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‘Madrugada Suja’ chega à RTP em 2023. Fomos assistir às filmagens

O romance 'Madrugada Suja’, de Miguel Sousa Tavares, vai ser adaptado ao pequeno ecrã. Rafael Morais e Victoria Guerra são os protagonistas da série de seis episódios.

Margarida Coutinho
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Margarida Coutinho
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Rafael Morais
Mariana Valle LimaRafael Morais é o protagonista da nova aposta da RTP
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Faz-se silêncio no Palácio dos Marqueses do Lavradio, no Mercado de Santa Clara, numa tarde de Verão no final de Julho. Estamos na quinta semana de rodagem de Madrugada Suja, a nova série da RTP com produção de Maria & Mayer, com estreia prevista para 2023. Sob o olhar atento de Sebastião Salgado, realizador à frente da sua primeira série, técnicos, câmaras e actores preparam-se para rodar mais uma cena no espaço que será visto como Câmara Municipal de uma pequena aldeia do interior alentejano. É entre estas paredes que se filmam algumas das cenas mais tensas que envolvem corrupção, jogos de poder e um crime esquecido que regressa para assombrar a vida dos envolvidos. Madrugada Suja, a série adaptada do romance com o mesmo nome, de Miguel Sousa Tavares, lançado em 2013, chega à RTP e à RTP Play no próximo ano.  

A tarde de filmagens arranca com Rafael Morais (Filipe Madruga), Iris Cayatte (Rita) e Marco Mendonça (Rudolfo) a dividirem uma cena passada na Câmara Municipal onde as três personagens trabalham. O número reduzido de actores é compensado pelos técnicos que ocupam quase todo o espaço da imponente sala do antigo Tribunal Militar. Toda a cena é acompanhada de perto por Sebastião Salgado, que vai dando indicações a toda a equipa técnica. O realizador (que também escreveu para a Time Out Lisboa no início da década passada) já tinha participado na escrita de séries e novelas para a RTP, SIC e TVI e assinado curtas-metragens como Já Passou (2016) e Segunda-Feira (2018). Mas Madrugada Suja é a sua primeira realização com mais fôlego. “Estou a gostar muito do projecto, muito também pela liberdade que o Sebastião nos está a dar”, diz Iris Cayatte, a actriz que interpreta Rita, uma colega e interesse amoroso ambíguo de Filipe, o protagonista. “Mudamos muitas cenas à última da hora, reescrevemos, cortámos coisas para haver mais silêncios – e o Sebastião está muito aberto a isso, o que é muito prazeroso enquanto actriz”.

MADRUGADA SUJA
Armanda Claro'Madrugada Suja' é a primeira longa-metragem de Sebastião Salgado

Madrugada Suja começa em 1988, numa noite de álcool entre estudantes que culmina na prática de um crime. A acção avança até à idade adulta e acompanha Filipe Madruga – interpretado por Rafael Morais –, um dos jovens envolvidos no crime e que hoje trabalha como arquitecto na Câmara Municipal de uma pequena aldeia no Alentejo. Quando não aprova um projecto numa área de reserva natural, Filipe é chantageado por políticos que descobrem os segredos do seu passado. “O Filipe vê-se confrontado entre defender aquilo em que acredita e defender-se a si próprio e à sua liberdade. Acho que é um bocado a luta com os nossos próprios demónios”, partilha Rafael entre filmagens. Depois de protagonizar Amadeo (2022), de Vicente Alves do Ó, ou de participar em Glória (2021) e White Lines (2020), Madrugada Suja é o seu primeiro projecto como protagonista para televisão. “Aceitei o convite por ser totalmente diferente, por perceber a forma como o Sebastião queria trabalhar, que dentro do panorama nacional é um bocadinho diferente, e pelo elenco que é incrível”, explica o actor que também integra o elenco de Rabo de Peixe, a nova série portuguesa da Netflix, ainda sem data de estreia.

A Rafael Morais e Iris Cayatte, juntam-se nomes como Victoria Guerra, Gonçalo Waddington, Adriano Carvalho, Manuel João Vieira, Lia Carvalho, Paulo Pinto, José Pimentão, Sandra Faleiro ou Maria João Falcão.

MADRUGADA SUJA
Armanda ClaroA série chega à RTP e à RTP Play em 2023

Filho da pandemia

Enquanto muitos se dedicavam ao pão ou às plantas, Maria João Mayer, uma das responsáveis pela produtora Maria & Mayer, aproveitou os tempos de pandemia para pensar em novos projectos. “Durante a pandemia, estava a colaborar com a Cristina Ovídio, que conhece todos os livros do Miguel Sousa Tavares, e ela disse-me que um dos livros era muito bom em termos de história para fazer uma série”, explica a produtora. Com adaptação de Filipa Cabrita de Sousa, a obra de Miguel Sousa Tavares que se desenvolve em volta de um caso de corrupção política transformou-se numa série de seis episódios. “O Miguel [Sousa Tavares] leu os argumentos, ele já tinha trabalhado com a Filipa [Cabrita de Sousa], e deu-nos uma grande liberdade”, continua Maria João Mayer. Apesar de ser baseada em Madrugada Suja, a nova série da RTP não quer ser uma cópia da obra. “Uma coisa é o livro, outra coisa é uma série. Há personagens novas, há outras que desaparecem. Tivemos de condensar uma série de coisas, mas a raiz da história está lá”.

A série, que chega aos ecrãs em 2023 ainda sem data de estreia confirmada, será exibida na RTP e fará parte do catálogo do serviço de streaming da estação pública. “Para mim, o exibidor principal é a RTP. Adoraria que chegasse a outros sítios, mas neste momento o foco é em fazer a melhor série que conseguirmos”, partilha Maria João Mayer sobre a possibilidade de Madrugada Suja chegar a serviços de streaming internacionais, como a Netflix ou a HBO. Também Rafael Morais só vê vantagens em mais produções nacionais integrarem catálogos internacionais. “O facto de os serviços de streaming se interessarem por projectos portugueses é óptimo e espero que continue. Fazem-se dez filmes em Portugal num ano bom, o que não é nada, e esse interesse pode significar mais trabalho para actores e técnicos”.

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