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Lodge 49: os herdeiros da crise

Luís Filipe Rodrigues
Editor
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As marcas deixadas pela crise de há dez anos encontram-se expostas, para toda a gente ver, em Lodge 49, que se estreia pelas 22.50 de segunda-feira no AMC. É a melhor série do Verão.

As crises económicas deixam feridas que nunca saram. Vários estudos apontam nesse sentido, mas poucos – ainda que cada vez mais – objectos culturais exploram esses traumas. E menos ainda os filmam com tanto cuidado e empatia como Lodge 49 (o título remete para O Leilão do Lote 49, de Thomas Pynchon, uma referência assumida da série).

A acção situa-se no presente, mas o espectro da crise do subprime de há dez anos, que em Portugal deflagrou a intervenção da troika e a eleição do governo de Passos Coelho, paira sobre cada cena. Dud (Wyatt Russell) é um jovem surfista cuja vida foi virada do avesso depois de ser mordido por uma serpente – a ferida nunca sarou – e da morte do pai que, pouco tempo depois, o deixou a ele e à irmã endividados.

O protagonista é quase um indigente, e as pessoas que o rodeiam não estão muito melhor: empregadas de bar que são desumanizadas pela sua indústria e clientes, jornalistas que sofrem com a crise do sector, trabalhadores fabris no desemprego, vendedores que não têm a quem vender. Mas também mediadores imobiliários que lucram com a recessão e os despejos, pequenos agiotas e gente que recorre aos seus serviços.

Muitas destas almas penadas e as suas histórias cruzam-se no Lodge 49 que dá o nome a esta comédia dramática, a sede local de uma sociedade fraternal esquecida pelo tempo. As histórias desenrolam-se com uma calma estuporada e narcótica, respiram com paciência. Fazem-nos pensar na forma como vivemos. E porquê.

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