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Quase cinco meses após a anunciada saída de Aida Tavares, o seu sucessor na direcção artística do São Luiz Teatro Municipal está finalmente encontrado: é o actor e encenador Miguel Loureiro. É um nome próximo daquela casa, que só este ano já lá teve dois espectáculos em cena, a peça Um Rufia nas Escadas e a ópera In the Penal Colony.
Miguel Loureiro foi nomeado pelo conselho de administração da EGEAC e entra em funções a 1 de Junho, a tempo do limite temporal definido por Aida Tavares para esta fase de transição. “O cenário é o final de Julho, mas pode acontecer alguma coisa antes, haver uma sucessão antes disso e aí sairei naturalmente”, tinha dito em Novembro à Time Out.
Aida Tavares esteve 20 anos no São Luiz, oito dos quais como directora artística. No comunicado enviado esta sexta-feira pela EGEAC, o conselho de administração presidido por Pedro Moreira “aproveita para agradecer o trabalho levado a cabo” pela gestora cultural. Tal como a antecessora, Miguel Loureiro foi escolhido por nomeação e não por concurso.
Nascido em 1970, o novo director artístico é formado pelo Instituto de Formação, Investigação e Criação Teatral e pela Escola Superior de Teatro e Cinema. Em 2018, ganhou o Globo de Ouro para Melhor Actor em 2018, com a peça Esquecer. Em 2019, o Prémio Autores na categoria de Melhor Actor, pela peça Timão de Atenas. Como encenador tem trabalhado com estruturas como a Casa Conveniente, a Cão Solteiro, O Rumo do Fumo, o Teatro da Comuna, a Galeria Zé Dos Bois, a Mala Voadora e o Teatro Griot, segundo a sua nota biográfica. Também já trabalhou em cinema e televisão, como actor. Tem um livro publicado: Confissões de um Exilado no Barreiro (Douda Correria, 2017).
“Não pertenço ao padrão ideológico dominante, e isso é sempre um problema”, disse Miguel Loureiro numa entrevista à Time Out, em 2019, a propósito de A Dama das Camélias, peça que encenava e que abria, precisamente, a temporada no São Luiz. A afirmação vinha no seguimento de uma pergunta sobre o seu ritmo frenético de trabalho. “Isto é mesmo assim, tens que te entregar totalmente, se não fazes uma diletância, apareces uma vez, depois ficas dois anos em casa a queixares-te que ninguém te telefona. Isso não me interessa, até porque tenho muitas coisas para afirmar”, respondia.
E continuava assim: “Isto é possível porque neste momento há uma conjuntura à frente dos teatros que tem confiança no meu trabalho e portanto me dá coragem para isso. O Tiago Rodrigues, a Aida Tavares, o Nuno Cardoso. Nem sempre foi assim, às vezes há pessoas que não simpatizam com a pessoa e isso tem muito que se lhe diga no nosso meio, o trabalho neste tipo de disciplina é quase sempre um reflexo da tua personalidade e eu sou um tipo um bocado desbocado, porque digo o que acho e não pertenço ao padrão ideológico dominante da profissão, e isso é sempre um grande problema. Mas é uma conjuntura, pode mudar”.
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