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Livraria Tema fecha definitivamente no final de Fevereiro

Raquel Dias da Silva
Escrito por
Raquel Dias da Silva
Jornalista, Time Out Lisboa
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Perante uma implacável queda das vendas nos últimos tempos, o proprietário decidiu fechar portas. A loja era lugar de peregrinação, sobretudo para os consumidores de revistas internacionais.

As revistas mais difíceis de encontrar, as capas mais bem desenhadas, os livros de super-heróis americanos, os jornais e revistas de todos os dias convivem há anos na Sunrise Press, uma das livrarias mais completas da cidade. Mas a loja, em tempos e ainda hoje conhecida por Tema, fecha portas no final do mês de Fevereiro.

A Livraria Tema nasceu nos idos de 1980, num espaço do Xénon, um centro comercial decadente no final da Avenida da Liberdade, perto dos Restauradores. Desde o início que a aposta foi no nicho das revistas internacionais, como The New Yorker, Harper’s, Atlantic Monthly, Wired, Cereal, Kinfolk ou The New York Review of Books. Tornou-se lugar de peregrinação pela diversidade da oferta, entre os jornais de todo o mundo, incluindo os títulos russo escritos em cirílico, e as revistas nacionais, francesas e inglesas, de tecnologia, desporto, culinária, música, cinema, moda ou decoração.

Quando o Centro Comercial Colombo abriu, foi aí inaugurada uma segunda loja, mas fechou em 2013. Nessa altura, já a loja da Avenida tinha mudado de nome e estava sob nova gerência. Mas a “nova” Sunrise Press continuou a ser a Tema de sempre, pelo menos para os clientes de longa data. “Quando começou a ficar apertado, optámos por fazer cedência de espaço”, diz à Time Out Tiago Costa, funcionário da loja há mais de três anos. “Noto que, desde 2016, o número de clientes reduziu muito. Há muitos turistas a passar, mas a nós não nos ajuda.”

Actualmente, a Sunrise Press partilha morada com a Lisbon Lovers, que vende souvenirs, como postais e ímanes, e chegou a ter loja própria, uns números acima, até Dezembro do ano passado. Mas o sub-arrendamento do espaço não foi o suficiente. “O movimento na Avenida baixou muito, havia muita gente a morar perto, muita gente a trabalhar, mas desapareceram”, explica Tiago. “Estou triste, já tinha passado por esta situação na loja do Colombo.”

“Agora há menos pessoas”

Odete Pereira, 84 anos, é cliente habitual. Conta que, quando era mais nova, comprava figurinos e a revista espanhola ¡Hola!, mas agora gosta mais “das palavras cruzadas e de conversar”. “Agora há menos pessoas”, acrescenta. “A vida dá muitas voltas.”

Nas redes sociais, por onde o anúncio repentino do fecho abalou os menos atentos, os clientes recordam agora os tempos em que a “Tema chegou a ir a Cascais comprar edições americanas de banda desenhada” em 1992 ou esteve presente na primeira edição dos Encontros de Ficção Científica, também em Cascais, mas uns anos mais tarde, em 1996.

A Lisbon Lovers ficará aberta até ao final de Março. “Vão entrar em negociações com o proprietário”, sublinha Tiago. Quanto à Tema, o que não for vendido será devolvido aos distribuidores, “para ser feito o acerto de contas”.

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