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Há uma cabana que se esconde no Príncipe Real, nas traseiras da Embaixada. Um sítio para se estar sem pressas, onde nem os carros que enchem a Rua da Escola Politécnica se ouvem. Um oásis entre plantas onde mesmo nos dias frios se está bem, qual sala-de-estar. Lá dentro, há um jogo em cada mesa, como o dominó, o mikado ou o 4 em linha. Há livros que se partilham e um gira-discos que até pode tocar um disco de casa que tenha levado. Para os miúdos, um cesto cheio de brinquedos. À mesa, a comida chega em tábuas de madeira a pedir a partilha.
Na Casa Cabana, quer-se tempo, para se estar e aproveitar. Um copo ou uma refeição rápida contrastam com a experiência que Sheikha Diane quer proporcionar. “Isto é uma cabana no jardim, mas quero a vibe cool de uma cabana na praia.” E quando diz isto, a francesa, que se mudou para Lisboa depois de 18 anos na Arábia Saudita, não está a pensar em festas de praia e coboiada. Antes num ambiente descontraído, como quem está em casa com amigos. “Quero que sintas que estás numa sala com terraço”, diz Diane, com uma vida ligada à consultadoria.
A ideia para este espaço surgiu quase por acaso. Num espaço em que havia uma parede e pouco mais, Diane viu potencial quando não estava sequer virada para ter um negócio próprio. “Eu fiz isto tudo por mim, fui eu que construí isto. Perdi dez quilos e dormi muito pouco”, conta, de ar orgulhoso com o resultado, lembrando que foi por pouco que não foi viver para França. Reviravoltas da vida que acabaram a dar frutos. Mesmo assim, não quer ser ela a tratar de tudo. Ela é a pessoa das ideias, que faz acontecer. Para ficar em Lisboa, onde veio para tirar um mestrado, queria ter alguma coisa. “Queria ser empreendedora, tem a ver com o que eu sempre fiz”, explica. A premissa pode parecer simples, mas não é fácil: “Tudo o que eu faço, não existia antes. Tanto pode ser um novo hotel, um novo restaurante”.
Aqui, quer oferecer um espaço com boa comida, vinhos naturais e cocktails, brunch ao domingo e uma programação especial em determinados dias. “Quero dinamizar mais o Príncipe Real”, continua, contando que não quer ser vista como “mais uma francesa com um restaurante”. “Logo eu que não vivo em França desde os 17 anos.”
Para abrir a Casa Cabana, Diane percorreu o país, informou-se sobre a gastronomia nacional, instruiu-se sobre os vinhos e até sobre o artesanato. “Conheço bem Portugal, fiz questão de aprender”, garante.
Mesmo assim a carta que apresenta é internacional: “Pensei no que eu sentia falta em Lisboa ou no que eu gostaria de ver”. A comida é servida em tábuas de madeira compostas sempre por mais do que um prato, perfeitas para partilhar e também para aqueles que, como Diane, nunca sabem o que escolher. Cada tábua corresponde a um sítio com significado para a responsável ou para alguém da equipa. A tábua do Médio Oriente (17€/1 pessoa, 30€/duas ou 35€/3), por exemplo, chega à mesa com um falafel, hummus e baba ganoush, kafta, tapenade de azeitona, pão pita e legumes frescos.
Cada tábua, cada vinho (maioritariamente natural) ou cerveja vem acompanhada de uma descrição – é também essa a história desta Casa Cabana.
Às quintas-feiras, as noites são de tacos, e aos domingos é dia de brunch. É tudo pedido à carta, com várias escolhas menos convencionais como os pimentos assados recheados com cuscuz, acompanhados com batatas assada e salada (11€), ou uma shakshuka, aqui adaptada com os ovos a serem ladeados por espinafres e cebola, e uma base cítrica (10€). Mas nada tema se for fã de abacate e panquecas porque também cá estão essas opções. Além disso, pode sempre acompanhar com umas ostras frescas (6€/3 unidades). Para beber, há sumos naturais, mas a casa aposta forte nos cocktails de autor.
As plantas que dão cor e vida à cabana vêm dos Açores e estão à venda. E há mais: um espaço na rua dedicado ao jogo francês petanca. “Estou a tentar puxar pela petanca, ninguém sabe que há isso no meio da cidade.” O ideal é ir com tempo.
Calçada da Patriarcal, 40 (Príncipe Real). Ter-Qui 16.00-23.00. Sex-Sáb 17.00-01.00. Dom 11.00-16.00