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Metro de Lisboa: um museu de arte contemporânea

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Dália Lopes lembra-se do primeiro dia em que o metro andou em Lisboa. Demorou algum tempo até se estrear nestas andanças, a curiosidade era aguçada pelas palavras do irmão que lhe contava maravilhas das viagens sobre carris. “O meu irmão é que andava de metro todos os dias e dizia que era maravilhoso, até eu andar pela primeira vez, uns anos depois, é que percebi que não tinha vistas para a cidade, era tudo fechado e andávamos em túneis”, conta-nos. Dália não quis outra coisa. Hoje, é utilizadora assídua do Metropolitano de Lisboa e uma das primeiras pessoas a embarcar no programa “Visitas para (re)viver Lisboa” que o Metro organiza até Julho.

Cada visita, como já lhe explicámos por aqui, viaja pela história e pela arte deste meio de transporte em linhas diferentes, fazendo várias paragens ao longo do caminho, em locais-chave da história do Metro. Guilherme Rodrigues é o comandante destes percursos; já reformado continua a vestir a camisola tal como o fez durante os 33 anos que trabalhou na empresa, onde começou nas oficinas, passou pelos escritórios e é a chave d’ouro das visitas escolares que se fazem ao metro. Guilherme é a personificação da memória que se guarda em cada estação, estações pelas quais passamos todos os dias e não reparamos nos detalhes, mas sobretudo na arte que as paredes escondem.

Estação Avenida
Fotografia: Manuel Manso

“Estamos a reviver Lisboa com estas visitas, porque queremos tornar atractivo o espaço por onde as pessoas passam todos os dias”, conta Helena Taborda, porta-voz do Metro de Lisboa. “É só uma forma de alertar as pessoas que esta coisa ou outras que existem, que circulam todos os dias por estas paredes com obras de artistas marcantes e que passam despercebidas.”

O museu de arte contemporânea mais visitado de Lisboa

O Metro é isso mesmo — o museu de arte contemporânea por onde mais pessoas passam diariamente. 365 dias por ano. A preocupação dos administradores da empresa na arquitectura e na arte que adorna cada canto das estações sempre foi uma constante, prova disso são os nomes sonantes da pintura nos quais tropeçámos na primeira visita, ao longo da linha azul.

Todas as visitas começam na estação da Avenida, aquela que continua a ser, de todas as linhas, a estação mais fiel à sua aparência de construção. É lá que pode encontrar azulejos de Rogério Ribeiro, uma sugestão de Maria Keil, a artista responsável pelos revestimentos de azulejos de todas as estações do 1.º escalão da rede à excepção precisamente desta.

A visita segue para o Jardim Zoológico com intervenção plástica do Mestre Júlio Resende que seguiu a temática da natureza, fauna e flora tropicais, e o revestimento azulejar de Maria Keil, que “foi uma artista com muita voz activa no embelezamento das estações”, conta-nos Guilherme.

Quem passa pelas Laranjeiras, alerta o nosso guia de ocasião, tem de parar para observar atentamente as laranjas, que não são pintadas, mas sim resultado de um trabalho de serigrafia do pintor Rolando Sá Nogueira. Seguindo logo a seguir para a estação do Alto dos Moinhos, é evidente o traço de Júlio Pomar que retratou Almada Negreiros, Fernando Pessoa, Camões e Bocage.

Estação Alto dos Moinhos
Estação Alto dos Moinhos
Fotografia: Manuel Manso

Na última paragem desta primeira visita, o Colégio Militar, o "objetivo era recuperar a história dos grandes corredores azuis dos edifícios públicos", explicou Guilherme Rodrigues, acerca da azulejaria de Manuel Cargaleiro.

As próximas visitas seguem pela linha vermelha a 22 de Março; a 19 de Abril pela amarela; a 24 de Maio pela verde; a 28 de Junho pela amarela e azul; e a última, a 26 de Julho, o passeio é à linha verde e ao parque de material e oficinas. Todas começam na estação da Avenida às 11.00, e pode inscrever-se aqui.

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