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‘Lume’ é um “eco-thriller” sobre incêndios, entre Portugal e Espanha

Os dois países ibéricos voltam a juntar-se para produzir uma série. Fomos a uma tarde de rodagem em Sintra e falámos com alguns dos protagonistas.

Renata Lima Lobo
Escrito por
Renata Lima Lobo
Jornalista
Albano Jerónimo
©Coral EuropaAlbano Jerónimo, em 'Lume'
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Lume é o nome da futura série que, em Portugal, será emitida pela RTP1 e também pelo streaming da Max. Albano Jerónimo e Ricardo Pereira estreiam-se a contracenar em televisão, numa produção que junta a portuguesa Coral Europa e a espanhola Sete Media. Data de estreia, ainda não se sabe (seguramente não será este ano); mas já se sabe muita coisa.

A ideia partiu de Espanha. Em concreto, da argumentista Irene Pin, a criadora de Lume, que contou com a ajuda da portuguesa Sara Rodi (Sr. Rui) para desenhar o argumento da série. A realização é também feita a quatro mãos, entre o realizador português Sérgio Graciano (Codex 632) e Giselle Llanio, realizadora cubana residente em Espanha.

Sintra, Montalegre e Santiago de Compostela são algumas das localizações de rodagem de Lume, uma história sobre um grande incêndio que abrange Portugal e Espanha e o mistério em torno da sua origem. A personagem principal é Lucia, uma jornalista luso-espanhola que sai em reportagem para fazer a cobertura da tragédia.

Albano Jerónimo
©Coral EuropaAlbano Jerónimo, em 'Lume'

Numa tarde de calor no concelho de Sintra, numa oficina remota, havia fumo, mas não se via fogo. Ao serviço, estavam os actores portugueses Albano Jerónimo e António Mortágua – vestidos com fardas da GNR – Ricardo Pereira e João Pedro Vaz e as actrizes espanholas Grial Montes e Cristina Castaño. “A minha personagem é muito interessante, muito complexa”, começa por explicar Castaño aos jornalistas presentes, neste que é o seu primeiro trabalho em Portugal. “Enviam-na à Galiza para cobrir o incêndio, mas ela o que quer é encontrar o verdadeiro culpado do incêndio de 1993, em que seu pai foi dado como culpado. O pai suicidou-se na prisão e ela crê firmemente na sua inocência. Então aproveita para tentar relacionar os dois incêndios e encontrar o verdadeiro culpado”, revela. Por interpretar uma personagem que vive em Portugal desde muito jovem, a galega Cristina Castaño teve aulas de português durante dois meses, mas a proximidade das línguas castelhana, galega e portuguesa não dificultam muito a missão que tem em mãos.

Outra estreia nesta série tem a ver com os actores Albano Jerónimo e Ricardo Pereira, que contracenam juntos pela primeira vez, apesar de já terem partilhado projectos (Rabo de Peixe é um exemplo). Albano interpreta um GNR chamado Júlio Bugalho que é destacado para uma aldeia, representando um “confronto entre uma nova geração da Guarda com um poder já instituído, que também tem as suas ramificações”, começa por explicar. E Ricardo Pereira veste a pele de Mário, o editor do jornal onde trabalha Lucia, também sua ex-mulher.

“Que a arte seja um pretexto para criarmos países sem fronteiras”

Sobre as vantagens desta aproximação entre Portugal e Espanha no audiovisual – que nos tem dado diversos títulos, de Auga Seca a Operação Maré Negra ou Motel Valkyrias –, Ricardo Pereira sublinha que é uma forma de a história “ser vista por mais pessoas”. Albano Jerónimo acrescenta que é uma forma de os actores adquirirem “mais bagagem” ao longo das suas carreiras, ao abraçar novos mercados e “novas formas de estar e trabalhar”. “Que a arte seja um símbolo ou um pretexto para criarmos países sem fronteiras”, deseja. Sobre o tema de Lume, Albano lamenta que os incêndios sejam “um flagelo” e espera que a série “sirva como plataforma de debate e de pensamento”, alertando para a falta de condições das corporações de bombeiros neste combate.

Albano Jerónimo e António Mortágua
©Coral EuropaAlbano Jerónimo e António Mortágua, em 'Lume'

Embora já tenha trabalhado com produtoras espanholas, na série Crimes Submersos (RTP), esta é a primeira vez que a produtora Coral Europa trabalha em co-produção com a Galiza. Em conversa com a Time Out, o director-geral Bruno de Lima Santos diz acreditar que é um caminho importante a percorrer. “É uma questão também de dimensão. Ou seja, enquanto que na região metropolitana de Madrid ou de Barcelona existe um mercado suficientemente grande, com mais músculo, a Galiza também precisa de parcerias. Portanto, acho que é muito natural essa associação entre Portugal e Galiza.” A Time Out desafiou ainda o realizador Sérgio Graciano a descrever o ponto forte desta produção, que afirmou. “É a força dos dois países a fazer uma série para Max, Tv Galicia e RTP. É uma série robusta, com algum orçamento, com grandes actores portugueses e espanhóis”.

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