[title]
São muitas as experiências à escala nacional e até metropolitana de criação de um índice capaz de medir a felicidade dos cidadãos, seguindo uma determinada lista de critérios, mas "não há conhecimento de que tal tenha alguma vez sucedido ao nível de uma freguesia", afirma a Junta de Freguesia da Estrela, em comunicado. Em Abril será, então, lançada a iniciativa Estrela pela Felicidade, em parceria com o laboratório de dados NOVA Cidade, da Nova IMS – Information Management School, em que o organismo público vai perguntar aos mais de 20 mil fregueses o que os faz sentir mais e menos felizes nos diferentes bairros da freguesia, da Lapa aos Prazeres.
"A primeira etapa vai ser uma sessão de co-criação presencial e aberta aos cidadãos, para se traçar uma definição objectiva do que é a felicidade", explica à Time Out Miguel Castro Neto, director da NOVA IMS, que tem desenvolvido vários projectos de análise e monitorização de dados com autarquias e outras entidades públicas, com o intuito de cidades mais sustentáveis e inteligentes. O arranque está previsto para Abril, mas o dia exacto e o local desta sessão ainda estão por definir. Após esta primeira fase, os fregueses serão convidados a responder a uma série de perguntas que permitirão construir um índice de felicidade para a área administrativa da Estrela. "Vamos cruzar dados quantitativos e qualitativos, de modo a podermos mapear a felicidade na freguesia e construir um instrumento capaz de monitorizar esta dimensão nos diferentes tempos e espaços. Vai ser uma espécie de observatório da felicidade, em que vai ser possível ver num mapa quais os melhores locais para ver as minhas necessidades respondidas", ilustra o responsável.
A metodologia implica, assim, encontrar correspondências entre as necessidades e os desejos dos cidadãos e as diferentes valências da freguesia, desde "a existência de espaços verdes, o grau de caminhabilidade do território, a oferta de serviços como centros de saúde e escolas, mas também supermercados". Por outro lado, ponderam-se aspectos subjectivos, como a qualidade do sono ou, por exemplo, o que se considera ser uma distância razoável para chegar a um espaço cultural ou a uma unidade de saúde, "um pouco como no conceito da cidade dos 15 minutos", lembra Castro Neto.
Um "monitor da boa governação"
Ao mesmo tempo que a iniciativa visa acompanhar o grau de satisfação e bem-estar dos fregueses relativamente ao espaço que habitam, também servirá como um "monitor da boa governação da freguesia", acredita o director da NOVA IMS, que destaca a importância de recorrer a dados da vida urbana para apoiar a tomada de decisões políticas. "Há sempre o desafio de utilizar dados para tomar melhores decisões. Neste caso, também vamos avaliar se essas decisões estão a responder ao que faz as pessoas felizes", afirma.
Para o presidente da Junta de Freguesia de Estrela, Luís Newton, a iniciativa representa "mais um marco importante" para a comunidade. "Estamos não só a medir a felicidade dos nossos fregueses, mas também a comprometer-nos activamente com o seu bem-estar", afirma o edil, em comunicado.
Em 2018, a NOVA IMS estreou-se num projecto semelhante, ao medir a felicidade e o bem-estar em Lisboa, freguesia a freguesia. Avenidas Novas, Misericórdia, Santo António e São Vicente foram as freguesias com melhores desempenhos na análise. "Questões de ordem económica" e "a proximidade a serviços" podem ter sido as principais razões para estes resultados, conforme se concluiu no relatório do projecto.
+ Finlândia está a oferecer viagens a quem quiser partir em busca da felicidade