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Matilha, o malandro de ‘Sul’, roubou uma série só para ele (e para a namorada)

O produtor e argumentista Edgar Medina dá nova vida ao casal interpretado por Afonso Pimentel e Margarida Vila-Nova. Mas o policial noir dá agora lugar a um “thriller intenso e rápido”. O spin-off ‘Matilha’ estreia a 15 de Janeiro na RTP1 e na Prime Video.

Renata Lima Lobo
Escrito por
Renata Lima Lobo
Jornalista
Afonso Pimentel e Margarida Vila-Nova
©DRAfonso Pimentel e Margarida Vila-Nova, em 'Matilha'
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A aposta em revivals ou spin-offs tem sido clara na produção audiovisual, em particular fora das nossas fronteiras. E em Portugal também se está a fazer por apanhar esse comboio. Poucas semanas após a estreia na OPTO de Os Eleitos, que partia da telenovela O Papel Principal, chega a 15 de Janeiro a série Matilha, nascida de Sul (2019), o premiado policial neo noir que passou pela grelha da RTP1 e, na altura, pelo catálogo da HBO Max. Margarida Vila-Nova e Afonso Pimentel estão de regresso aos papéis que interpretaram em Sul, numa nova série que, no mesmo dia, também ficará disponível no streaming da Prime Video.

Nesta produção, Matilha (Pimentel) tenta apostar num novo rumo para a sua vida, com um emprego honesto que lhe permita manter a relação com a namorada Mafalda (Vila-Nova), que também tenta construir um novo futuro a trabalhar num hipermercado. Tudo parece estar a correr como previsto, até que um dia o mundo do crime volta a bater-lhes à porta e, quase inadvertidamente, Matilha vê-se envolvido numa perigosa embrulhada.

Afonso Pimentel
©DRAfonso Pimentel

Os espectadores podem começar a ver Matilha sem terem passado pela casa de partida. Neste caso, por Sul. Disponível na RTP Play, a série criada por Edgar Medina tinha um enredo passado em 2011, o ano da crise e da troika, quando dois inspectores da Polícia Judiciária ficam responsáveis por um caso que, à primeira vista, aparenta tratar-se de um acidente. Matilha e Mafalda eram duas das personagens dessa história e estão agora de regresso neste spin-off, que conta ainda com Ricardo Pereira no elenco, que faz o papel do criminoso Fuças e que não fazia parte da série original. Há outras novidades. Desde logo o tom da série, que é bastante diferente.

Sul é uma espécie de um policial noir e melancólico e Matilha é um thriller bastante intenso e rápido”, descreveu Edgar Medina esta segunda-feira, numa antestreia que decorreu no Capitólio ao final da tarde. O produtor, e fundador da Arquipélago Filmes, subiu ao palco não só para apresentar a sua última criação, mas também para defender o papel da ficção audiovisual: “Eu não acho que a ficção seja apenas entretenimento. A ficção é uma forma importante de se construir memória e identidade. E se não temos, em Portugal, o registo das imagens, dos sons, das histórias do nosso país, há um vazio enorme que fica entre nós”. Medina também assina o argumento (com Guilherme Mendonça e Rui Cardoso Martins), nesta produção realizada por João Maia e com banda sonora de Tó Trips. E que regista a actualidade para memória futura, desde um fadista de Marvila, interpretado “brilhantemente” por Camané, ao “senhorio avarento que tenta expulsar velhos inquilinos para construir o turismo local”.

Matilha
©DRMargarida Vila-Nova

Margarida Vila-Nova, que também marcou presença na antestreia de Matilha, assinala algumas diferenças de ritmo entre as séries irmãs. “Este argumento é mais dinâmico, os personagens são mais proactivos, tem mais adrenalina, suspense, acção, ritmo. Tudo se passa em muito pouco tempo numa urgência muito grande. E essa emergência em que as personagens vivem ditam também o ritmo da série”, explicou. E destacou esta aposta na continuidade de uma história em modo spin-off. E não só. “Para mim torna-se muito interessante, porque fazemos as séries e depois elas terminam com seis, sete episódios. E às vezes não há espaço para uma segunda, para uma terceira temporada. À semelhança de A Espia, acho que os bons projectos merecem segundas e terceiras temporadas. No caso do Sul, esta relação entre Matilha e Mafalda foi muito querida na altura pelos espectadores”. Sobre o regresso à personagem, a actriz confessa que foi um desafio, embora tenha sido “prazeroso regressar a um personagem com uma outra história, num outro contexto, noutra dinâmica”.

Afonso Pimentel aproveitou para relembrar as características do Matilha que agora dá o nome à série. “O Matilha é um malandro de bairro. Grande parte das características que eu construí com base no guião têm muito a ver com esta relação com a personagem Mafalda. É um gajo apaixonado por ela, mas é um puto, não cresceu. E mesmo anos depois continua a ser um garoto, só que um garoto com responsabilidades e vai fazendo merda atrás de merda. Só que agora com consequências bastante mais graves do que na primeira série”, avança. Voltar ao personagem também foi “difícil” para Pimentel, mas acabou por “redescobri-la e depois mandá-la embora”. “Senão ia dar por mim a copiar o que tinha feito antes. E o que interessava é que nós estivéssemos a contar a história deles agora e não a história deles há alguns anos”.

O elenco conta ainda com Miguel Borges, António Durães, Catarina Wallenstein, Ana Vilela da Costa, Leandro Lima, Beatriz Godinho, Maria João Bastos, João Pedro Vaz e Dinarte Branco, aos quais se junta Manuel João Vieira com uma participação especial. Matilha estreia em simultâneo na RTP1 e na Prime Video, mas enquanto no canal público estreia um episódio por semana, no streaming da Amazon ficarão disponíveis todos os episódios no primeiro dia.

RTP1 e Prime Video. Estreia a 15 de Janeiro

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