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O número 38 da Rua Maria Andrade foi outrora uma concorrida padaria. De portas fechadas há vários anos, renasce agora como Maria Food Hub, um espaço com mais do que uma vocação, onde Miguel Leal, gerente, quer reunir e expor o que de melhor se faz no bairro dos Anjos, da gastronomia às artes. Ainda não há exposições para ver, mas a comida – local, sazonal e saborosa – já é ponto de encontro para residentes e visitantes. A inspiração é internacional, os ingredientes são predominantemente portugueses. De segunda a domingo, de manhã à noite (a cozinha está aberta quase 12 horas), há sempre saladas, bowls, hambúrgueres e diversos outros petiscos. Ao pôr-do-sol, a combinação-chave é ostras e vinho.
“Estamos num local com muita história”, relembra-nos Miguel, que abriu o Maria com outros dois sócios e está orgulhoso de se ter mantido a traça original do edifício. O estuque decorativo e os antigos azulejos encontram-se agora em diálogo com uma decoração mais moderna, que inclui novos revestimentos realizados com azulejos italianos, mas também cadeiras francesas, balcões de mármore português e até uma típica cómoda ‘de casa da avó’ logo à entrada. “Antes de ser uma padaria, foi mesmo uma panificadora, julgo até que uma das primeiras de Lisboa. Queremos honrar esse passado, mas também a própria rua e as mulheres portuguesas”, diz-nos, fazendo referência ao nome escolhido para baptizar a nova montra do bairro.
Há café Negrita, pão da Micro Padaria, pastelaria da Zukar e bolo da Martha – não é essa, é outra, uma amiga de longa data de Miguel, que faz um notável bolo hummingbird (4€), com banana e nozes-pecã. São todos vizinhos do Maria Food Hub e, à excepção de Martha, até têm espaços próprios a menos de cinco minutos a pé. Tê-los debaixo do mesmo tecto é uma forma de promover os Anjos como um todo. “Há aqui muitos criativos na cozinha que ainda estamos a conhecer, porque há negócios a abrir. Nas artes, também. Até estamos a pensar colaborar com a Passevite, a galeria da Rua Maria da Fonte, para recebermos, por exemplo, exposições.” Nas paredes, o que não falta é sítio onde pendurar quadros.
Já à mesa é outra história. De manhã, das 09.00 às 15.30, há opções para pequeno-almoço e brunch, como granola caseira (5€), com iogurte grego, fruta e mel de Trás-os-Montes; tosta aberta de polvo cozido e pimentos (8€); ou a já popular shakshuka Maria (8,50€), um prato vegetariano típico do Médio Oriente, com ovos estufados, batata-doce e espinafres, a que foi acrescentado um molho de amendoim para contrastar com o tradicional sabor picante. Para acompanhar, recomendam-se os sumos naturais (3€) ou o Maria café (2,50€), o café da casa feito com grãos Negrita. “Esse coffee brew também é usado no Gin Maria Brew”, revela Miguel, sobre um dos “brunch cocktails” que é, na verdade, para beber a qualquer hora do dia.
Para o almoço ou o jantar, há mais de duas dezenas de opções. Miguel destaca, por exemplo, a salada de bacalhau e ovos (7,50€), que surpreende com um molho de maionese de wasabi, e a bowl de camarão salteado em alho (11€), que vem com abacate, cebola-roxa, tomate cherry assado, pêssego e micro-ervas. Se preferir, também há hambúrgueres (9,50€), de bacalhau em pão de espinafres, vegan como molho chimichurri ou de carne e cogumelo fresco em pão de brioche. Este último é uma forma de ter uma opção de carne sem deixar de promover uma alimentação mais amiga dos animais e do ambiente: são 75% de carne e 25% de cogumelos.
“Os ingredientes usados são quase, senão todos, nacionais e tentamos trabalhar apenas com produtores da região do Oeste, com excepção das ostras, que vêm do Algarve.” Lá dentro ou na esplanada, a partir de onde se pode assistir à passagem do amarelinho 28, as estrelas da casa, as ostras, fazem parte das sugestões para a hora do pôr-do-sol no Maria (a partir das 18.00). Por 6€, tem direito a três ostras e a um copo de vinho branco. À unidade, fica a 2€ cada, mas há ainda a opção de mandar vir um prato de quatro (6€) ou dez (15€). Neste caso, terá de pedir o vinho à parte. A selecção é toda portuguesa e foi escolhida por Miguel, que ao longo dos últimos 15 anos tem exportado vinhos nacionais de pequenos produtores para o Reino Unido.
Há mais bebidas na carta, inclusive cerveja artesanal da Dois Corvos, que deverá fazer uma visita ao Maria na próxima quarta-feira, 8 de Outubro, para uma mostra entre as 18.00 e as 20.00. “Queremos fazer mais eventos do género. Sermos mesmo um ponto de encontro. Por agora, está a correr bem. Além dos residentes octogenários, que fizeram questão de nos vir conhecer e têm aparecido, recebemos também muitos jovens e famílias.” Para quem não quer ir para a confusão do Bairro Alto ou do Cais do Sodré, este poderá ser também um espaço de diversão nocturna, mas “num tempo mais lento” e pet friendly.
Rua Maria Andrade 38. Seg-Dom 08.30-23.00. Tel. 218 121 281.
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