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Na Estrela, junto à Basílica, a mais famosa tarte de queijo da cidade ganhou um quiosque

O quiosque do Jardim 5 de Outubro reabriu pelas mãos de Hugo Candeias e do grupo Paradigma. No menu, apenas uma opção: tarte de queijo.

Cláudia Lima Carvalho
Escrito por
Cláudia Lima Carvalho
Editora de Comer & Beber, Time Out Lisboa
DONA
Gabriell Vieira
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Quando há cerca de cinco anos, vindo de Espanha, Hugo Candeias se atirou a uma tarte de queijo ao estilo basco para servir num menu que era entregue em casa – vivíamos os tempos estranhos de covid –, não imaginou que criaria daí uma marca, a DONA, e que hoje estaria à conversa na esplanada do quiosque que serve unicamente a mesma tarte. “Nunca na vida pensei que uma tarte de queijo se tornasse este fenómeno”, admite o chef executivo do grupo Paradigma, que detém o Ofício, onde Hugo Candeias passa grande parte do tempo, além da Lota Sea & Fire, Café do Paço, Canalha e, mais recentemente, a Isco. O quiosque da DONA, mesmo ao lado da Basílica da Estrela, e em frente ao jardim, é a nova aposta.

“Já havia necessidade há algum tempo de colocar a tarte em algum lado. Andamos aqui no Ofício, Lota, Ofício, Lota, Ofício, Lota... Surgiu esta oportunidade, com este quiosque, e não pensámos duas vezes. Foi automático”, revela Hugo Candeias. “Só temos a tarte à fatia [4,50€], contudo, se encomendares uma inteira [35€] é possível recolher aqui também. Ou seja, basicamente abrirmos mais um ponto de recolha da tarte de queijo. Há a Lota, o Ofício e agora o quiosque da Estrela. Mas o nosso core aqui é vender a fatia”, explica. Para acompanhar há uma oferta de cafetaria e um menu que combina a fatia com um café (5,50€).

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Gabriell Vieira

Num dia de semana, pouco antes das 11.00, as três mesas do quiosque estão ocupadas e as pessoas que vão chegando acabam por se sentar nos bancos espalhados pelo pequeno Jardim 5 Outubro, também conhecido como Jardim da Burra. “[A resposta] tem sido melhor do que estava à espera. Foi uma surpresa”, admite o chef, contando que os fins-de-semana têm sido ainda mais concorridos. “Depois de três Chefs on Fire, um evento com o Paulo Barata, mais todas as divulgações desde 2021, sabíamos que ia pegar de alguma forma, mas não de forma tão expressiva. É bom.”

Na verdade, Hugo Candeias pode não ter sido o primeiro a servir a tarte de queijo na cidade, mas a ele se deve grande parte do fenómeno. “Toda a gente me pergunta o porquê da tarte de queijo. Eu tinha acabado de vir de Espanha, depois de seis anos. Houve o covid e andámos a cozinhar para a casa das pessoas. Na altura, fizemos um challenge entre o Ofício e o The Art Gate e eu pensei numa sobremesa para a malta partilhar em casa. A primeira que me veio à cabeça, porque adorava comer em Espanha, foi a tarte de queijo”, contextualiza o chef, que vinha então de liderar a cozinha do Hoja Santa, em Barcelona, um dos restaurantes do grupo Elbarri de Albert Adrià. 

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Gabriell Vieira

“Foi uma coisa de brincadeira. Fiz uma tarte de queijo, depois fiz uma tarte de chocolate e a tarte de queijo era a tarte de queijo. E a malta começou a ficar maluca com aquilo”, recorda. Quando pegou no Ofício para o transformar naquilo que é hoje, a tarte acabaria por entrar na carta, onde se mantém até hoje, pelo menos por agora. “Primeiro, só tinha a tarte inteira porque eu não queria vender à fatia e toda a gente reclamava. Fizemos à fatia e a tarte começou a tomar conta do Ofício. ‘Conheces o Ofício? Sim, o sítio da tarte de queijo’. Há mais coisas no Ofício”, afirma. “Daí a necessidade de criar uma marca própria para que as pessoas possam identificar que a DONA é um produto e o Ofício é outro. Caso contrário, depois perguntam-me se eu sou pasteleiro, se sou cozinheiro”, confessa. 

Hugo Candeias, porém, não tem dúvidas do que é e foca-se agora no Ofício, que diz estar “em processo de transição conceptual”. “[Vamos] dar-lhe um upgrade, torná-lo mais técnico, mais gastronómico, mais interessante, tanto a nível de serviço como a nível de cozinha”, adianta. “Já mudei a carta e agora todos os meses vou colocando coisas novas e mudando”, acrescenta. Ainda este mês, o chef lançou o Ofício Supper Club, que mais não é do que uma série de jantares especiais com um menu único desenvolvido a meias com um chef estrangeiro convidado a ser servido em exclusivo no restaurante durante dois ou três dias. O espanhol Inãki Bolumburu, que ainda há pouco tempo recebeu a distinção de uma faca no The Best Chef Awards, foi o primeiro convidado. O próximo nome ainda não foi revelado, mas os jantares acontecerão algures em Maio. 

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Gabriell Vieira

Com tantas mudanças no restaurante do Chiado, está por decidir se a tarte de queijo se manterá na carta. “Essa é a pergunta-chave”, ri-se. “A verdade é que a malta já associa. Não sei se não vou fazer uma tarte mais conceptual, à Ofício”, antecipa. “Na verdade, nunca o fiz para não criar confusão. É um risco e por isso nunca avancei nessa perspectiva. Mas acho que agora nesta evolução do Ofício já vai dar para brincar. A partir do momento em que descontextualizas a coisa, já te permite brincar. Tens um quiosque para comeres a tarte normal e tens a Lota e o Ofício passa a ser um restaurante mais experimental. Se calhar faz sentido começar a colocar ali e perceber se a malta aceita, se gosta ou não”, continua, já com uma ideia. “Experimentei com o João Alves, que estava no LOCO e que tem o projeto Kin Ferments, fazer uma tarte de queijo com miso. Já testei e funcionou. Acho que poderemos começar este ano a brincar nesse sentido”, conclui.

Quanto a novas moradas para a DONA, Hugo Candeias não vê a marca a crescer de forma desmesurada. "Seria um erro transformá-la num projecto grande. Acho que a tarte é gira nestes conceitos, mais cozy. É quase romantizar a tarte", diz, admitindo, ainda assim, "lojinhas pontuais, sem desvirtuar o conceito". "Jamais."

Jardim 5 de Outubro, Praça da Estrela (Estrela). 924 053 182. Qua-Dom 10.00-18.00

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