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Lisboa vai ter uma “monumental instalação” a sobrevoar os céus

A caminho da reabertura, o Centro de Arte Moderna celebra 40 anos. O programa comemorativo arranca a 20 de Julho, com uma “misteriosa instalação em movimento”.

Raquel Dias da Silva
Jornalista, Time Out Lisboa
Fundação Gulbenkian
© Fundação GulbenkianMasayume, do colectivo 目[mé]
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O edifício do CAM – Centro de Arte Moderna deve reabrir no primeiro semestre de 2024. Até lá, comemoram-se 40 anos de actividade, com uma exposição retrospectiva e extensa programação, que inclui uma temporada de arte contemporânea japonesa. É neste âmbito que, entre as 08.00 e as 10.30 e entre as 19.00 e as 21.30 de quinta-feira, 20 de Julho, a domingo, 23, poderá ver uma “monumental instalação” a sobrevoar os céus de Lisboa, em vários locais da cidade. O que se pode esperar ver é, contudo, mistério.

“Desenvolvido pelo premiado colectivo Mé, constituído por Haruka Kojin, Kenji Minamigawa e Hirofumi Masui, o projecto vai surpreender os habitantes da cidade, desafiando a sua capacidade de lidar com o inesperado”, lê-se em nota sobre a instalação, que se intitula “Masayume” (em português significa “sonho que se torna real”) e vai ser mostrada pela primeira vez fora do Japão. Mas a iniciativa está, atenção, sujeita às condições meteorológicas.

Na próxima sexta-feira, além da “misteriosa instalação em movimento”, no Grande Auditório da Gulbenkian vai ser possível assistir a 100 Cymbals, do compositor e artista visual Ryoji Ikeda. Interpretada por Les Percussions de Strasbourg, trata-se de uma instalação-experiência auditiva que se desenvolve “na ténue linha que separa o ruído da ressonância harmónica”. De seguida, Ikeda presta tributo a John Cage, com uma interpretação livre de But what about the noise of crumpling paper, peça composta em 1985 pelo pioneiro americano da música aleatória e electro-acústica.

Já a 23 de Julho, a proposta é da artista Lei Saito, que foi convidada a criar uma paisagem comestível, a que chamou “Cozinha Existencial [Cuisine Existentielle]. Inspirada na investigação de Saito sobre a culinária, a história e o planeamento urbano da cidade de Lisboa, a instalação é constituída por vários alimentos e objectos cerâmicos.

Depois do Verão, a temporada retoma em Setembro, com várias presenças de vulto, a da artista Mieko Shiomi, por exemplo, que em 1964 se tornou membro do Fluxus, movimento que teve em Yoko Ono um dos seus mais mediáticos expoentes. A célebre artista, com 84 anos de idade, vai apresentar uma obra inédita, a ser interpretada por músicos e artistas portugueses, em diferentes espaços da Fundação.

Destaca-se ainda a presença já confirmada de Ami Yamasaki, que utiliza o próprio corpo como instrumento, emitindo sons que reflectem todo o tipo de vibrações invisíveis do que nos rodeia. A artista multidisciplinar vai apresentar a performance Manga Scroll, de Christian Marclay, e também uma performance a solo e em dueto com o músico Ko Ishikawa, um reconhecido intérprete de Sho, um instrumento musical japonês.

Com curadoria de Emmanuelle de Montgazon, esta temporada de arte contemporânea cruza diferentes práticas e disciplinas artísticas, partindo do conceito arquitectónico de engawa, que está na base do projecto do arquiteto Kengo Kuma para o edifício do CAM, e que designa um espaço de passagem, interior e exterior, encontrado habitualmente nas casas tradicionais japonesas.

“O conceito [de engawa] é usado para evocar os espaços relacionais fora do espaço doméstico, ideia presente nos movimentos artísticos japoneses do período pós-guerra, lugares de questionamento da história oficial que construiu a identidade japonesa e que continua a ter eco nas práticas dos artistas contemporâneos”, lê-se em nota sobre a programação, que deverá ser divulgada na totalidade antes da rentrée.

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