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Lisboa na cauda da Europa por falta de ligações ferroviárias a outros países

Organização ambiental Greenpeace analisou 990 rotas entre 45 cidades europeias. Lisboa, Atenas, Pristina, Sarajevo, Skopje e Talin ficam no fim do ranking, com zero ligações a cidades de outros países.

Rute Barbedo
Escrito por
Rute Barbedo
Jornalista
Ligação de alta velocidade Lisboa-Madrid está prevista para 2034
DRLigação de alta velocidade Lisboa-Madrid está prevista para 2034
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Há quatro anos que Lisboa não tem uma ligação ferroviária directa a Madrid. O fim do comboio Lusitânia, que aproximava as duas capitais ibéricas através de uma viagem nocturna, aconteceu durante a pandemia, em Março de 2020, mas a ligação não se reactivou. Em 2024, as únicas ligações ferroviárias internacionais de Portugal fazem-se nos eixos Porto-Vigo e Entroncamento-Badajoz, circunstância que coloca Lisboa fora do quadro e, portanto, no fim da lista da Greenpeace quanto à sua capacidade de conexão por comboio a outras grandes cidades europeias.

O relatório Connection Failled (Ligação Falhada), para o qual chamou a atenção o jornal Público, analisou 990 rotas entre 45 grandes cidades da Europa, com o objectivo de comparar a oferta de ligações ferroviárias directas (inferiores a 18 horas, entre as que já existem, mas também as potenciais) com as rotas aéreas. A conclusão, esmagadora, é que "há seis vezes mais voos do que viagens directas de comboio", e não existe nenhum país-excepção no quadro europeu. Ainda assim, as cidades mais bem posicionadas na lista são Viena (com 17 ligações ferroviárias a outras cidades europeias), Munique (com 15), Berlim (com 14), Paris e Zurique (com 13). No antípoda do ranking estão Lisboa, Atenas, Pristina, Sarajevo, Skopje e Talin, todas elas desprovidas de rotas de comboio directas para cidades de outros países.

Ligação Lisboa-Paris poderia ser nove horas mais rápida

Das 990 rotas analisadas, 419 (42%) "poderiam ser facilmente servidas por um comboio directo com uma duração de viagem inferior a 18 horas, utilizando-se a estrutura ferroviária existente", conclui ainda o relatório, destacando algumas das omissões mais flagrantes da rede europeia: Paris–Roma, Madrid–Paris ou Londres–Berlim. As três, note-se, estão entre "as mais movimentadas rotas aéreas de curta distância na Europa, com mais de um milhão de passageiros por ano", sendo que os aviões emitem, em média, cinco vezes mais gases de estufa do que os comboios, como alerta a Greenpeace.

Apesar do impacto ambiental, a rapidez e os baixos custos fazem suplantar em muito a procura por viagens ferroviárias. Como sublinhou a organização ambiental num relatório publicado em Julho de 2023, em que se compararam 112 rotas europeias em nove momentos diferentes, "os bilhetes de comboio são, em média, duas vezes mais caros do que os de avião". Um exemplo gritante em termos de gastos é a ligação entre Londres e Barcelona, 30 vezes mais cara por via férrea do que pelo ar. No que diz respeito ao tempo, o melhor é olhar para Lisboa: chegar a Paris a partir da capital portuguesa leva hoje 26 horas e 42 minutos e quatro transbordos, uma ligação que poderia ser nove horas mais rápida, estima a Greenpeace. 

Recorde-se que está prevista para 2034 a linha de alta velocidade entre Lisboa e Madrid (que permitirá ligar as duas capitais em cerca de três horas), objectivo em relação ao qual o Governo português decidiu acelerar, tendo como bitola os timings de Espanha. Neste momento, em Portugal, está em construção o troço entre Évora e Elvas (a obra foi iniciada pelo Governo anterior), restando as ligações entre Lisboa e Poceirão e entre Poceirão e Évora.

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