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Moedas quer aplicar taxa turística aos passageiros de cruzeiros (e duplicar valor previsto por Medina)

Na apresentação do projecto que quer dar nova vida à Doca da Marinha, o presidente da Câmara de Lisboa reforçou a importância da taxa turística. “Quando vamos ao grande Museu do Tesouro Real vemos a aplicação da taxa turística, estamos aqui e vemos também.”

Cláudia Lima Carvalho
Editora de Comer & Beber, Time Out Lisboa
Carlos Moedas
Francisco Romão Pereira
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Três quiosques já a funcionar, um restaurante prestes a abrir, chefiado por Miguel Rocha Vieira, uma zona de eventos já com agenda para este ano e um reforço na área marítimo-turística para breve. Eis a nova Doca da Marinha, esta terça-feira inaugurada oficialmente por Carlos Moedas, que aproveitou a oportunidade para deixar uma palavra “àqueles que hoje exploram o Terminal de Cruzeiros”. “Aquilo que quero fazer é que todos contribuam, que aqueles que chegam através dos cruzeiros possam contribuir também para a taxa turística assim como contribuem todos os outros turistas.”

Para o presidente da Câmara de Lisboa, é essencial que a cidade desenvolva uma maior ligação com o rio Tejo, sendo a Doca da Marinha, renascida nas obras que requalificaram a frente ribeirinha e que devolveram à cidade a Estação Sul e Sueste, o primeiro passo. “Este projecto é o primeiro que estamos aqui a lançar e a executar que tem esta ligação directa entre o Tejo e as pessoas”, disse na apresentação, agradecendo aos “fazedores, aos empresários, que fizeram a obra” – no caso, Bernardo Delgado, à frente do grupo Lean Man, que ganhou o concurso lançado pela Associação do Turismo de Lisboa para explorar a concessão terrestre da Doca da Marinha. “Muitas vezes em Portugal não agradecemos aos privados, não agradecemos aos empreendedores, aqueles que fazem”, disse o autarca, aproveitando então para chamar a atenção para a importância que a taxa turística tem tido na cidade. 

Carlos Moedas
Francisco Romão Pereira

“Quando vamos ao grande Museu do Tesouro Real [no Palácio da Ajuda] vemos a aplicação da taxa turística, estamos aqui e vemos também. Ou seja, [vemos] os turistas a deixarem o seu contributo para a cidade”, acrescentou, deixando claro que é um desejo deste executivo avançar com a aplicação da taxa turística a quem chega por via marítima, uma medida que já estava prevista por Fernando Medina, mas que não foi ainda operacionalizada. “É uma solidariedade importante para a cidade”, defendeu. “Se contribuírem, aqueles que chegam cá terão uma Lisboa melhor, uma Lisboa com mais cultura, com mais inovação, com mais obra.” E sugeriu ainda: “Penso que dois euros para quem vem a Lisboa, para quem sai no cruzeiro, não é nada”. Fernando Medina tinha fixado, em Fevereiro de 2022, a taxa turística para via marítima em um euro. 

Até agora, a taxa turística é apenas cobrada por dormida e não por chegada por via aérea ou marítima. Em Julho, o Dinheiro Vivo avançava que, só no primeiro semestre, a taxa turística tinha valido ao município de Lisboa 12,4 milhões de euros.

Nova Doca da Marinha “vai revolucionar hábitos”

Com um investimento na ordem dos 3,5 milhões de euros, e uma concessão para 15 anos, o grupo de Bernardo Delgado aposta maioritariamente na restauração e nos eventos com o objectivo de dinamizar “de forma disruptiva e surpreendente” a renovada zona da Doca da Marinha. “Vai revolucionar hábitos”, afirmou Bernardo Delgado. “Será um espaço de todos e para todos.”

Doca da Marinha
Francisco Romão PereiraMiguel Rocha Vieira (ao centro) com o arquitecto Carrilho da Graça e a mulher de Julião Sarmento

E se Rocha Vieira é um nome de peso, não lhe ficam atrás o arquitecto Carrilho da Graça, que assina os quiosques e o restaurante – ainda em obras, mas que se espera que abra em Fevereiro –, e Julião Sarmento, que deixou aqui uma das suas últimas obras antes de morrer, um conjunto de pinturas retroiluminadas (azul, amarelo e vermelho), visível numa das laterais de cada quiosque. 

As novidades da apresentação prenderam-se, no entanto, com o alinhamento dos eventos já planeados, uma agenda que parece já preenchida entre Março e Outubro. “Mercados gastronómicos, de plantas e flores, produtos de artesanato, concertos de jazz, DJ sets, exposições de arte urbana, bem como grandes eventos que marcarão momentos fortes do ano”, antecipou Bernardo Delgado, nomeando os “Santos no Tejo, que trará para o Tejo uma parada náutica sem precedentes”, mas também o festival gastronómico Heróis do Mar, dedicado aos pescadores e focado no peixe e marisco. Para o Inverno, está programado o mercado Winter Fanatics.

“O Tejo está a ser devolvido aos lisboetas. É um activo que nos diferencia e que temos de valorizar”, celebrou na mesma cerimónia José Luís Arnaut, director-adjunto da Associação de Turismo de Lisboa, apontando o início de um novo ciclo.

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