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Mulheres de aço enfrentam a máfia na nova série da Disney+

Três mulheres encaram uma das mais perigosas famílias da máfia na nova série da Disney+. Um original do serviço de streaming, baseado num livro que, por sua vez, descreve uma história real. As Boas Mães estreia a 5 de Abril.

Renata Lima Lobo
Escrito por
Renata Lima Lobo
Jornalista
The Good Mothers
©Claudio IannoneAs Boas Mães
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Fundada há mais de 150 anos, a 'Ndrangheta é uma das mais ricas e poderosas associações mafiosas de Itália, espalhando os seus tentáculos por toda a Europa. Segundo o premiado jornalista Alex Perry, que em 2018 publicou livro As Boas Mães, a 'Ndrangheta distribui 70% da cocaína no continente europeu, desenvolve negócios ilegais de armas para criminosos e terroristas de todo o mundo, ISIS incluído, e tem colaboradores um pouco por todo o mundo, movimentando um valor correspondente a 3,5% do PIB (Produto Interno Bruto) italiano. Quem, então, ousaria fazer frente a uma organização com tanto poder?

A histórias em torno da máfia fazem parte da história da produção audiovisual, mas desta vez não só as acompanhamos através de um ângulo feminino, como não assistimos à glorificação de um mundo misógino e violento. Pelo contrário – ou não fosse a realidade ainda mais dura que a ficção. No seio desta “Família”, onde a lealdade tem de ser absoluta, as mulheres são obrigadas a casar aos 13 anos, casamentos combinados entre os vários clãs, e são vítimas de clausura e violência. Mas em 2009, uma dessas mulheres foi assassinada por ter colaborado com a justiça, levando a procuradora Alessandra Cerreti a concluir que o fanatismo da 'Ndrangheta não só era o seu grande poder, como também a sua grande fraqueza. Assim, a procuradora convenceu mais duas mulheres a testemunhar, em troca de um futuro melhor para elas e seus filhos. Esta história inspirou o livro de Alex Perry que agora é adaptado à televisão.

The Good Mothers
©Claudio IannoneAs Boas Mães

Ainda antes da estreia na Disney+, As Boas Mães já arrecadou um prémio. Apresentada em Fevereiro no 73.º Festival Internacional de Cinema de Berlim, onde foram estreados os dois primeiros episódios, levou para casa o primeiro prémio de sempre a ser atribuído a uma série na história deste festival. Com argumento adaptado por Stephen Butchard (Bagdad Central, The Last Kingdom), o prémio foi recebido por pelo britânico Julian Jarrold e a italiana Elisa Amoruso, os realizadores desta série produzida pelos dois países para a Disney+, em concreto pela britânica House Productions (The Wonder, Netflix) e pela italiana Wildside, a mesma por detrás doutra adaptação bem sucedida, A Amiga Genial (HBO), a partir dos livros da série napolitana de Elena Ferrante. E que em comum tem também uma das suas actrizes principais. O papel de Alessandra Cerreti ficou nas mãos da actriz Barbara Chichiarelli (Suburra), que interpreta a procuradora Anna Colace (o nome foi alterado), enquanto que as valentes mulheres da 'Ndrangheta são interpretadas por Micaela Ramazzotti (Loucamente), Gaia Girace (A Amiga Genial), Valentina Bellè (Catch-22, Medici) e Simona Distefano (O Traidor).

“A primeira coisa que me chamou a atenção nesse projeto foi o tema. Depois de ler o argumento do primeiro episódio, senti imediatamente a urgência de encenar as histórias destas mulheres, heroínas invisíveis que deram uma contribuição significativa no combate ao crime organizado”, diz Elisa Amoruso, numa nota divulgada no site da produtora Wildside, onde também destaca o papel das mulheres. “A série traz consigo uma mensagem de grande emancipação e liberdade, não só para as personagens que retrata, mas para todas as mulheres que foram vítimas de violência, seja física ou psicológica, na família e nas relações afetivas. E é esse sentido, necessário e universal, que me levou a contar esta história, buscando, acima de tudo, a empatia e a verdade.” Uma história que Julian Jarrold descreve como “poderosa e comovente” e “uma jornada sinuosa e perigosa de traição e coragem”, onde acompanhamos um grupo de mulheres que quebraram um código de silêncio para escapar aos laços misóginos dos pais, irmãos e maridos.

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