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Mais pessoas, menos carros e arte urbana com muita cor no Mercado de Arroios

Se o sucesso de uma intervenção se pudesse medir pelo número de pessoas que param para a fotografar, podíamos assegurar que esta vai ter um sucesso estrondoso.

Helena Galvão Soares
Jornalista
Intervenção do Colectivo Artístico Boa Hora Estúdio
Helena Galvão Soares
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São quase 17 horas e o Mercado de Arroios está prestes a fechar. É lá que ficam guardados os baldes, trinchas e tintas que o Colectivo Artístico Boa Hora Estúdio está a usar no projecto que vai dar nova vida às ruas em torno do mercado. Há que gastar os últimos cartuchos, quer dizer, os restos de todas as tintas que estiveram a usar, antes de lavarem os baldes e irem embora.

"Há aqui amarelo" – diz o Vasco – "foi o mais caro, vamos usar isto." "Põe ali, põe ali", diz o João Miguel e aponta para o desenho do outro lado da rua. "Tenho roxo, montes de roxo", diz o Fred. "Dá aí" – Miguel leva o balde e vai pintar uma floreira, que a partir de agora passa a a fazer parte do painel. Estava feia ali, só em betão.

Intervenção do Colectivo Artístico Boa Hora Estúdio
Helena Galvão Soares

Miguel Brum, Vasco Costa, Paulo Ferreira, João Miguel Santos e Frederico Mendes compõem o Colectivo Artístico Boa Hora Estúdio, que venceu o concurso do projecto A Rua é Sua, lançado pela Junta de Freguesia de Arroios em articulação com a Câmara de Lisboa, para requalificar o espaço público envolvente do Mercado de Arroios e devolvê-lo às pessoas.

O objectivo é reformular a geometria dos cruzamentos das ruas que passam e desembocam no largo, de forma a diminuir a velocidade de circulação automóvel e eliminar o estacionamento em segunda fila. Agora o trânsito entra no largo em esquinas de 90 graus (que obriga à redução da velocidade) para uma única faixa de circulação em redor do mercado. Isso permitiu ganhar muita área pedonal (1174 m2, para sermos mais precisos), onde irá ser instalado mobiliário urbano e esplanadas, bem como 14 árvores que trarão a desejada sombra nos dias de calor.

Foi para toda esta nova área pedonal que o Boa Hora Estúdio desenvolveu o seu projecto de arte urbana, com desenhos de dimensões generosas, com uma boa leitura ao nível da rua, mas também pensados para serem vistos de cima, das janelas circundantes, de onde se poderá apreciar todo o conjunto. Tratando-se uma intervenção no chão, foi usada tinta de secagem rápida, grande resistência e durabilidade. “Usámos tinta epóxi com endurecedor, a mesma que foi usada na Rua Cor de Rosa", diz Miguel Brum, "mas esta não vai ficar só com uma cor, vai ficar muito melhor”, remata com uma pontinha de sarcasmo.

Intervenção do Colectivo Artístico Boa Hora Estúdio
Miguel Brum

Após duas semanas de trabalhos, estão prontas as zonas C e D e, em três a quatro semanas, poderemos já ver toda a obra completa, já com as zonas A e B, mais complexas e de maior área.

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