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No ano que se avizinha, o São Luiz Teatro Municipal quer ser casa para encontros e diálogos. Para isso, apresenta uma programação diversificada. Entre Janeiro e Julho de 2024, destacam-se ciclos de conversas e de música, incluindo um projecto conduzido por Martim Sousa Tavares, as comemorações dos 50 anos do 25 de Abril, do Dia Mundial do Refugiado e do Black History Month, e ainda uma homenagem a Ruy de Carvalho.
Numa programação que permanece em contacto com a anterior direcção, o São Luiz quer também explorar “esta faceta de abrir de uma forma mais plena para todas as formas de expressão artística, de expressão dançada, de expressão literária e, portanto, ao teatro, à dança e à música”, afirmou esta segunda-feira o actual director artístico, Miguel Loureiro, na apresentação do que está previsto para os próximos meses no teatro da Rua António Maria Cardoso.
Tito Lívio no Janelão abre esta segunda fase da temporada 2023-24. É uma série de entrevistas conduzidas pelo jornalista e crítico de teatro Tito Lívio (não confundir com o historiador romano) a figuras do teatro, do cinema, da música e da cultura. Acontecem a 5 de Janeiro, 6 de Fevereiro, 5 de Março, 16 de Abril e 11 de Junho, recuperando “um gesto mais romântico, mais ligado a essa memória” que o teatro carrega do século XIX.
Em palco, veremos It’s Not Over Until The Soprano Dies, uma peça de teatro da companhia Mala Voadora, de 12 a 14 de Janeiro. Depois, Rita Calçada Bastos apresenta À Procura de Chaplin, entre 24 e 28 de Janeiro. E Os Demónios Não Gostam de Ar Fresco fica em cena de 10 a 14 de Abril, com texto de Maria Quintans e direcção de Albano Jerónimo e Cláudia Lucas Chéu. Yes or Less - É 01.00 da manhã e não quero regressar a casa é ainda título provisório da peça criada e encenada por Marco Martins, que parte da obra de James Joyce, Ulisses. É apresentada entre 8 e 16 de Junho.
Pelo meio, Martim Sousa Tavares protagoniza Foco Maestro, projecto que todos os anos convida um maestro para definir momentos da programação. A 20 de Fevereiro e 3 de Março, Sousa Tavares conversa com Hugo Van Der Ding acerca da história dos últimos dois mil anos das artes e do pensamento ocidental. A 4 e 5 de Maio, A Escuta Ecológica é uma palestra-concerto dedicada à música de John Luther Adams, em que também participa a pianista Mrika Sefa. A 22 de Junho, há um concerto dos Capitão Fausto que inclui um ensemble instrumental dirigido por Sousa Tavares, que o próprio define como uma “celebração de uma relação”. A 25 de Junho, a Orquestra do Algarve, da qual ele é maestro titular, apresenta temas do repertório clássico.
Nas comemorações dos 50 anos do 25 de Abril, que se prolongarão ao longo de todo o ano, destaca-se Quis Saber Quem Sou, com texto e encenação de Pedro Penim. “É um espectáculo que se baseia no imaginário do cancioneiro popular de Abril”, sendo um “cruzamento entre o teatro e a música”, explica Miguel Loureiro. Em cena de 20 a 28 de Abril, é também um acolhimento do Teatro Nacional D. Maria II, que volta assim a Lisboa enquanto prosseguem as obras no Rossio. De 8 a 10 de Maio, Felizmente Há Luar! dá nome a uma ópera com direcção artística e musical de Osvaldo Ferreira, com música e libretto adaptados pelo compositor Alexandre Delgado a partir da peça de teatro original de Luís Sttau Monteiro. O João Roiz Ensemble apresenta, a 17 e 18 de Abril, 50 anos de 25 de Abril: Revoluções-Evoluções, que reflecte acerca da dialética revolução/evolução. “Estará também a comemorar a revolução, mas revoluções a partir de uma perspectiva do que se tende a chamar música clássica, ou erudita.”
A 20 de Junho, destaca-se ainda uma conversa organizada pela Associação Pão a Pão, em que à volta de uma mesa se junta um grupo de refugiados políticos que escolheram Portugal como lugar de exílio. A iniciativa coincide com as comemorações do Dia Mundial do Refugiado, assinalado nesse dia com Refugiado, peça de teatro, encenada e interpretada por Paulo Matos, construída a partir do relato de um homem que foge do seu país de origem, para procurar um futuro melhor noutro lugar. Para celebrar o Black History Month, a 27 de Fevereiro, músicos lusófonos interpretam temas do cancioneiro americano, passando pelo soul, jazz e r&b, em L’USAfonia.
Ruy de Carvalho, uma das figuras mais importantes do teatro em Portugal, também é homenageado no São Luiz. De 14 a 17 de Março, em Ruy, A História Devida, o actor sobe ao palco para contar histórias inéditas da sua carreira, em que o público é convidado a fazer-lhe perguntas. Nos mesmos dias, “Retratos Contados de Ruy de Carvalho” expõe fotografias do Arquivo do Teatro Nacional D. Maria II, onde Ruy de Carvalho foi actor residente. O teatro ainda inaugura duas novas placas em honra do actor e também de Carlos Avilez, que morreu em Novembro.
Música e marionetas
A programação do São Luiz para este semestre inclui ainda a 24.ª edição do FIMFA Lx24, Festival Internacional de Marionetas e Formas Animadas, entre 11 de Maio e 2 de Junho. É uma entrada no universo das prácticas contemporâneas da marioneta e também na sua relação com as outras artes.
Antes disso, e ainda no início do ano, a 26 e 27 de Janeiro, Francisco Sassetti dá um concerto em que toca os temas do seu mais recente álbum, Home. Entre 7 e 11 de Fevereiro, Fazer Uma Canção é por sua vez uma homenagem a José Barata Moura, interpretada por Alex D’Alva Teixeira e co-produzida pelo Teatro Praga.
Partindo de uma “estratégia de tentar puxar o Teatro São Luiz um bocadinho mais para fora de portas”, o ciclo Antiprincesas, entre 18 e 21 de Abril, decorre no Parque José Gomes Ferreira, em Alvalade. Dirigido e interpretado por Cláudia Gaiolas, centra-se na história de Catarina Eufémia. O Picadeiro Jazz leva ao Largo do Picadeiro sete concertos de jazz, a 1 de Junho e entre 5 e 7, e 13 e 15 do mesmo mês.
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