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O luxo tem muitas faces e o arrojo e leveza que Jonathan Anderson injectou na centenária Loewe aproximou a marca de um novo espectro de consumidores de moda. Infalível, a fórmula dos últimos oito anos cruza um guarda-roupa quotidiano sofisticado, referências no mundo das artes plásticas e, claro, a excelência dos materiais, com uma natural propensão para explorar o trabalho de pequenos autores e artesãos locais.
No número 207 da Avenida da Liberdade, este universo cabe por inteiro, a começar pelas peças de arte criteriosamente seleccionadas para se fundirem com as próprias colecções. Erika Verzutti, Solange Pessoa, Harry Morgan e Andrea Walsh (os dois últimos finalistas da edição de 2019 do Craft Prize da Fundação Loewe, prémio criado pelo próprio designer) são nomes que figuram ao longo dos 400 metros quadrados de loja.
Em vez de uma galeria, o espaço foi projectado para assumir a forma da casa de um coleccionador de arte. Razão pela qual também o design e as artes decorativas foram convocadas. Nas paredes, salta à vista um conjunto de apliques em forma de concha. São peças, no mínimo especiais, provenientes da colecção privada de Yves Saint Laurent e Pierre Bergé. Mas há mais: a mesa em ardósia Floating Stone, peça única e talhada à mão, assinada por Axel Vervoordt, ou as icónicas cadeiras e poltronas do holandês Gerrit Rietveld.
A harmonia com as peças Loewe é total. À imagem e semelhança do seu director criativo, o espaço é absolutamente eclético e transversal. Privilegiam-se os ofícios manuais, presentes, entre outras peças, nos entrelaçados de malas e objectos decorativos. Mais uma vez, estamos perante peças especiais e limitadas, produzidas por artesãos na Galiza. Nem o património português escapa à busca incessante de Anderson. A revestir os pilares centrais da loja estão os azulejos da histórica Viúva Lamego, fundada em 1849, apenas três anos mais nova do que a própria Loewe.
Amplo e luminoso, o espaço convida a cirandar. Em Lisboa estão agora presentes as diferentes linhas da marca (integrada no grupo LVMH) — vestuário feminino e masculino, peças de desfile, colecção e outdoor e até mesmo alguns dos exercícios de upcycling, como os casacos construídos a partir de velhas tendas. A nova experiência Loewe, em tudo diferente da proporcionada na antiga loja do hotel Tivoli, entretanto encerrada, é ainda mais completa — há malas e outros acessórios (o que obviamente inclui a cobiçada Puzzle), joalharia e ainda uma selecção de velas e ambientadores para a casa.
São pequenos luxos acessíveis num universo onde a arte, com a sua beleza intemporal, contrabalança o ímpeto das tendências sazonais. Para vir morar aqui, a Casa Loewe esmerou-se. Além do interior, restaurou a fachada do edifício mantendo a traça original. Nas traseiras, o terraço de 75 metros quadrados é uma espécie de refúgio em plena cidade e reforça a vocação do espaço: receber visitas e fazer com que se sintam em casa.
Avenida da Liberdade, 207. 913 475 186. Seg-Sáb 10.00-20.00.
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