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Miss Dumpling: um convite a comer dumplings como na China

Depois do sucesso no Instagram e no Mercado de Produtores da Comida Independente, Hélder Beja e Song abriram um restaurante onde de prato principal só se servem dumplings.

Cláudia Lima Carvalho
Editora de Comer & Beber, Time Out Lisboa
Miss Dumpling
Francisco Romão Pereira
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O espaço é pequeno, cabem pouco mais de 20 pessoas, mas ainda assim é maior do que a banca em que se mostraram tantas vezes no Mercado de Produtores da Comida Independente. O Miss Dumpling é, hoje, um restaurante, depois de ter começado como tantas histórias recentes: na pandemia, quando o mundo como o conhecemos se fechava. Nem Hélder Beja nem Song tinham experiência na restauração, mas quando tudo parecia falhar, que não falhassem os dumplings que tanto gostavam de comer.

Miss Dumpling
Francisco Romão Pereira

“Quando começámos há cerca de três anos, vivíamos juntos e, como era difícil sair, comíamos em casa, e de vez em quando o Hélder dizia: ‘Temos dumplings? Tenho saudades de dumplings’”, começa por contar Song, chinesa a viver em Portugal há cerca de dez anos, depois de muitas aventuras fora do seu país. Já Hélder trocou Macau por Lisboa em 2019. “Comemos tantos dumplings nesse ano”, ri-se Song, contando o episódio que viria a mudar tudo. “O novo ano chinês estava a chegar e é tradição oferecermos alguma coisa à família e aos amigos, mas não tínhamos onde comprar. Lembrámo-nos que talvez pudéssemos oferecer dumplings. E eles adoraram”, recorda. “E ele [Hélder] disse: ‘Se os meus amigos adoraram, talvez outras pessoas adorem também’. E começámos, então, a vender no Instagram.”

O que se seguiu foi um sucesso inesperado. Song admite ter subvalorizado o que tinha em mãos, ou as suas próprias mãos, já que é tudo feito por si com as receitas da família. “Eu achei que as pessoas gostassem mais de noodles, de ramen. Achei que as pessoas não sabiam o que eram bons dumplings”, diz, confessando que abrir um restaurante nunca esteve nos planos. Ela, ligada às finanças, ele ao jornalismo e ao guionismo, começaram um negócio sem saber que o estavam a começar realmente. “Começámos por diversão, mas recebemos logo muitas mensagens. Pensámos que se calhar ao fim de dois ou três meses parávamos, até que fomos convidados para o Mercado de Produtores e decidimos tentar.” 

Miss Dumpling
Francisco Romão PereiraSong e Hélder Beja

O resultado foi melhor do que o esperado. Voltaram ali umas quantas vezes, mas foi quando a chuva se revelou um entrave que o casal ousou pensar numa casa para os seus dumplings. Não foi uma procura fácil, mas acabaram, curiosamente, a encontrar um espaço muito perto de onde vivem, na zona da Rua do Poço dos Negros. É pequeno, mas acolhedor.   

O Miss Dumpling, cujo nome surge da frase tantas vezes repetida por Hélder (“I miss dumplings”), apesar de poder também remeter para o imaginário da senhora chinesa de volta dos dumplings, abriu no início de Maio e todos os dias tem tido casa cheia. O segredo, confia Hélder, está na honestidade e na qualidade dos produtos – e na paciência, acrescenta Song. “As receitas são muito simples, mas é preciso ser paciente, é uma questão de tempo. Às vezes as pessoas pensam que dumplings são uma coisa rápida, que até são uma entrada, mas na verdade os verdadeiros dumplings são uma comida muito importante nas famílias chinesas. Celebramos os grandes dias com dumplings”, destaca Song. 

Miss Dumpling
Francisco Romão Pereira

A carta é por isso aparentemente simples. Há 12 dumplings diferentes, oito de carne, um do mar, dois vegetarianos e um vegan. São servidos, lá está, como prato principal. E é tudo feito em casa, da massa aos recheios. Cada dose traz seis exemplares, que podem ser cozinhados ao vapor ou fritos. E já começam a aparecer favoritos, como os de porco e cogumelos (7€). Mas há outros como os de vaca e aipo (7€), os de borrego e coentros (7€) ou camarão e coentros (8€). Para acompanhar, outra tanta variedade, cuidadosamente preparada com receitas de Song: de uma cama de beringela (8,50€) a umas tiras de batata laminada, acompanhadas de pimentos verdes e vermelhos, alhos e coentros (6,50€); ou uns cogumelos chineses secos, hidratados no momento e acompanhados de cebola roxa laminada, chilis frescos e coentros (7€), entre outras opções.  

Miss Dumpling
Francisco Romão PereiraCama de beringela

Ao almoço, há um menu em conta que, por 12€, inclui entrada, dumplings, acompanhamento e café. Os dumplings e o acompanhamento do dia são anunciados diariamente no Instagram. “Isso ajuda a trazer gente e desde o início que queríamos mesmo fidelizar um público português até porque esse já era o público que nos comprava e que nos procurava no mercado”, diz Hélder. “Quando decidimos abrir, decidimos que não queríamos uma coisa demasiado cara. A cerveja de pressão, por exemplo, custa 1,50€. A Tsingtao [cerveja chinesa] custa 2,40€, quando há sítios em que custa 3,50€ ou 4€. Não quisemos fazer isso.”

Já no vinho, Hélder apostou apenas em monocastas. “Eu gosto muito e nunca conheci um sítio em Lisboa onde só haja monocastas”, defende. A selecção é curta propositadamente. “Queremos mudar os vinhos que servimos a copo. Só temos uma garrafa de cada para ir mudando, mas se o feedback for bom posso manter. Divirto-me a fazer isto”, acrescenta. E também aqui não quis puxar nos preços. O vinho a copo começa nos 3,80€. “Eu quero que os meus amigos venham aqui, se puxar nos preços os meus amigos não vêm”, conclui.

Mais para a frente, Song tem a certeza de que a carta crescerá, pelo menos, para incluir uma sopa de dumplings e outra de noodles. Porém, poderá haver mais novidades. "A minha quer que eu vá a casa para me passar mais receitas", antevê Song.

Travessa dos Mastros 25 (Santos). 963 705 838. Ter-Qua 12.00-15.00, 18.00-23.00. Qui-Sáb 12.00-15.00, 18.00-02.00, Dom 12.00-15.00

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