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O Festival de Cinema de Tribeca, que acontece anualmente em Nova Iorque, vai atravessar o Atlântico e estrear-se na Europa. Onde? Em Lisboa. O anúncio foi feito esta quinta-feira, no Beato, onde o Tribeca Festival Lisboa terá lugar a 18 e 19 de Outubro. Robert de Niro, um dos fundadores do festival, em 2002, e Whoopi Goldberg têm presença confirmada. Mas não devem ser as únicas caras de Hollywood a viajar para Portugal.
Esta extensão do festival é promovida pela SIC e pela Câmara Municipal de Lisboa, que se realiza pela primeira vez neste formato. Um formato síntese, se tivermos em conta que o festival em Nova Iorque se prolonga por duas semanas. Em 2006, o Tribeca viajou até Roma, mas em parceria com o RomeFilmFest, tornando inédita esta programação que chega a Lisboa no próximo mês de Outubro.
O Tribeca foi fundado por Robert de Niro e pela produtora Jane Rosenthal, que estarão nesta extensão do festival em Lisboa. O evento nasceu em 2002, como uma homenagem às vítimas dos ataques às Torres Gémeas a 11 de Setembro do ano anterior. Um festival que também foi crescendo ao longo dos anos e que se expandiu além-cinema, com uma programação hoje também dedicada à televisão, música, gaming e podcasts.
A programação ainda não foi divulgada, mas na manhã desta quinta-feira foram revelados mais alguns dos nomes para o festival, adiantou Francisco Pedro Balsemão, CEO do grupo Impresa, no espaço de restauração Praça, no Hub Criativo do Beato, onde decorreu a apresentação. É o caso de Patty Jenkins, realizadora dos filmes Mulher Maravilha, mas também de Monstro (2003), no qual se estreou como realizadora de uma longa-metragem (o filme valeu um Óscar a Charlize Theron, no papel da assassina em série Aileen Wuornos). Também a caminho de Lisboa estará o actor Griffin Dune, actor se que destacou nos anos 1980 com os filmes Nova Iorque Fora de Horas e Um Lobisomem Americano em Londres. Mais recentemente, integrou o elenco da série This Is Us.
“Vamos ter aqui a exibição de filmes, de séries de ficção da maior qualidade possível e imaginável, vamos ter experiências imersivas, conversas muito interessantes entre pessoas de fora e com o nosso talento nacional”, revelou Balsemão, que prometeu dois dias de programação “muito intensos” e descortinou uma parceria futura. “Também queremos produzir mais e usar esta plataforma como um trampolim para a própria SIC e a OPTO crescerem, co-produzirem com a chancela da Tribeca e termos aqui produtos que possam também ser exportados para vários países do mundo, nomeadamente para os EUA”. Para Carlos Moedas, presidente da Câmara Municipal de Lisboa, que também marcou presença nesta apresentação, a chegada do Tribeca poderá ser “uma primeira pedra” para uma “Lisboa, cidade do cinema”.
"Ainda não temos noção daquilo que podemos criar"
Apesar das confirmações internacionais neste Tribeca alfacinha, não foram revelados os nomes nacionais que estarão presentes, embora a plateia desta apresentação oferecesse algumas pistas. Entre elas, o actor Francisco Froes – que este ano vamos poder ver na RTP1 na série A Travessia – com quem a Time Out esteve um pouco à conversa. Luso-americano, está há alguns anos a preparar a curta-metragem Silence, com Sara Sampaio e Rafael Morais, e é ele próprio uma ligação entre os dois países. “Eu acho que é uma oportunidade ímpar em Portugal, é um dos melhores festivais do mundo. É de uma relevância enorme, vai atrair todo o tipo de talento internacional a Portugal”, defende Froes, que acredita ser uma oportunidade para os criadores portugueses expandirem o seu talento para outros territórios. “Ainda não temos noção daquilo que podemos criar, porque somos um país pequeno, é difícil para nós produzirmos cinema, porque o cinema é caro e é preciso muita gente nas salas de cinema. Muitas vezes, por ser tão difícil de fazer acaba por haver menos a sair cá para fora, acaba por ter que ser feito com mais pressa, com menos tempo para podermos fazer com qualidade”, lamenta, embora tenha esperança de que a vinda do Tribeca possa ajudar a garantir mais financiamentos para as produções portuguesas.
E fala um pouco do seu trabalho atrás das câmaras. “Tenho uma curta-metragem que eu escrevi e realizei em Los Angeles, protagonizada por Sara Sampaio e pelo Rafael Morais, e acho que para a semana finalmente acaba a pós-produção do filme. Vamos ver onde é que vai estrear, possivelmente aqui. Veremos”, diz, deixando no ar a certeza de que será um dos filmes em exibição. E recorda o caminho para aqui chegar: “Estou muito feliz de estar a estrear esta curta-metragem que filmei em 2019 em Los Angeles e que escrevi em 2009, uma primeira versão do guião. Demorou muito tempo a fazer, foi feito sem dinheiro e quando se faz coisas sem dinheiro acabam a demorar mais tempo. Mas estou feliz de finalmente estar a acabar o ciclo desta curta-metragem e tenho outros projectos em ficção que também estou a desenvolver. Espero que esta curta seja um bom cartão de visita para os outros projectos”.
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