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Um ano sem viajar não é muito tempo. Mas um ano sem poder viajar é uma eternidade – e estamos ansiosos por o voltar a fazer. Um ano após o início da pandemia em Portugal, a Time Out lançou um inquérito para tirar o pulso aos planos de viagem dos seus leitores. Os resultados expressam uma vontade clara de voltar à estrada (ou ao ar). A maioria quer sair assim que for permitido e para o mais longe possível, mesmo que isso signifique ficar em Portugal: os Açores e o Alentejo estão entre os destinos mais mencionados nas respostas.
Antes de mais, comecemos pelas saudades: têm sido muitas. Mais de metade das pessoas que responderam ao inquérito (54,8%) diz ter “morrido de saudades” de viajar, enquanto cerca de um terço (34,5%) afirma ter tido “bastantes” saudades de se fazer ao caminho. “Um pouco” foi a resposta da minoria (10,2%), completada por uma franja residual de pessoas que dizem não gostar de viajar (0,4%). Isto ajuda-nos a perceber os resultados seguintes: quando é que quer viajar? “Assim que me deixarem”, indica a esmagadora maioria (66%); ou “quando a maioria da população estiver vacinada”, contemporizam 27,8% dos inquiridos. Ainda assim, 6,2% dizem não querer viajar nos próximos tempos.
Os destinos preferidos para a próxima viagem são os mais diversos, com a maioria (58,5%) a querer ir “para o mais longe possível” – embora uma expressiva percentagem (40%) diga que pretende ficar por Portugal. (Estas duas respostas podem ser complementares e não mutuamente excludentes, como veremos nos casos dos Açores e da Madeira.) “Viajar? Não quero nem sair de casa” foi a escolha de 1,2% dos participantes; de resto, 0,4% admitem ficar-se pelas respectivas cidades (não temos nada contra esta opção, pelo contrário).
Para onde querem ir, então, os leitores da Time Out? As respostas vão tão longe como a Polinésia Francesa e a Nova Zelândia, cruzando todo o globo com algumas paragens mais populares pelo caminho – Itália (5,7%), EUA (3,4%), Espanha (3%), Reino Unido (2,8%), França (2,7%), Japão (2,6%), Tailândia (2,2%), Islândia (1,9%), Grécia (1,8%)... As respostas são tão dispersas que nenhum destes destinos se destaca percentualmente. Excepto Portugal, que reúne 35,3% das preferências (a disparidade de 4,7 pontos para o número de inquiridos que diz pretender viajar dentro do país talvez se explique porque algumas das respostas obtidas eram variantes de “não sei” ou de “qualquer lugar”).
E para onde querem ir os leitores da Time Out em território nacional? Para o Algarve? Também, mas nem tanto. Do total de inquiridos que diz querer viajar dentro de Portugal, 21,2% designaram os Açores como o destino de eleição. É um destacado primeiro lugar. O Alentejo, que surge logo a seguir no topo das preferências, fica-se pelos 12,7%. A Madeira, em terceiro, pelos 11%. Só então vem o Algarve, com 9%, e o Interior, com 6,3%. No entanto, existe um leque de destinos nacionais que, se vistos em conjunto, ganham força: Gerês (5,1%), Norte (4,5%), Porto (3,1%), Douro (3,1%), Minho (3,1%) e Trás-os-Montes (2,8%) valem 21,7% somados. 8,8% indicaram ainda “Portugal”, sem particularizar.
Fazendo as contas aos destinos por continente, a Europa leva quase dois terços das preferências (63,7%), com 28,4 pontos percentuais referentes a outros países que não Portugal. Seguem-se Ásia (16,6%), América Latina e Caraíbas (7,1%), América do Norte (4,4%), África (4,2%) e Oceânia (1,5%). O avião é, sem dúvida, o meio mais confortável para quem preencheu o inquérito (50,9%). O número de pessoas que elege o automóvel (35,6%) é quase coincidente com o de quem prevê um destino nacional para a sua próxima viagem. O comboio (6,7%) e o turismo activo (5,1%), isto é, caminhar ou andar de bicicleta, ficam à frente dos cruzeiros e do autocarro, que ficam abaixo do ponto percentual.
Quanto à companhia, 40,7% planeia viajar em família, 27,3% em casal, e 19,4% com amigos. Mas uma fatia significativa (12%) pretende dar um giro sozinho (o que nós compreendemos bem). O resto (0,6%) afirma que não vai viajar. Quanto à antecedência que cada um gostaria de ter para planear a próxima viagem, a maioria diz precisar de um a dois meses (35,3%), ou dois a três meses (29,5%). “Não planeio nada com menos de três meses de antecedência” foi a resposta de 13,4%, por oposição a 21,8% dos inquiridos que, sendo mais práticos ou tendo menos o que acautelar, só precisam de duas semanas.
O alojamento preferido é um “bom hotel” (51,5%). Um hotel pequeno ou hostel (23,4%) ou um alojamento privado, como por exemplo o Airbnb (22,4%) estão quase empatados, embora com grande diferença em relação ao campismo (2,4%) e aos cruzeiros (0,4%).
Por fim, os impactos da pandemia no futuro das viagens. Apenas 11% acredita que tudo voltará a ser como antes. A maioria (46,2%) afirma que não voltará a viajar com o mesmo à-vontade dos tempos pré-pandemia. No entanto, quase tantos outros respondentes (42,8%) dizem que vão ser mais prudentes ao início, mas que depois vão voltar ao mesmo.
O inquérito teve 1378 participantes, tendo decorrido online, nos sites da Time Out Lisboa e da Time Out Porto, entre 25 de Fevereiro e 16 de Março de 2021. Nove das dez perguntas eram de escolha múltipla. A única pergunta com resposta aberta pretendia saber o próximo destino que cada participante gostaria de visitar. Qualquer pessoa podia responder.