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Cerca de 400 filmes em mais de 150 sessões de cinema, distribuídas por sete competições, nas quais estão 44 países representados. É um mundo de animação que regressa a Lisboa com a Monstra, entre 7 e 17 de Março, com epicentro no Cinema São Jorge.
No ano passado, foram mais de 64 mil os participantes das muitas sessões e actividades da Monstra, um número que a organização quer que este ano chegue aos 100 mil. Pelo menos, foi esse o desejo expresso pelo director artístico da Monstra, Fernando Galrito, durante a apresentação da 23.ª edição do festival de cinema de animação, que aconteceu esta quinta-feira no Cinema São Jorge.
“A Monstra é um espaço de cultura e liberdade. Mas é também – e porque a liberdade tem a ver com a inquietação – um espaço de encontro de países”, começou por recordar Galrito. “E criar encontros através do cinema de animação é sem dúvida um dos grandes objectivos. Ficamos contentes quando ao longo destes 24 anos estas pessoas se continuam a encontrar.” O responsável destacou ainda a boa saúde do cinema de animação português, presente na programação com 20 filmes. Para Galrito, “a Monstra é um espaço de encontro do cinema de animação português com o público, que infelizmente às vezes não conhece a nossa cinematografia que é muito premiada pelo mundo inteiro”.
O tema central desta edição é a Liberdade de Expressão. “Estamos a comemorar os 50 anos do 25 de Abril e aquilo que a gente julga que está mais conquistado, às vezes, é o que mais facilmente se esvai. E por isso é sempre importante, anualmente, falar das questões da liberdade, da expressão e daquilo que nós já ganhámos e que não queremos e devemos voltar a perder. Pelo contrário, podemos ganhar outras liberdades e sobrepô-las”, defende. Um dos momentos que irá assinalar a liberdade será a estreia de A Revolução, um filme realizado colectivamente, no qual alunos de escolas de todo o mundo mostram os seus olhares sobre uma revolução democrática. A celebração alarga-se ao Monstra Summit, um debate que irá juntar os ilustradores Cristina Sampaio, André Carrilho, Nuno Saraiva e José Bandeira, e também o autor Pedro Mexia.
Sobre a vinda do cinema de animação da Irlanda a Portugal, a Monstra vai exibir 70 filmes, 55 curtas e 15 longas-metragens, exibidas ao longo de 16 sessões. Em destaque estará o Cartoon Saloon, prestigiado estúdio de animação que assinala 25 anos desde a fundação. Tomm Moore, co-fundador que tem no seu currículo três nomeações aos Óscares, estará em Lisboa para uma masterclass. Além do mais, é ele o autor ilustrações dos cartazes desta edição do festival. Num vídeo gravado para a apresentação desta quinta-feira, Moore deixou uma mensagem: “A Cartoon Saloon celebrou 25 anos este ano e estamos honrados em mostrar algumas das nossas produções e de fazer parte do festival com muitos dos nossos colegas da indústria irlandesa”. Do Cartoon Saloon, o programa inclui, por exemplo, as quatro primeiras longas-metragens do estúdio que receberam nomeação ao Óscar para Melhor Animação: Brendan e o Mundo Secreto de Kells, de Tomm Moore e Nora Twomey (co-fundadora do estúdio); A Canção do Mar e Wolfwalkers, de Moore; e A Ganha-Pão, de Twomey. De outras casas, chegam ainda à Monstra um conjunto de curtas do realizador Aidan Hickey, como An Inside Job; ou uma retrospectiva dedicada a Don Bluth, autor de Em Busca do Vale Encantado e Todos os Cães Merecem o Céu, ambos no programa do festival. Filmes dos estúdios Brown Bag Films e Boulder Media também irão marcar presença.
Uma das grandes estreias programadas para esta edição são os primeiros dois episódios da série de animação O Diário de Alice, do realizador brasileiro Diogo Viegas, numa parceria entre a Monstra, a produtora portuguesa Sardinha em Lata e a RTP. “O Diário de Alice é uma série fabulosa, não só porque é muito bem animada, não só porque conta histórias muito bonitas, não só porque mistura várias técnicas da animação, mas também porque é feita por pessoas de que a gente gosta muito”, introduziu Galrito, antes de passar o microfone ao realizador. Diogo Viegas contou a história, começada há oito anos. “Essa é uma ideia que a gente já vem tentando implementar desde 2016, quando eu conheci o pessoal da Sardinha. Eu morava no Brasil, então a gente resolveu fazer essa parceria. São 52 episódios de quatro minutos, onde a gente vê a Alice tentando identificar e aprender o mundo com a arte dela. Então ela sempre chega em casa para mostrar para a mãe dela o que aprendeu. Ela começa a desenhar no diário, falando o que estava pensando sobre aquilo, se foi uma coisa triste, uma coisa alegre. Então a gente fica vendo todo o pensamento dela dentro do diário. E a série mistura muitas técnicas: tem animação 2D, stop motion, animação de objectos, de papel… Ela é uma criança, então tudo o que ela vê na frente, ela vai pondo no caderno e tentando trazer para que a gente entenda o pensamento dela.”
O (extenso) programa também é acolhido pela Cinemateca Portuguesa – Museu do Cinema, Cinemateca Júnior, Cinema City Alvalade e Cinema Fernando Lopes e pode ser consultado no site do festival.
Cinema São Jorge (e outros locais). 7 a 17 de Março
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