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A pandemia de Covid-19 colocou a expressão “distanciamento social” no discurso. Passámos a olhar para a distância entre as mesas nos restaurantes, para a largura das cadeiras no cinema, para o espaço entre pessoas nas filas. Na prática de exercício físico, os ginásios começaram por reduzir a lotação, mas há modalidades em que o contacto, mais do que uma consequência, é uma exigência. Em Lisboa, os novos sítios dedicados ao boxe têm encontrado formatos que contornam a questão do contacto entre corpos. É o caso dos estúdios Fitboxing, que acabam de inaugurar um terceiro espaço no centro da cidade.
A empresa espanhola, já fixada em Carnide e no Areeiro, chegou no último mês à Avenida João Crisóstomo, nas Avenidas Novas, ocupando as antigas instalações da Academia Kolmachine. Para lá da recepção, encontramos uma zona de cacifos, balneários masculinos e femininos, e, finalmente, a única zona de treino, repleta de sacos. “Neste momento temos 15 sacos, mas a sala tem espaço para 24. Só que para ter mais distanciamento entre todos decidimos ter menos agora, depois vamos aumentando aos poucos”, explica Beatriz Monteiro, do departamento de Marketing do Brooklyn Fitboxing Saldanha.
Há entre quatro a cinco aulas de grupo por dia, de segunda à sábado, com a duração de 47 minutos. Golpes de boxe, kickboxing e muay thai são intercalados com rondas de treinos funcionais. “É um treino muito completo, muito em forma de HITT (High Intensity Tactical Training). Vamos sempre alternando as rondas com os nossos treinos funcionais, com agachamentos, flexões, abdominais”, diz. Na prática, o único contacto ao longo de toda a aula é com o saco – um saco especial, com sensores que medem não só a força como a capacidade de golpear ao ritmo da música. “Toda a nossa aula é medida através de pontuações do tal sensor”, explica a responsável, apontando para a tela ao fundo da sala que exibe uma lista de participantes e respectivas pontuações. “Cada pessoa faz a aula ao seu ritmo, com a força que pretender realizar. É sempre entre a pessoa e o saco, não há qualquer dinâmica entre um e outro.” No site Brooklyn Fitboxing é possível acompanhar, na área pessoal, os valores conseguidos em cada treino, para observar a evolução – no futuro, toda a informação estará disponível numa aplicação própria que está a ser ultimada.
No final de cada aula, as pontuações dos participantes são convertidas no que a empresa designa como “karma”. “Colaboramos com várias ONGs ao longo do ano, esse karma nós doamos no final de cada treino e, no final do ano, o Brooklyn Internacional reverte esse karma em dinheiro e ajudamos as tais ONGs”, explica Beatriz. Actualmente, é possível escolher doar a organizações como Save The Children, Mission Blue, Médecins Sans Frontières e Tree-Nation. “De momento são todas internacionais, estamos a tentar fechar parcerias em Portugal”, admite Beatriz, que “gostava de ter este conceito também em Portugal”. Questionada pela Time Out, a empresa não divulga os valores envolvidos na conversão do “karma” em euros.
Quanto a mensalidades, estas também não são divulgadas sem uma visita. “Temos sempre algumas promoções a decorrer, por isso não temos aquele valor fixo tabelado”, revela Beatriz. Os valores são revelados apenas após o primeiro contacto. A aula experimental tem o custo de 9,95€ e inclui a oferta de luvas e ligaduras. “Em média a pessoa pode escolher entre packs de oito aulas mensais ou de 12”, indica a responsável.
No dia da visita da Time Out, a aula está concorrida – e são sobretudo mulheres as que calçam as luvas. Sofia Gonçalves, directora do espaço no Saldanha, conta: “Já tivemos [aqui] pessoas que já praticam boxe, mas o que sentimos é que são pessoas que estão cansadas daquilo que é o ginásio convencional hoje em dia e que preferem fazer outras coisas.”
Brooklyn Fitboxing Saldanha. Av. João Crisóstomo, 51 (Avenidas Novas). Seg-Sáb 10.00-20.00. saldanha@brooklynfitboxing.com