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Na sexta-feira, 25 de Outubro, o vereador do Bloco de Esquerda (BE), Ricardo Moreira, lançava a acusação nas redes sociais: "Hoje Moedas retirou quatro milhões de euros da Carris e pôs quatro milhões de euros na Web Summit. Quando o autocarro não vier ou estiver atrasado, já sabes que foram os unicórnios que usaram esse dinheiro." As afirmações surgiram na sequência de uma reunião privada do executivo, no mesmo dia, na qual foi aprovada a atribuição de quatro milhões de euros à Associação de Turismo de Lisboa, uma das signatárias do acordo para a realização da Web Summit em Lisboa, agendada para Novembro.
O presidente da Câmara, Carlos Moedas, argumenta, porém, que não é bem assim. "Não se retira dinheiro de lado nenhum. Haverá dinheiro para todas as necessidades", afirmou o autarca, em declarações à RTP, no dia seguinte à reunião privada. Questionado sobre a eventual existência de um desinvestimento na empresa de transportes, o responsável negou essa possibilidade, dizendo que este executivo investiu mais na Carris do que "qualquer outro anterior". Como se explica, então, a interpretação do Bloco (e também do Livre) sobre as alterações orçamentais? "Quem olhou para isso é uma pessoa que não sabe ler orçamentos. E como não sabe pensa que o dinheiro se tira de um lado e põe-se noutro. Isso não existe", respondeu Moedas.
7 milhões para Web Summit
A proposta aprovada na sexta-feira pela coligação Novos Tempos e pelo PS prevê "a aprovação da transferência de parte dessa verba, no montante de quatro milhões de euros, sendo que, em futura deliberação, se submeterá à aprovação desta câmara a transferência do remanescente [do total pedido de 7,067 milhões de euros]”, pode ler-se no documento, ao qual a agência Lusa teve acesso. O executivo avançou, assim, com uma decisão favorável que veio “assegurar a cedência e disponibilização dos espaços necessários e serviços complementares à realização do evento e dos serviços de Wi-Fi/ICT”. Na mesma proposta lembra-se, também, que as obras de expansão do recinto, necessárias à continuidade do evento em Lisboa, “não se encontram ainda implementadas".
À semelhança do BE, também o Livre votou contra a proposta, acusando a liderança do executivo de retirar quatro milhões de euros ao orçamento da empresa municipal de transportes para atribuir “exactamente esse mesmo montante” ao encontro internacional de tecnologia e empreendedorismo. Em comunicado, o BE acrescenta que "já antes tinham sido retirados 19 milhões de euros à Carris", sublinhando a “clara degradação do serviço da Carris, com menor velocidade comercial e falta de autocarros e motoristas".