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Lisboa ganha cinco peças virtuais que só é possível conhecer in loco

São digitais, mas apenas é possível conhecer as novas obras artísticas da cidade indo aos lugares físicos a que pertencem. É assim o projecto In Loco.

Rute Barbedo
Escrito por
Rute Barbedo
Jornalista
Apolo de Carvalho, Projecto In Loco
DR/Terceira PessoaApolo de Carvalho cria uma peça para o In Loco
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Para conhecer este mapa, é preciso, antes de mais, percorrer o território. Esta é uma das premissas do projecto In Loco, uma plataforma online onde estão alojados objectos artísticos que foram criados a partir de um determinado lugar físico e aos quais apenas é possível aceder quando o espectador se dirige a esse mesmo local, através das coordenadas conferidas pelo website. O propósito da iniciativa é “colocar em diálogo o lugar físico e o lugar virtual, perceber como a corporeidade pode coexistir com o digital”, explica Nuno Leão, da associação Terceira Pessoa, criadora do projecto que começou em Julho em Castelo Branco e Idanha-a-Nova e que vai abarcar o território de Portugal continental até ao final do ano, através de um conjunto de 52 obras desenvolvidas por 23 artistas. 

A 10 de Outubro, Lisboa entra nesta nova cartografia com obras de cinco artistas, numa co-produção com o TBA. Assim, enquanto o colectivo de arquitectos Os Espacialistas e o investigador Apolo de Carvalho inauguram peças na zona de Belém, o fotógrafo Pedro Tropa centra-se no Jardim Constantino (em Arroios) e a actriz e criadora artística Ana Gil apresenta o seu objecto junto ao Lux (Santa Apolónia). A artista plástica Susana Mendes Silva, por sua vez, prefere deixar a localização em aberto até que as coordenadas estejam disponíveis no website. Se os locais, por um lado, foram escolhidos por cada um dos intervenientes como pontos de partida para a criação da obra, também é unicamente a partir destes pontos exactos do território que o espectador consegue não só aceder mas também compreender o objecto artístico. A leitura de um texto, por exemplo, ganha sentido enquadrada no cenário escolhido pelo artista, da mesma forma que um jogo ou um vídeo só pode existir numa relação directa com a cidade. Assim, para aceder a cada um dos objectos, o utilizador tem de entrar na plataforma In Loco (inloco.art) e carregar na coordenada a visitar, seguindo então as orientações propostas para chegar ao local. 

Para a Terceira Pessoa, que idealizou o projecto, esta “é uma forma de pensar e colocar em operação todas estas questões muito presentes entre o físico e o virtual, sobre o que é hoje o lugar". "Foi também assim que colocámos o desafio aos artistas”, enquadra Nuno Leão. A coexistência trazida pelo digital, que tornou o mundo muito mais complexo e fragmentado ao mesmo tempo que uniu pessoas e encurtou distâncias, é um tema que tem suscitado o interesse da associação Terceira Pessoa nos últimos anos e que, por isso, o colectivo quis aprofundar através do projecto In Loco. “Talvez não procuremos respostas, mas antes possibilidades de tocar estas questões. É um meio de ganhar algum distanciamento sobre elas, mas também de encontrar outras formas de pensar, que a arte nos oferece.”

Desta volta a Portugal de telemóvel na mão, fazem já parte 23 objectos artísticos, correspondentes a 23 pontos no mapa. Para um futuro próximo, conta-se com a vontade de alargar os limites do mapa às ilhas e a outros países.

Vários locais (Lisboa). A partir de 10 Out

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