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MNAA reúne obras de Piero della Francesca há muito separadas

‘Santo Agostinho’ e ‘São Nicolau Tolentino’ são as pinturas do políptico de Santo Agostinho, do mestre renascentista, que podem ser vistas juntas em Lisboa, até 15 de Dezembro.

Helena Galvão Soares
Jornalista
San Nicola da Tolentino
G. & L. MalcangiPormenor de 'San Nicola da Tolentino'
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Faz lembrar o milagre dos pães. Onde ontem existia um Piero della Francesca, hoje existem dois. Estão lado a lado, no Museu Nacional de Arte Antiga (MNAA), na Sala do Tecto Pintado: a pintura Santo Agostinho, da colecção do MNAA, e a de São Nicolau Tolentino, do Museo Poldi Pezzoli, ambas pertencentes ao políptico do Convento de Santo Agostinho de Borgo Sansepolcro, mas actualmente separadas e residentes em diferentes museus. O MNAA resolveu providenciar para que as duas obras deste mestre do Renascimento, encomendadas em 1454 e concluídas em 1469, pudessem de novo ser vistas juntas, a partir desta sexta-feira, 11 de Outubro.

Piero della Francesca nasceu em 1412 na pequena cidade de Borgo Sansepolcro, onde terá feito os seus estudos básicos. Pensa-se que mais tarde tenha feito a aprendizagem artística com dois mestres com quem veio a colaborar: António de Anghiari (ativo 1430-1462) e Domenico Veneziano (c. 1410-1461). Na corte de Federico Montefeltro, duque de Urbino, estudou matemática, geometria e perspectiva, disciplinas que trouxeram rigor renascentista à sua pintura na construção do espaço e das figuras.

A encomenda do retábulo pelos Eremitas de Santo Agostinho apanhou Piero numa fase em que tinha em mãos algumas das que viriam a ser as suas obras maiores: os frescos da Santa Cruz, na Igreja de São Francisco de Arezzo (1452-1457), o altar da Misericórdia de Sansepolcro (1460-1462) e o retábulo de Santo António de Perugia (1467-1469), para além de trabalhos para o duque de Urbino e para o papa Pio II. Além disso, a pintura tinha de ser executada num altar de madeira do gótico tardio, que lhe impunha algumas limitações. Tudo isto terá contribuído para que a encomenda de 1454 só estivesse concluída em 1469.

Piero dela Francesca morreu em 1492 e nunca soube da turbulenta história da sua obra. Em 1555, os Eremitas de Santo Agostinho venderam o convento, o retábulo foi para a igreja paroquial e no século seguinte as suas partes já se encontravam dispersas. A tábua central, dedicada à Virgem, desapareceu, mas conservaram-se as tábuas maiores: Santo Agostinho, hoje na posse do MNAA, o arcanjo São Miguel, São João Evangelista e São Nicolau Tolentino, hoje no Museo Poldi Pezzoli. Graças a esta iniciativa de colaboração dos dois museus, estas duas importantes peças podem de novo ser vistas juntas.

San Nicola da Tolentino
G. & L. MalcangiSan Nicola da Tolentino

Museu Nacional de Arte Antiga (MNAA), Sala do Tecto Pintado. 11 Out-15 Dez. Ter-Dom 10.00-18.00. 10€, com entrada gratuita para residentes ao abrigo das 52 entradas livres em museus e monumentos nacionais

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