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Lisboa volta a ter água no aqueduto (e não só) a partir de 2023

O próximo ano promete trazer mais água à cidade. A EPAL vai reactivar o Aqueduto das Águas Livres, instalar mais bebedouros e até reabilitar um lago.

Raquel Dias da Silva
Jornalista, Time Out Lisboa
Aqueduto das Águas Livres
©DRAqueduto das Águas Livres
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O circuito do Aqueduto das Águas Livres vai voltar a funcionar a partir do próximo ano, cinco décadas depois de ter sido completamente desactivado por causa da diminuição dos caudais das nascentes. O anúncio foi feito pela Empresa Portuguesa de Águas Livres (EPAL), que tem outros projectos previstos, incluindo a instalação de novos bebedouros por toda a cidade, a recuperação dos chafarizes lisboetas e a reabilitação do lago do Jardim do Príncipe Real.

Construído no século XVIII, o Aqueduto das Águas Livres costumava funcionar como sistema de captação e transporte de água e foi um dos poucos monumentos lisboetas a sobreviver ao terramoto de 1755. Desactivado em 1973 e aberto ao público para visitas, é hoje parte integrante do património histórico e cultural da EPAL, que o fará regressar às origens já no próximo ano. “A água vai passar pelo aqueduto rumo a uma cidade mais sustentável, a um planeta mais verde, a um futuro mais promissor”, lê-se em comunicado da empresa.

Ao reactivar o circuito do aqueduto, a EPAL volta a abastecer a cidade, contribuindo para a redundância da rede potável, o que poderá ser útil em caso de seca, incêndios e outras catástrofes nacionais. Com um total de 58 quilómetros, o sistema é composto por um troço principal com 14 quilómetros – entre a Mãe d’Água Velha, em Belas, e o reservatório da Mãe de Água das Amoreiras –, e vários troços secundários que encaminham a água que brota de cerca de 60 nascentes. Mas a zona mais icónica é a da arcada do vale de Alcântara, com 35 arcos, mais de 940 metros de comprimento e uma altura superior a 65 metros.

Não se preocupe: a recuperação do percurso da água não envolve o fim das visitas ao aqueduto, que está classificado como Monumento Nacional desde 1910. Até 2023, todo o caminho está aberto ao público e, depois da travessa do vale de Alcântara, será possível passar pelo aqueduto geral até à Mãe d’Água das Amoreiras. A galeria do Loreto também já é visitável, mas a EPAL tenciona abrir as restantes quatro galerias, que fazem parte do sistema e abastecem cerca de 30 chafarizes espalhados por Lisboa. A próxima é a do Rato.

Mais água, 0% energia

Além de reactivar o aqueduto, a EPAL tenciona instalar mais 150 bebedouros, com estrutura para que a água também possa ser consumida por animais de estimação, e não só. Embora já não cumpram a função para a qual foram criados, os chafarizes continuam a ser importantes enquanto elementos icónicos da cidade, razão por que também vão ser reabilitados. Está ainda prevista a reabilitação do lago do Príncipe Real, em circuito fechado de água, e do Reservatório da Penha de França, que será aberto ao público.

Entre os projectos previstos, encontra-se também um novo edifício na Rua José Gomes Ferreira, que se encontra em fase de licenciamento e cuja solução arquitectónica foi desenvolvida no âmbito de um concurso público lançado pela EPAL em colaboração com a Ordem dos Arquitectos; uma intervenção no edifício do Páteo do Tronco, que será transformado numa residência de estudantes, nomeadamente filhos de trabalhadores da EPAL/AdVT; e a instalação de painéis fotovoltaicos em recintos da EPAL, no âmbito do programa 0% Energia.

A EPAL anunciou ainda uma nova Academia das Águas Livres, inclusiva e aberta à comunidade. “A funcionar até hoje no Recinto do Arco, a escola da EPAL cresceu muito nos últimos anos e, por isso, precisa de mais espaço e de uma nova casa”, revela a empresa. “Para além dos espaços de formação, locais para eventos e de um esplêndido auditório com vista sobre Monsanto, terá ainda um restaurante e cafetaria com esplanada.” Haverá também estacionamento coberto, espaço para prática de desportos ao ar livre, com balneários no edifício principal, uma zona para feiras e exposições temporárias, que valorizem temáticas ambientais e de sustentabilidade, e um plateau para exposição de obras de arte urbana, com visibilidade a partir do interior e do exterior do recinto.

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