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Os 75 anos do Metropolitano de Lisboa transportaram para plena Praça do Comércio uma carruagem, que ali ficou instalada até ao final do mês de Fevereiro. Lá dentro, onde se entrava sem ter de passar cartão, encontrava-se uma exposição de aniversário que mostrava os vários projectos de expansão da rede de metro da cidade. Mas havia um pormenor cujo debate também se poderá expandir: o crescimento da Linha Amarela até Benfica. Ainda não foram divulgados muitos detalhes, mas a ideia estava plasmada numa das imagens disponíveis, embora sem qualquer informação adicional.
Actualmente, a Linha Amarela liga Odivelas ao Rato. No entanto, com a construção da Linha Circular, que deverá entrar em funcionamento em 2024, a Linha Amarela vai ficar-se pela zona norte de Lisboa, ligando Odivelas a Telheiras. Esse é o projecto conhecido, aprovado e em marcha. Mas na imagem exposta na Praça do Comércio, Telheiras não é a estação terminal. A linha continua até à Avenida das Nações Unidas, desce para o Colégio Militar, onde se cruza com a Linha Azul (Santa Apolónia-Amadora), e cruza Benfica até ao mercado de frescos desta freguesia. Mas falha a intermodalidade com a estação ferroviária de Benfica, por onde passam comboios com ligação directa a Sintra, Oriente e Alverca.
Quem chamou a atenção para esta novidade, no Twitter, foi um estudante de arquitectura no Instituto Superior Técnico, Tomás Ribeiro, fascinado por transportes e infra-estruturas. Para este membro activo no debate sobre mobilidade urbana, é “um erro grave de planeamento e revela uma certa falta de visão global da rede”. “A estação de Benfica da CP já é um interface importante hoje em dia, por onde passa muita gente vinda da Linha de Sintra, do eixo da 2.ª Circular e dos diversos bairros que ficam ao longo da CRIL até Algés. É uma porta de entrada na cidade e um ponto crucial na mobilidade da zona norte da cidade. Temo que pela vontade de tentar ter uma estação mais central no bairro de Benfica, estejam a sacrificar um potencial interface que poderia descongestionar muitíssimo não só a Segunda Circular como a rede de autocarros ali que está debaixo de elevada pressão”, descreve. O estudante sublinha a importância da localização de Benfica, “ponto intermédio num eixo metropolitano de mobilidade de muito maior dimensão, que se estende desde Algés até à Gare do Oriente”, que por um lado promove a utilização do carro e por outro sobrecarrega a rede da Carris. É uma “questão bicuda”: o que pode ser uma boa notícia para a população de Benfica não serve a mobilidade numa escala mais abrangente.
Em resposta à Time Out, o Metropolitano de Lisboa esclarece que, apesar de estar previsto o prolongamento até Benfica, “ainda é prematuro” anunciar o “exacto traçado” da linha, embora avance que a localização das estações previstas “resulta de uma ampla e exigente ponderação para a adopção de uma solução equilibrada, assente em estudos técnicos e na consulta de diversas entidades da especialidade de reconhecido mérito e competência”. A empresa também não se compromete com “estimativas temporais” para o projecto avançar.
Já em construção, está a expansão da Linha Vermelha, que terá novas paragens em Campolide/Amoreiras, Campo de Ourique, Avenida Infante Santo e Alcântara, com abertura prevista para 2026. Mais adiantada está a criação da Linha Circular (Verde), que vai criar duas novas estações: Estrela e Santos.
Este artigo foi originalmente publicado na edição de Fevereiro do jornal Lisbon by Time Out
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