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A ideia é simples: criar pequenos oásis no meio da cidade, espaços verdes onde as pessoas se possam sentar e usufruir da vida de rua. Como espaço livre é coisa que não abunda nos meios urbanos, a solução foi reconverter lugares de estacionamento “em lugares para estacionar pessoas”, como diz Ana Pereira, da cooperativa sem fins lucrativos Bicicultura, responsável por este projecto-piloto.
Noutras cidades, os parklets aparecem por iniciativa de moradores e grupos de cidadãos – em Lisboa, a sua existência está prevista no Manual do Espaço Público da Câmara Municipal de Lisboa, mas até agora nada de concreto tinha sido feito. A Bicicultura resolveu deitar mãos à obra e desenhar um projecto-piloto – a rede sParqs –, que acabou por contar com vários apoios públicos e um privado.
O projecto visa não só criar sete parklets na cidade, mas também – muito importante – avaliar o impacto que têm: se são efectivamente usados, se passam a ser ponto de encontro das pessoas e, por exemplo, se os lojistas sentem diferença positiva nos seus negócios pelo facto de passarem a ter montras plenamente visíveis, sem carros estacionados em frente, e também por terem um maior número de pessoas a frequentar a zona junto às suas lojas, explica Ana Pereira.
A Bicicultura pretendeu também com este projecto abrir caminho para que o cidadão comum venha a pedir licenciamento à Câmara de Lisboa para a criação de novos parklets. "A ideia é que isto se alargue, se auto-propague", explica Ana. E, para isso, têm mais uma ideia na manga: um serviço chave na mão de criação e instalação de novos parklets, em que a Bicicultura se encarrega de todos os passos, desde o pedido de licenciamento à Câmara ao desenho do parklet e instalação de todos os elementos de mobiliário urbano: bancos, floreiras, árvores, "ou mesmo uma rede para as crianças treparem, peças de parque infantil – tudo pode ser instalado num parklet, a imaginação é o limite", descreve Ana, com entusiasmo, acrescentando ainda que muito se pode fazer num parklet – eventos de poesia, leitura, desenho, música, gastronomia – eventos esses promovidos pelo detentor do espaço, seja ele um morador ou grupo de cidadãos, ou uma loja.
Por enquanto, teremos brevemente mais cinco parklets, quatro em Campolide e um no Beato – as duas freguesias que co-financiaram o projecto, além do Fundo Ambiental do Ministério do Ambiente, o maior financiador. Do lado privado, o projecto contou com o importante apoio da empresa de mobiliário urbano VECO Urban Design, que desenhou e instalou a totalidade destes dois parklets já inaugurados e irá instalar ainda um outro. A rede sParqs teve ainda o apoio da Junta de Freguesia de Arroios, com a cedência do espaço, e da Câmara Municipal de Lisboa, que licenciou a instalação.