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O arquitecto Manuel Aires Mateus foi distinguido esta sexta-feira com o Prémio Pessoa, que desde 1987 premeia figuras com um papel relevante nas áreas da cultura e da ciência. No valor de 60 mil euros, esta é uma das mais importantes distinções em Portugal.
Autor de várias obras arquitectónicas, muitas delas assinadas com o seu irmão Francisco Aires Mateus, Manuel Aires Mateus é o terceiro arquitecto a receber este prémio, depois de Eduardo Souto de Moura, em 1998, e Carrilho da Graça, em 2008.
O anúncio do prémio foi feito, como habitualmente, no Palácio de Seteais em Sintra por Francisco Pinto Balsemão, presidente do júri, constituído ainda por Emídio Rui Vilar (vice-presidente), Ana Pinho, António Barreto, Clara Ferreira Alves, Diogo Lucena, Eduardo Souto de Moura, José Luís Porfírio, Maria Manuel Mota, Maria de Sousa, Pedro Norton, Rui Magalhães Baião, Rui Vieira Nery e Viriato Soromenho-Marques.
Ao jornal Expresso, promotor do prémio anual que tem o patrocínio da Caixa Geral de Depósitos, o arquitecto de 53 anos mostrou-se surpreendido mas “contentíssimo” com a distinção, lembrando que “um arquitecto não é um artista que trabalha isolado no seu gabinete”. “Este tem de ser um prémio repartido. Desde logo, obviamente, com o meu irmão”, acrescentou.
O Prémio Pessoa tem como objectivo premiar uma personalidade que tenha sido “protagonista de uma intervenção particularmente relevante e inovadora na vida artística, literária ou científica”.
Segundo o júri, a arquitectura de Manuel Aires Mateus "é moderna, abstracta e contemporânea, mas parte de uma recolha de formas e materiais vernaculares portugueses, que integra de um modo exemplar". "A construção de formas e volumes é feita com um carácter inovador, por subtracção de matéria, esculpindo vazios, contrariando assim o sentido clássico do projectar. Na obra doméstica e na recuperação de edifício é raro provocar rupturas, mas não cede a mimetismos fáceis, conseguindo estabelecer uma continuidade entre passado e actualidade", lê-se ainda no comunicado.
Manuel Aires Mateus, também professor universitário, é autor, juntamente com o seu irmão, de obras como o novo edifício da EDP na Avenida 24 de Julho, onde o júri destaca a forma como o arquitecto "constrói uma praça virada a sul protegida por brise-soleils, com grande efeito plástico", ou a Reitoria da Universidade Nova de Lisboa. A dupla de arquitectos foi duas vezes finalista do prémio Mies Van Der Rohe e em 2012 venceu o primeiro prémio da VIII Bienal Ibero-Americana de Arquitectura em 2012.
Em 2015 venceram um concurso para os novos Museu da Fotografia de Elysée e o Museu de Design e Arte Contemporânea (Mudac), em Lausanne, na Suíça. Este é talvez o projecto de maior projecção internacional da dupla, uma vez que a dupla Aires Mateus foi escolhida em detrimento de três prémios Pritzkers: o japonês Shigeru Ban, a dupla japonesa Kazuyo Sejima e Ryue Nishizawa (do atelier Sanaa) e o francês Jean Nouvel.
O júri do concurso classificou a ideia dos portugueses como “fabulosa” e Manuel Aires Mateus não tem dúvida de que esse acontecimento, que trouxe ao seu atelier “uma maior projecção mediática internacional”, terá contribuído também para a sua distinção hoje.
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