Notícias

Minissérie francesa de comédia satiriza a política com reféns à mistura

‘Sob Controlo’ é uma comédia que satiriza a ineficácia da classe política, quando uma nova e bem intencionada ministra se vê a braços com o rapto de cinco europeus por um grupo armado. Estreia na Filmin a 4 de Junho.

Renata Lima Lobo
Escrito por
Renata Lima Lobo
Jornalista
Léa Drucker
©Jean-Claude LotherLéa Drucker, em 'Sob Controlo'
Publicidade

Incompetência ou conspiração? Quando as coisas não correm bem a nível político, há sempre estas duas hipóteses a ter em consideração. E acaba por haver um pouco dos dois ingredientes nesta comédia francesa, em que uma médica aplaudida pelo seu trabalho junto de uma organização não-governamental (ONG) é nomeada ministra dos Negócios dos Estrangeiros. Azar dos azares, no dia em que toma posse, cinco europeus são raptados por um grupo islâmico armado, que os detêm no Sahel, uma árida região do Norte de África. Sob Controlo é uma minissérie francesa que chega à Filmin a 4 de Junho, mais de meio ano após a estreia no país natal.

Vencedora de um prémio César para Melhor Actriz pela sua prestação em Custódia Partilhada (2017) – também disponível na Filmin –, é Léa Drucker quem veste o papel de Marie Tessier, uma médica que aos 45 anos conhece da pior maneira a ginástica que envolvem os meandros da política, tentando equilibrar a sua tendência para a sinceridade com a necessidade de manter reserva em temas sob segredo de Estado, numa espécie de malabarismo entre terroristas, políticos franceses e também estrangeiros, já que os europeus raptados têm várias nacionalidades. Dois são franceses, um é alemão, outro italiano e há ainda um esloveno à mistura.

Léa Drucker
©Jean-Claude LotherLéa Drucker, em 'Sob Controlo'

Depressa, e numa escalada que aumenta ao longo de curtos seis episódios (com cerca de meia hora casa), Marie vai ultrapassando várias linhas vermelhas, mandando o protocolo às urtigas, enquanto tenta passar a imagem de ter tudo sob controlo. Menos quando tem crises de urticária devido ao stress. Ao mesmo tempo, a sua vida pessoal, em particular com a filha que nunca a vê, também está longe de estar controlada.

Criada por Charly Delwart, que assina o argumento com Benjamin Charbit, Sob Controlo é uma sátira ao funcionamento das instituições políticas. “Quis contar a história do caos por detrás da imagem que todos temos na cabeça de reféns libertados a chegar à base militar de Villacoublay, em Paris”, diz Delwart, citado num comunicado enviado pela Filmin, possivelmente referindo-se aos reféns que foram resgatados de raptores da Burkina Fasso, em 2019. Para o criador, “toda a política é uma crise perpétua” e esta minissérie “mostra também até que ponto as decisões políticas afectam as nossas vidas”.

Sous Contrôle
©Jean-Claude LotherSob Controlo

Embora muitas das situações do enredo pareçam algo improváveis, algumas não estão assim tão longe da realidade. Delwart conta que Sob Controlo inclui cenas inspiradas em histórias que um conselheiro do Ministério dos Negócios Estrangeiros partilhou com ele. “O objectivo não era cair no cliché de que toda a política é podre, mas compreender a complexidade das suas funções. Os paradoxos que surgem numa situação de crise, como uma tomada de reféns, são um deleite para a ficção. Há um princípio dos políticos que diz o seguinte: quanto menos os cidadãos souberem, melhor podemos gerir. É o momento de maior comunicação e, no entanto, nada pode ser divulgado”, diz Delwart. A máxima nem sempre cumprida pela personagem principal, que revela informação confidencial a uma criança – as pessoas mais sinceras do mundo –, filha de um dos reféns. “Na política, a escolha das palavras é tão importante como na literatura”, defende o argumentista.

No Series Mania, reputado festival dedicado a séries de televisão da Europa e realizado anualmente em Lille (França), Sob Controlo venceu o galardão de Melhor Série na Competição Nacional. No elenco, conta ainda com Samir Guesmi (A Segunda Vida de Camille), Laurent Stocker (Enfim, Juntos) e Patrick d'Assumçao (O Desconhecido do Lago), todos actores que no passado estiveram nomeados para os prémios César, na categoria Actor Secundário.

Filmin. Estreia a 4 de Junho

Siga o novo canal da Time Out Lisboa no Whatsapp

+ Benedict Cumberbatch e um monstro azul, à procura do filho desaparecido

Últimas notícias

    Publicidade