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A Câmara de Lisboa lançou um concurso para o estudo da biodiversidade nas áreas verdes da cidade e não só. Os vencedores fazem parte da academia da cidade: o Centro de Estudos do Ambiente e do Mar (CESAM) e o Centro de Ecologia, Evolução e Alterações Climáticas (CE3C) que agora desenharam um mapa onde a população pode ajudar a descobrir a fauna da cidade. Fomos à Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa aprender mais sobre o assunto.
Inserido no Plano de Acção Local para a Biodiversidade 2020, desenhado pelo município, é um projecto que arrancou oficialmente em Junho deste ano e com um prazo de conclusão apertado: cerca de 12 meses. Um projecto que tem várias acções no terreno, como a inventariação da fauna, trabalho de campo ou mesmo um mapa-inquérito, disponível online, através do qual os cidadãos podem ajudar estes cientistas a georreferenciar as espécies que voam, andam ou rastejam nos jardins, nas hortas, nos parques, nas zonas marinhas ou mesmo em locais mais improváveis. E, quem sabe, se não aparecem algumas surpresas neste pedido de auxílio à população.
À Time Out, o grupo de investigação multidisciplinar alertou para a intrusão de algumas espécies exóticas nos habitats de Lisboa, como o periquito-de-colar ou o periquitão-de-cabeça-azul, ressalvando que ainda não existe um estudo que mostre se as interações com as espécies nativas são positivas ou não, uma vez que competem pelos mesmos ninhos. É um dos dados que poderá ser revelado durante o processo de investigação, que se prevê duro. Por exemplo, no que às espécies de morcegos diz respeito, já têm 50 mil ficheiros para analisar, registos acústicos captados por ultra-sons em 44 pontos de amostragem na cidade. Já agora, aprendemos que há sete espécies de morcego na cidade, 99% delas muito pequenas, mas há uma que pode chegar aos 40 centímetros de asas abertas. E sabia que há mais de 100 espécies de aves na cidade? E que em Lisboa mora um mamífero insectívoro muito pequenino chamado musaranho-de-dentes-brancos? Ah, e que no Parque das Nações mora a lagarta sicula, vinda na areia dos barcos durante a construção da Expo98?
Mas a caracterização que se pretende é mais do que os patos da Gulbenkian ou os pavões do Museu de Lisboa – Palácio Pimenta: são as espécies que não se vêem e que também fazem parte de um ecossistema que tem uma componente importante na gestão urbana. Aliás, o famoso Corredor Verde de Lisboa, não serve apenas a mobilidade dos humanos. É também fundamental para a movimentação de espécies, que passam a olhar para Lisboa como um local com imensos habitats que podem ser explorados. E todas elas, à sua maneira, têm um importante papel no equilíbrio ambiental da nossa cidade, Capital Verde da Europa daqui a um mês. Para já pode começar a armar-se em David Attenborough (ou em Luiz Saldanha, ilustre biólogo marinho lisboeta) e começar a preencher o inquérito que estará online até Fevereiro do próximo ano em app.maptionnaire.com/en/7036, recheado de imagens de espécies já identificadas. Ajude a descobrir por onde elas andam e quem sabe se não faz uma nova descoberta.
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