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Sempre de olhos postos no edifício-mãe, a Casa do Parlamento – Centro Interpretativo mora mesmo em frente do Palácio de São Bento. Nasceu no 50º aniversário do 25 de Abril de 1974 para explicar o que é isso da democracia e mostrar como todos fazemos parte dela. “A ideia foi fazer um espaço onde as pessoas possam saber mais e em que podem participar na vida do Parlamento – a parte da cidadania, como é que se exerce os seus direitos e deveres...” explica o director de Serviços Informação e Cultura, José Manuel Araújo, à Time Out.
Para isso, o vizinho da frente da Assembleia da República está dividido em quatro núcleos, espalhados por quatro andares, para todos aprenderem e experimentarem, dos mais novos aos mais velhos. A entrada é gratuita. Ora suba e desça connosco, numa visita-guiada escrita que chega mesmo a tempo das eleições de 17 de Maio.
Cidadania
O percurso na Casa do Parlamento foi desenhado para começar "com o básico do que é ser cidadão, a base da democracia, porque nenhuma democracia é feita sem o cidadão e para construir uma democracia, é necessário cada pessoa saber o seu papel e a sua capacidade de interagir com as instituições políticas”, explica Rodrigo Dias, técnico de Apoio Parlamentar na Divisão Museológica e para a Cidadania. À entrada deste espaço, deparamo-nos com dois ecrãs interactivos que ajudam a entender como podemos contribuir e contactar as instituições públicas, mas também nos permite ler sobre os nossos direitos e deveres como cidadãos.

Antes de mudarmos de piso, uma Jukebox na parede com vários discos de vinil convida a dar música à política. Accionadas com o toque, as músicas disponíveis vêm de várias eras políticas e artísticas. A playlist inclui artistas como António Variações, José Mário Branco e José Afonso.
Este piso conta também com uma galeria e um auditório. Daqui, sobe-se para o quarto andar, já que a experiência foi projetada para ser vista de cima para baixo, por ordem decrescente – ou seja, do quarto para o terceiro andar e assim consecutivamente.
Democracia
Chegamos ao quarto piso – alcançámos a democracia. Damos de caras com alguns artigos da constituição em formato físico de livro, de forma a podermos abri-los e descobrir o seu conteúdo. Esta apresentação não foi por acaso, diz Jéssica Domingues, técnica de Apoio Parlamentar na Divisão Museológica e para a Cidadania: “Foi uma escolha interactiva para que as pessoas possam descobrir fisicamente o que é a Constituição e a importância que ela tem para nós.”
É depois de a explorarmos que passamos a descobrir os diferentes poderes que regem a nossa vida política e social, que trabalham em união uns com os outros.

Podemos aprender sobre os círculos eleitorais, entender os conceitos do "parlamentarês" (ou seja, o vocabulário em torno do Parlamento) e ver antigos cartazes eleitorais. Também aqui podemos explorar, interactivamente, o processo inteiro necessário para criar uma lei, desde o momento da sua concessão ao que é vetada ou promulgada. Não vale estar distraído: existe um pequeno quizz antes de seguir para o próximo piso.
Parlamento
Descemos para o terceiro andar, baptizado de Parlamento, onde podemos aprender o que é este órgão, qual é a sua função e por quem é composto. Com a ajuda de uma consola interactiva e de 230 ecrãs, podemos perceber a verdadeira dimensão da composição dos partidos presentes na Assembleia da República que estão organizados por inclinação política ou seja, da esquerda para a direita. Cada ecrã tem um dos 230 deputados actuais – e podemos filtrá-los por partido, círculos eleitorais, género, faixa etária e muito mais.
A vertente interactiva, presente de cima a baixo, está também aqui com o Peço a Palavra, uma zona em que podemos subir ao púlpito e ser deputados por um minuto. Nesta actividade, todos podem gravar-se a fazer um dos discursos parlamentares disponíveis no ecrã à frente. Os mais corajosos podem até improvisar.
Antes de descer mais um piso, a Casa do Parlamento disponibiliza um espaço feito para representar as Comissões Parlamentares onde todos, especialmente os mais pequenos, podem brincar aos deputados com microfones para debaterem as suas perspectivas.

Memória
“Acabamos na história porque é interessante para as pessoas entenderem que estes conceitos que as pessoas vão vendo ao longo da visita não surgem do nada, são processos, conceitos que foram sendo construídos e a sua construção até à actualidade”, afirma Rodrigo Dias. O piso da memória foi dividido em duas partes: uma conta a história do edifício com recurso a realidade virtual (de momento, não se encontra aberta ao público); a outra debruça-se sobre a história do parlamentarismo, utilizando desde vídeos de debates parlamentares encenados por actores de teatro a fotografias de antigos deputados já falecidos.
Para nos levar atrás no tempo, há uma cronologia histórica com início em 1820, com a Revolução Liberal, que percorre a história política do nosso país a partir de eventos importantes como a primeira Constituição, a Implementação da República e o Estado Novo. Termina em 2011, com a primeira mulher na posição de Presidente da Assembleia da República, 100 anos depois de Carolina Beatriz Ângelo se estabelecer como a primeira mulher a votar em Portugal.
Programação para um mês especial
O 25 de Abril não é só mais um dia para este centro interpretativo — é uma ocasião que merece atenção durante todo o mês. As actividades são diversas e começaram já no dia 12 com a exposição "O Salto: Migrações e Exílios de Ontem e Hoje". A 22, ocorre a conferência "O Papel Histórico da Assembleia Constituinte e da Constituição de 76" e até ao dia 25 de Abril, está previsto o atelier "Pinta o Mural de Abril", em que todos são desafiados a desenhar algo sobre o tema da liberdade.
Já no dia 26, pode ver o filme As Ondas de Abril.
Casa do Parlamento ( à frente do Palácio de São Bento). Seg-Sáb. 10.00-18.00. Entrada gratuita.
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