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Brilhante é uma série documental que tira da vitrine algumas das mais valiosas peças do acervo do Museu do Tesouro Real, o mais blindado em território nacional. O primeiro episódio, dedicado à coroa encomendada por D. João VI, estreou esta terça-feira no serviço de streaming da Opto SIC e os restantes ficarão disponíveis nas terças-feiras seguintes. Cada episódio tem cerca de dez minutos e são um convite à aprendizagem em movimento, com a jornalista Teresa Dimas a dar a cara pela equipa que esteve à frente do projecto.
A ideia partiu da jornalista Marta Brito dos Reis, subdirectora de informação da SIC, que explicou à Time Out – numa apresentação que decorreu no Palácio Nacional da Ajuda – a escolha por este formato repartido e não por uma longa-metragem documental. “Como é uma série documental destinada a uma plataforma de streaming onde há muito consumo em mobile, experimentámos fazer uns episódios com uma duração mais curta, com mais ou menos dez minutos de duração, para as pessoas também poderem ver o consumo on the go [em andamento]. A pessoa que vai no comboio, que vai para o trabalho… e se quiser pode só ouvir o áudio”, sugere a jornalista, embora considere que se perde bastante sem as imagens. “Quem ouvir só o áudio também vai ter a noção de querer ver e ficar com uma sensação do que é que são as peças e da diferença entre elas”. O conceito surgiu numa reunião conjunta com o jornal Expresso, que tinha feito um trabalho sobre o espólio do museu. "Quando houve essa reunião, o Expresso teve um primeiro acesso às peças e depois nós pensámos que seria realmente espectacular podermos filmar as peças como nunca tinham sido vistas, porque quando estão na vitrine nós só temos um ângulo de observação. Portanto seria espectacular podermos filmar as peças em 360º", diz a jornalista, sublinhando ter sido esta a primeira vez que as peças foram retiradas dos mostruários para serem filmadas.
Peças que são – como disse Teresa Dimas, também presente no evento de apresentação da série documental – “um tesouro dentro de um tesouro”. Brilhante é também um convite à visita ao Museu do Tesouro Real, inaugurado o ano passado e onde há muito mais para descobrir sobre o passado do país, até porque cada peça (e são 900 no total) conta uma ou várias histórias. “Peço às pessoas que não procurem só o conhecimento na internet, porque a internet tem muitas distrações, demasiadas. Algumas delas nada simpáticas. Não há nada como ver as peças e as coisas ao vivo. A vida ao vivo, a realidade. Venham ao Museu do Tesouro Real, venham ao Palácio Nacional da Ajuda, aos museus e palácios de todo o país", desafiou Dimas.
Se no primeiro episódio temos a coroa feita no Brasil por encomenda do rei D. João VI (feita de ouro, prata, seda e algodão), o segundo episódio contará a história de uma rica caixa de rapé. Uma encomenda do rei D. José I ao joalheiro de Luís XV, logo após o terramoto de 1755, para provar que era ainda o “rei dos diamantes”. Uma pequena caixa decorada a 960 diamantes e 229 esmeraldas, que fez inveja na corte francesa de então. O diadema das estrelas (peça que muitos conhecem como tiara), feito em Lisboa em 1868 para a rainha Maria Pia, mulher do rei D. Luís I, brilha no terceiro episódio com a ajuda dos seus 482 diamantes; e no quarto episódio estará em foco uma laça de esmeraldas, um adorno que pertenceu à mesma rainha, feito em Espanha em meados do século XIX, com 199 diamantes e 31 esmeraldas da Colômbia. O episódio seguinte será dedicado ao sabre de D. Miguel, um símbolo do seu poder absolutista, feito a ouro e aço no Arsenal Real do Exército, decorado com 277 diamantes. A série documental termina com a peça chamada Hábito da Ordem do Tosão de Ouro (feita a pedido do então príncipe regente D. João, futuro João VI), símbolo desta ordem de cavalaria. 1741 diamantes, 190 rubi e uma safira fazem-no brilhar.
Ao longo dos vários episódios são vários os convidados que tanto contam as histórias por detrás de cada peça, como analisam as técnicas utilizadas na sua criação, como Jorge Leitão, proprietário da histórica Leitão & Irmão Joalheiros; José Alberto Ribeiro, historiador e director do Palácio Nacional da Ajuda – Museu do Tesouro Real; ou o gemólogo Rui Galopim de Carvalho, especialista em pedras preciosas.
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