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Depois de seis meses na Alfândega do Porto (onde contou com 30 mil visitantes, 85% dos quais portugueses), a exposição imersiva que conta a vida de Frida Kahlo chegou a Lisboa. No Reservatório da Mãe D'Água das Amoreiras, o outro espaço ocupado em permanência pela Immersivus Gallery, ressaltam agora as cores e os motivos que pautam o imaginário da pintora mexicana. Entre painéis interactivos, instalações tridimensionais, realidade aumentada e video mapping – e sem obras da artista –, esta é uma experiência concebida para todas as idades.
"A Frida não é somente um ícone do feminismo e de luta política. É um ícone de resiliência, de perseverança. Foi uma mulher que sofreu muito, temos muito com que nos identificar", afirma Edoardo Canessa, produtor executivo da Immersivus Gallery, projecto que tem trazido a Portugal experiências como "Misterioso Egito", "Monet & Klimt" e "Michelangelo & Da Vinci".
"Frida Kahlo, a Biografia Imersiva" resulta do trabalho conjunto do estúdio português Ocubo, da Frida Kahlo Corporation, da galeria Ideal Barcelona e da equipa do Layers of Reality. O desafio, face à localização portuense, começou por ser instalar o percurso expositivo num local substancialmente mais pequeno. A solução foi criar um circuito de tendas que circunda o edifício histórico – é nelas que a história de Kahlo é contada com recurso às mais engenhosas tecnologias multimédia.
O acidente – acontecimento que alterou o curso de toda a vida de Frida, ainda na adolescência – é o primeiro momento. Através da sobreposição de camadas transparentes, é criado um vídeo de efeito volumétrico que oferece um leve vislumbre da violência do embate. A convalescença prendeu-a à cama e ao quarto e a dor física pautou as primeiras pinturas, como denota a segunda sala.
A partir daí, o imaginário visual de Frida Kahlo toma conta do percurso – caveiras, espinhos, flores, frutas, facas, sangue ou colibris brotam do chão num painel interactivo que reage a cada passada. O mesmo acontece na viagem de realidade aumentada que leva os visitantes a percorrer o universo de símbolos a partir da cama da artista. Uma experiência verdadeiramente imersiva, só quebrada pelo trepidar do chão da tenda à passagem de outros. Uma das desvantagens do percurso, que em pleno Inverno vai manter passagens pelo exterior – estas estão cobertas, mas não à prova de mau tempo.
No final da exposição, entramos no reservatório. "Vemos as imagens da Frida, das suas lutas, espelhadas na própria água. É a magia deste sítio", assinala Edoardo Canessa. As projecções em 360 graus evoluem em crescendo, com o espelho de água do Reservatório das Amoreiras a duplicar os jogos de luz e cor. O som complementa a experiência.
Depois de, em Setembro, a falta de acessibilidade da exposição para pessoas em cadeira de rodas ter sido notícia, a inauguração, na última quarta-feira à noite, já decorreu com a falha colmatada. Segundo se lê na página oficial, existe um "elevador de escadas de tracção" que permitirá o acesso ao Reservatório da Mãe D'Água das Amoreiras.
Praça das Amoreiras, 10 (Rato). Ter-Qui 16.30-20.00 e Sex-Dom 16.30-20.30. Até 9 de Abril. 13€-15€
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