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Em mais um episódio de “a pandemia trocou-nos as voltas”, também o Festival MURO, organizado pela Galeria de Arte Urbana (GAU) da Câmara Municipal de Lisboa, se viu obrigado a empurrar a edição do evento de Maio para a semana entre 3 e 11 de Julho. O Parque das Nações será a tela deste ano, onde já pode ver murais e empenas terminadas, que antecipam o festival, assinadas por D* Face e pelo Colectivo Rua.
“O MURO que nos (Re)úne" dá o mote para mais uma edição do festival que, desde 2016, forra os bairros e as vistas de Lisboa com um papel de parede especial, o da arte urbana. Passou por Carnide, Marvila e Lumiar, deixando para trás 112 obras assinadas por 157 artistas a ocupar uns módicos 17 mil metros quadrados.
“O mote vem de uma reunião provocada pela força transformadora da arte urbana na nossa capital, que este ano fica marcada pela forte presença de artistas de graffiti”, refere a GAU em comunicado. A empreitada segue agora para Oriente e, pela primeira vez, as obras vão estar mais dispersas no bairro com intervenções em vários núcleos.
“As anteriores edições do MURO ficaram limitadas aos bairros municipais, mas como presidente da junta assumi essa responsabilidade de, em parceria com a GAU, alargar a área de acção do evento”, explica Mário Patrício, presidente da junta do Parque das Nações. “Vejo o meu território como um todo, não quis que houvesse nenhum tipo de segregação, e então acabámos por igualar o orçamento já existente e aumentar a capacidade de intervenção e dos artistas nesta edição”. O espólio de arte pública no bairro já ultrapassa as 50 obras, todas catalogadas, e o MURO é mais um motivo de “criação de valor do já rico património da freguesia”, atira o autarca.
O Casal dos Machados será palco do núcleo da Multiculturalidade, e já ficou marcado com uma peça de arranque assinada pelo colectivo RUA, de Fedor, Oker, The Caver, Third, Contra e Draw. Mas como é que seis artistas – que são “acima de tudo um grupo de amigos”, diz Tiago (aka Fedor) – pintam um mural que fique coeso? “Começamos por criar individualmente elementos que estejam relacionados com o tema da multiculturalidade, neste caso”, explica Tiago. “Depois, e como é uma obra de uma dimensão considerável, temos de encaixar as nossas peças num todo. Cada um não limita o outro naquilo que vai fazer”.
Outro dos núcleos fica na Avenida de Pádua e será dedicado à Sustentabilidade. Aqui a intervenção vai aproveitar o espaço de pracetas, muros, rotundas e túneis pedonais para peças de pintura, escultura e iluminação. Para intervir no espaço já está confirmado o artista Bordalo II com uma série de animais feitos de desperdício.
Já o Parque Tejo, tão ligado à prática de desportos urbanos, acolhe o núcleo da Cultura Urbana. Aqui serão feitas intervenções ao nível dos pilares e muro da Ponte Vasco da Gama com foco no graffiti, no skatepark já existente, e ainda na transformação de um parque de estacionamento em campos de street basket 3x3. Dois nomes saltam à vista: o graffiter português Odeith e a designer gráfica colombiana Zurik.
Aos três núcleos juntar-se também a zona da Gare do Oriente, ponto de partida e chegada das várias actividades que vão decorrer no festival. É lá que já pode ser visto o grande mural pintado pelo britânico D*Face, um dos maiores nomes da arte urbana a nível mundial.
E ainda a exposição de serigrafias do colectivo Crack Kids e uma mostra de trabalhos serigráficos e de objectos 3D de Odeith.
Em paralelo às intervenções artísticas, que decorrem quase todas nos meses anteriores ao festival, a semana de 3 a 11 de Julho fica marcada pelas habituais actividades da programação: workshops, concertos e visitas guiadas a pé. Este ano, porém, há uma estreia: passeios de bicicleta com paragens nas várias obras de arte urbana.
www.gau.cm-lisboa.pt/gau.html / Instagram: @galeria_de_arte_urbana