao longo dos próximos meses. Se a limitação à circulação rodoviária permanecer após a conclusão das obras, esta iniciativa poderá ter o mesmo impacto que o projecto apresentado pelo anterior executivo para a implementação de uma Zona de Emissões Reduzidas (ZER), que também incluía o centro histórico da cidade, com vista à redução em 40% dos veículos que circulam na zona, o que se traduziria na redução de 60 mil toneladas de CO2 por ano.

mapa de condicionamento e percursos alternativos
© Câmara Municipal de Lisboa

Já no que diz respeito a entradas e saídas em Lisboa, a circulação rodoviária será interrompida na zona ribeirinha, em ambos os sentidos, entre a Avenida Infante Santo e a Avenida Mouzinho de Albuquerque. Para quem circula no sentido Parque das Nações/Algés, a alternativa passa por fazer um desvio para a Avenida Mouzinho de Albuquerque em direcção ao centro, pela 5.ª Circular. No sentido Algés/Parque das Nações, o desvio deverá ser feito pela Avenida Infante Santo em direcção ao centro, também pela 5.ª Circular. Já no sentido Norte/Sul, o trânsito proveniente da Avenida da Liberdade deve fazer inversão no Rossio e regressar ao Marquês de Pombal; o da Avenida Almirante Reis no Martim Moniz, Praça da Figueira, Rossio ou Restauradores; e o do Príncipe Real na Praça Luís de Camões para a Calçada do Combro/Estrela.

“A primeira medida que é importante encorajar e que vai ter repercussões na própria sinalética é de facto a possibilidade de, no fundo, tornear as dificuldades que existem na frente ribeirinha e na zona histórica, procurando fazer mergulhos na cidade a partir de cima. Isto é, quem vem de toda a marginal deve privilegiar esta tal 5.ª Circular, que é uma circular que existe no mapa mental da cidade e que vamos procurar reforçar”, reiterou o vice-presidente da Câmara, Filipe Anacoreta Correia, que tem o pelouro da Mobilidade.

Para facilitar o cumprimento das novas regras, haverá sinalização não só a indicar as zonas com vias cortadas ao trânsito, como a área de circulação condicionada, que se estende para lá do centro histórico, como é possível perceber no mapa de percursos alternativos criado pela CML. “A zona amarela é uma zona que passará a um consignamento de tráfego local [e que inclui a Avenida 24 de Julho, interrompida há já alguns meses e que terá mais um impedimento a partir da próxima semana, que deverá durar até Julho] e a zona vermelha, que se refere à zona histórica, passará a estar interdita a determinado tipo de trânsito, passando a ser reforçado o sentido do trânsito local nessa zona”, esclareceu ainda Filipe Anacoreta Correia, reforçando a vontade da autarquia de proibir o trânsito de atravessamento. Estas regras – assim como dados adicionais sobre as obras, os condicionamentos e as alternativas – estão já disponíveis para consulta no site da autarquia.

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